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Dia Mundial do Judô: judoca petropolitano supera preconceito e vem se destacando nos tatames

História

Dia Mundial do Judô: judoca petropolitano supera preconceito e vem se destacando nos tatames

Neste Dia Mundial do Judô, conheça a história do Matheus, de 19 anos, que além das competições, venceu seu maior desafio ainda quando bebê

Conquistar a faixa preta e ser professor de educação física. Esses são os sonhos do judoca faixa verde, Matheus Moreira, de 19 anos, que vem se destacando no Brasil afora.

Filiado à Confederação Brasileira de Ligas de Judô, o jovem petropolitano luta contra o preconceito por ter síndrome de down fora dos tatames e, dentro, ele é a prova que vencer desafios é uma questão de força de vontade e de muito incentivo. 

Neste sábado (28), Dia Mundial do Judô, entrevistamos o Matheus, que contou um pouco da sua história de vida e de atleta para gente. 

Foto: Sou Petrópolis – arquivo pessoal

Tendo o esporte como paixão, aos 7 anos, ele chegou a participar de uma escolinha de futebol, onde presenciou o primeiro episódio de preconceito. “Eles não tocavam a bola para mim”.

Mas isso não foi motivo para que Matheus, ainda criança, desistisse. Aos 9 anos, ele começou a praticar judô e, desde então, já participou de inúmeras competições mundiais e internacionais. 

Desafio ao nascer

O diagnóstico da síndrome de Down veio após o nascimento de Matheus, o que seria para ele um desafio para toda a vida. Com dois meses de idade, foi diagnosticado pelos médicos com um problema cardíaco, uma válvula do coração que não se fechou sozinha e necessitou de uma intervenção cirúrgica.

“Essa é a minha marca, porque dei uma parte do meu coração para minha mãe”, se diverte o atleta, enquanto mostra a sutil cicatriz.

Para operar, foi necessário que Matheus completasse um ano e meio. Depois disso, foram iniciadas as sessões de fisioterapia e, após um tempo, veio a sua primeira atividade esportiva – a natação.

Interesse pelo judô

Antes do judô, o atleta também chegou a fazer aulas de futebol, esporte pelo qual é apaixonado. Ele contou que torce para o Fluminense. Mas a experiência na escolinha de futebol não foi boa. Matheus não conseguia se desenvolver por conta do preconceito por parte dos alunos. Foi neste momento que sua família, também judoca, percebeu que ele se interessava pelo judô.

Fotos: arquivo pessoal

“Eu ficava brincando e observando os meus três irmãos, que também são lutadores, treinando em casa. Tenho muitos treinadores. Mas ainda jogo futebol. Quero ser goleiro e levantar a taça”, diz o judoca, lembrando da vez que foi nas Olimpíadas de 2016, e viu, a também judoca, Rafaela Silva sendo campeã. 

Disciplina para o esporte

Com total consciência de que é um atleta, Matheus é disciplinado e rígido com o judô, o que para os seus pais – André e Valéria -, vem ajudando a formar a sua personalidade, com muita responsabilidade. Ele diz que começou a frequentar a academia para perder peso para competir.

“Eu estou malhando. Comecei no início do ano e vou três vezes na semana. Malho perna e braço. A professora me ensina a ter postura de atleta”, diz. 

“Em busca da faixa preta, treina cinco vezes por semana, inclusive aos sábados e domingos”, completa.

Estudo e carreira

Estudando em colégio público e em turma regular, Matheus está terminando o 9° ano e já pensa no futuro.

Estou me formando, que é meu sonho para poder fazer educação física. Quero ser professor para ensinar os amigos o que é o esporte e o futebol. Vou sair da escola e ir atrás dos meus sonhos”. 

Matheus é descrito pelo pai como proativo e muito independente, ajudando nas tarefas de casa e acordando e se arrumando sozinho para ir para o colégio. “Levanto primeiro que os meus irmãos. A louça do café eu que lavo”.  

Vitória nos tatames

Com o apoio da Associação Brasileira do Judô Inclusivo, Matheus já participou de vários torneios, colecionando incontáveis medalhas. Para o atleta, judô é muito mais que hobby, é estilo de vida, que vem lhe proporcionando importantes vitórias.

Em 2016, Matheus concorreu entre os 10 melhores golpes do judô no estado do Rio de Janeiro. Nesta disputa, era o único lutador com síndrome de down entre os concorrentes. Embora não tenha vencido, o fato de estar entre os finalistas foi motivo de orgulho.

Atento a tudo, Mateus diz que se concentra bastante nas lutas e nas técnicas, tanto que foi ao pódio em todas as competições que participou neste ano. Uma delas foi nos 23° Jogos Mundiais de Judô para Necessidades Especiais, na Holanda, conquistando a medalha de bronze.

Saiba mais: Judoca petropolitano conquista medalha de ouro em competição no Espírito Santo

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Formando um legado

Com um alto nível de intelecto no esporte, Matheus foi convidado para criar o “Projeto Matheus Judoca”, para os alunos da Escola Municipal Paulo Freire. O convite veio após a participação do atleta na edição deste ano no Bunka-Sai.

Fotos: arquivo pessoal

Juntamente com o seu pai, Matheus participa dando apoio. As aulas, todas as segundas-feiras, das 13h às 17h, são ministradas por um professor de judô, amigo da família e autorizado pela Secretaria de Educação. 

Questionado se ele se sente diferente das outras pessoas, Matheus diz que sim. Mas ressalta: “gosto de ser assim”, detalhando que uns podem até ter mais dificuldades ou habilidades que os outros, mas no fundo, somos todos iguais. 

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