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O que se sabe sobre possíveis casos ‘curados’ da Covid-19 em Petrópolis?

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O que se sabe sobre possíveis casos ‘curados’ da Covid-19 em Petrópolis?

(Atualizada às 15h29 do dia 22 de abril)

Os números da Covid-19 em Petrópolis crescem a cada dia e uma pergunta vem se tornando cada vez mais frequente: “e os curados?”. Entramos em contato com a Secretaria de Saúde do município, com um médico infectologista e com pessoas que enfrentaram o coronavírus em busca de respostas para esse questionamento. Confira o resultado dessa apuração.

Dois pacientes receberam alta do Hospital SMH no dia 9 de abril, emocionando toda a equipe médica.

Mas antes… Qual o critério usado para saber se uma pessoa está ‘curada’ da Covid-19?

Até o momento, o Ministério da Saúde não adotou a testagem da Covid-19 em massa e, portanto, o critério usado para identificar pacientes recuperados tem sido o clínico. Ou seja, após o período de quarentena, estipulado em 14 dias, se o paciente não apresentar mais nenhum sintoma da doença, ele é considerado recuperado.

“Existem vários critérios de cura, mas aqui no Brasil o principal deles é o critério clínico: quando a pessoa melhora depois de ser contaminada pelo coronavírus. Para os pacientes mais graves podemos associar o critério da melhora clínica ao resultado negativo no exame molecular (utilizado em alguns países em que a coisa ficou pior como Itália e EUA) ou presença de anticorpos IgG no teste rápido”, explica o médico pneumologista e infectologista José Henrique Castrioto.

Como a Secretaria de Saúde vem fazendo esse levantamento de informações?

Perguntados sobre o número de casos curados da Covid-19 em Petrópolis, a Secretaria de Saúde esclareceu que não será adotado esse termo, uma vez que não há comprovação científica de cura e já há casos comprovados de reinfecção do coronavírus no mundo. Após estabelecida essa cautela, a secretaria garante que ainda não há um número exato de casos recuperados no município, por isso não foram divulgadas informações sobre esse assunto até o momento.

Na segunda-feira (20) a Vigilância Epidemiológica de Petrópolis começou a ligar para pessoas que testaram positivo para a Covid-19 há 14 dias ou mais. Desde aquelas que estão se recuperando em isolamento domiciliar até as que estão estáveis em internações clínicas. A previsão é de que até o final de semana sejam divulgadas informações oficiais sobre os primeiros casos recuperados da doença em Petrópolis.

Com a falta de testes em massa em casos suspeitos, a Secretaria de Saúde de Petrópolis está seguindo as recomendações do Ministério da Saúde de usar o critério clínico para identificar casos de pacientes recuperados. Contudo, pessoas que foram infectadas pelo coronavírus e quiserem saber se não estão mais com a doença, podem fazer o teste novamente em laboratórios particulares, mediante pagamento.

Casos recuperados em Petrópolis

Conversamos com Luciana Villela, filha da primeira vítima por coronavírus em Petrópolis. Há um mês ela perdeu o pai e quase perdeu a mãe para a Covid-19. Os dois haviam voltado de uma viagem ao Egito com escala nos Estados Unidos. Ele levava uma vida muito saudável e não tinha nenhuma doença pré-existente, já ela tinha todos os fatores de risco e sobreviveu depois de mais de 20 dias internada no Hospital Santa Teresa.

Apesar de ainda estar fazendo acompanhamento com um pneumologista, a filha de Jaqueline Villela contou à Sou Petrópolis que a mãe fez o teste do coronavírus novamente e agora está recuperada. “Os médico disseram que depois de 14 dias seria considerado um caso de cura, só que ela acabou tendo uma infecção hospitalar, então ela ficou mais tempo no hospital. Ela pediu se poderia fazer outro teste e os médicos falaram que ela podia desde que pagasse, e foi o que ela fez. Só no quarto teste que ela fez deu negativo. Mas lembrando que o primeiro teste deu inconclusivo, o segundo deu negativo, o terceiro teste deu positivo e só o quarto deu negativo. Então, em teoria, ela está ‘curada'”.

