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Secretaria de Saúde divulga que há 11 pessoas recuperadas da Covid-19 em Petrópolis

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Secretaria de Saúde divulga que há 11 pessoas recuperadas da Covid-19 em Petrópolis

Dados se baseiam em quantidade de pacientes que estiveram internados e em isolamento domiciliar. Levantamento vem sendo cuidadosamente realizado pela Vigilância Epidemiológica.

Buscando atender às solicitações da população e tranquilizar moradores em relação à pandemia, a prefeitura de Petrópolis, por intermédio da Secretaria de Saúde, dá início, nesta quarta-feira (22/04), à contabilização de pacientes que já apresentam melhora significativa em seus quadros de saúde. Segundo o último boletim epidemiológico, a cidade tem, até o momento, 11 pessoas recuperadas da Covid-19.

“Esse número se refere às pessoas que estiveram internadas nas unidades hospitalares da cidade ou que se mantiveram em isolamento domiciliar e que, hoje, não apresentam mais os principais sintomas da doença”, explicou em nota divulgada nas redes sociais da Prefeitura de Petrópolis.

Dois pacientes receberam alta do Hospital SMH no dia 9 de abril, emocionando toda a equipe médica.

Como a Secretaria de Saúde vem fazendo esse levantamento de informações?

Perguntados sobre o número de casos curados da Covid-19 em Petrópolis, a Secretaria de Saúde esclareceu que não será adotado esse termo, uma vez que não há comprovação científica de cura e já há casos comprovados de reinfecção do coronavírus no mundo. Após estabelecer essa cautela, na segunda-feira (20) a Vigilância Epidemiológica de Petrópolis começou a ligar para pessoas que testaram positivo para a Covid-19 há 14 dias ou mais. Desde aquelas que estão se recuperando em isolamento domiciliar até as que estão estáveis em internações clínicas. Em três dias de monitoramento, constatou-se, através do critério clínico, que 11 pessoas estão recuperadas.

“Buscamos realizar a contagem através de ligações realizadas para cada um destes pacientes. Podemos afirmar que muitos já não têm mais sintomas e conseguiram vencer a batalha contra o vírus. Outros, mesmo após alta hospitalar, ainda se encontram debilitados e em recuperação em casa. Estes não serão contabilizados como recuperados. A Vigilância Epidemiológica mantém ligações diárias a todos esses pacientes com o objetivo de filtrar cuidadosamente ao máximo as informações”, afirmou o médico infectologista, José Henrique Castrioto.

Nas ligações, as equipes da epidemiologia buscam informações sobre a presença ou ausência de sintomas e captam um breve relato sobre o estado atual de saúde dos pacientes.

“Alguns, mesmo após quase 20 dias com a doença, continuam se sentindo mal e com alguns sintomas, mesmo que fracos. Esses vão ser entrevistados novamente em uma semana para saber se já se encontram melhores. Muitas cidades vêm fazendo as contas de maneira subjetiva. Eles subtraem o número de pessoas internadas e óbitos do total de infectados. Não podemos agir desta forma pois estaríamos indo contra a transparência que pregamos diariamente. Precisamos ter a certeza de que as pessoas já se encontram realmente bem”, afirmou a Diretora do Núcleo de Epidemiologia, Elisabete Wildberger.

Qual o critério usado para saber se uma pessoa está ‘curada’ da Covid-19?

Até o momento, o Ministério da Saúde não adotou a testagem da Covid-19 em massa e, portanto, o critério usado para identificar pacientes recuperados tem sido o clínico. Ou seja, após o período de quarentena, estipulado em 14 dias, se o paciente não apresentar mais nenhum sintoma da doença, ele é considerado recuperado.

“Existem vários critérios de cura, mas aqui no Brasil o principal deles é o critério clínico: quando a pessoa melhora depois de ser contaminada pelo coronavírus. Para os pacientes mais graves podemos associar o critério da melhora clínica ao resultado negativo no exame molecular (utilizado em alguns países em que a coisa ficou pior como Itália e EUA) ou presença de anticorpos IgG no teste rápido”, explica o médico pneumologista e infectologista José Henrique Castrioto.