Jaqueline e Luiz Villela, que tinha uma paixão por viagens. Villela era um economista renomado, sem doenças pré-existentes. Jaqueline se recuperou da Covid-19 após 21 dias internada. (Foto: Acervo Pessoal)

Veja também: Filha de vítima do coronavírus em Petrópolis relata: “Esse vírus não escolhe”

O mesmo aconteceu com Luciano Corrêa, que atua na área da saúde como fisioterapeuta. Ele e mais três pessoas da família foram contaminadas pelo coronavírus. Com exceção do irmão dele, Marcelo Corrêa, de 53 anos, que precisou ser internado na UTI, toda a família se recuperou em isolamento domiciliar durante 30 dias, desde o início da doença. Luciano ainda conta que chegou a fazer o teste em laboratório para confirmar se não estava mais com o vírus e, para a sua felicidade, o resultado deu negativo para a Covid-19.

Marcelo, à esquerda, ainda está internado, mas se recupera bem. E Luciano, à direita, já recuperado, acompanha e cuida do irmão. Foto Arquivo Pessoal Luciano Corrêa

Nas últimas semanas, outras três pessoas receberam alta da UTI e agora se recuperam em casa. Dois pacientes no Hospital SMH e uma senhora, de 75 anos, do HMNSE. Sem querer revelar o nome, a neta da paciente disse que a avó esteve internada por 21 dias e, segundo os médicos, ela está recuperada, embora a família tenha feito um novo exame para confirmar se ela não está mais contaminada pelo coronavírus.

Conversamos também com Daniele Bender, filha da segunda vítima por coronavírus em Petrópolis. O pai dela, de 59 anos, faleceu no dia 9 de abril no Hospital Unimed. A mãe e a irmã mais velha, que tiveram contato com José Cruz de Souza, também pegaram a doença, mas podem ser consideradas recuperadas pelo critério clínico.

Lenise de Souza, mãe de Daniele, teve pneumonia bilateral e ficou 12 dias internada. Já a irmã dela, de 33 anos, teve sintomas brandos e, portanto, foi ela quem pôde cuidar da mãe após sair do hospital e começar o tratamento em isolamento domiciliar.

Foto Arquivo Pessoal Daniele Bender

Foram identificadas, portanto, nove pessoas recuperadas da Covid-19 até o fechamento desta matéria. Mas estima-se que mais moradores de Petrópolis que pegaram o coronavírus no início da pandemia no Brasil também já estejam recuperados. Após o levantamento de informações feito pela Vigilância Epidemiológica, a perspectiva é de que esse número aumente.

Apesar dos números otimistas, o médico infectologista José Henrique Castrioto alerta que ainda não é o momento de afrouxar as medidas que vão a favor do isolamento social. Afinal, Petrópolis está com 89 casos confirmados da doença e 61 pacientes internados, sendo que 90% dos leitos de UTI do hospital referência para coronavírus, o HMNSE, já estão ocupados.

“O isolamento social é cientificamente comprovado. Estamos falando de uma doença transmissível pela tosse (quando perto de alguém) e pelo contato; uma doença que não tem tratamento ou vacina ainda e que tem matado milhares de pessoas pelo mundo. Logo, a única maneira de tentar conter esse vírus e evitar um colapso no sistema de saúde é cortando a transmissão, ou seja, o contato interpessoal. Por isso as medidas de distanciamento social são tão importantes junto da lavagem das mãos e uso de máscaras”, ele explica.

De acordo com o último boletim epidemiológico, Petrópolis tem 332 casos totais testados, 150 já negativados para a doença, 89 testados como positivos, 93 casos aguardando os resultados dos exames laboratoriais e 09 óbitos. Outros 06 óbitos estão sendo investigados pela Vigilância Epidemiológica, que aguarda o resultado dos exames.

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