Casos recuperados em Petrópolis

Conversamos com Luciana Villela, filha da primeira vítima por coronavírus em Petrópolis. Há um mês ela perdeu o pai e quase perdeu a mãe para a Covid-19. Os dois haviam voltado de uma viagem ao Egito com escala nos Estados Unidos. Ele levava uma vida muito saudável e não tinha nenhuma doença pré-existente, já ela tinha todos os fatores de risco e sobreviveu depois de mais de 20 dias internada no Hospital Santa Teresa.

Apesar de ainda estar fazendo acompanhamento com um pneumologista, a filha de Jaqueline Villela contou à Sou Petrópolis que a mãe fez o teste do coronavírus novamente e agora está recuperada. “Os médico disseram que depois de 14 dias seria considerado um caso de cura, só que ela acabou tendo uma infecção hospitalar, então ela ficou mais tempo no hospital. Ela pediu se poderia fazer outro teste e os médicos falaram que ela podia desde que pagasse, e foi o que ela fez. Só no quarto teste que ela fez deu negativo. Mas lembrando que o primeiro teste deu inconclusivo, o segundo deu negativo, o terceiro teste deu positivo e só o quarto deu negativo. Então, em teoria, ela está ‘curada'”.

Jaqueline e Luiz Villela, que tinha uma paixão por viagens. Villela era um economista renomado, sem doenças pré-existentes. Jaqueline se recuperou da Covid-19 após 21 dias internada. (Foto: Acervo Pessoal)

Veja também: Filha de vítima do coronavírus em Petrópolis relata: “Esse vírus não escolhe”

O mesmo aconteceu com Luciano Corrêa, que atua na área da saúde como fisioterapeuta. Ele e mais três pessoas da família foram contaminadas pelo coronavírus. Com exceção do irmão dele, Marcelo Corrêa, de 53 anos, que precisou ser internado na UTI, toda a família se recuperou em isolamento domiciliar durante 30 dias, desde o início da doença. Luciano ainda conta que chegou a fazer o teste em laboratório para confirmar se não estava mais com o vírus e, para a sua felicidade, o resultado deu negativo para a Covid-19.

Marcelo, à esquerda, ainda está internado, mas se recupera bem. E Luciano, à direita, já recuperado, acompanha e cuida do irmão. Foto Arquivo Pessoal Luciano Corrêa

Nas últimas semanas, outras três pessoas receberam alta da UTI e agora se recuperam em casa. Dois pacientes no Hospital SMH e uma senhora, de 75 anos, do HMNSE. Sem querer revelar o nome, a neta da paciente disse que a avó esteve internada por 21 dias e, segundo os médicos, ela está recuperada, embora a família tenha feito um novo exame para confirmar se ela não está mais contaminada pelo coronavírus.

Conversamos também com Daniele Bender, filha da segunda vítima por coronavírus em Petrópolis. O pai dela, de 59 anos, faleceu no dia 9 de abril no Hospital Unimed. A mãe e a irmã mais velha, que tiveram contato com José Cruz de Souza, também pegaram a doença, mas podem ser consideradas recuperadas pelo critério clínico.

Lenise de Souza, mãe de Daniele, teve pneumonia bilateral e ficou 12 dias internada. Já a irmã dela, de 33 anos, teve sintomas brandos e, portanto, foi ela quem pôde cuidar da mãe após sair do hospital e começar o tratamento em isolamento domiciliar.

Foto Arquivo Pessoal Daniele Bender

Apesar dos números otimistas, o médico infectologista José Henrique Castrioto alerta que ainda não é o momento de afrouxar as medidas que vão a favor do isolamento social. Afinal, Petrópolis está com 101 casos confirmados da doença e 54 pacientes internados, sendo que 90% dos leitos de UTI do hospital referência para coronavírus, o HMNSE, já estão ocupados.

“O isolamento social é cientificamente comprovado. Estamos falando de uma doença transmissível pela tosse (quando perto de alguém) e pelo contato; uma doença que não tem tratamento ou vacina ainda e que tem matado milhares de pessoas pelo mundo. Logo, a única maneira de tentar conter esse vírus e evitar um colapso no sistema de saúde é cortando a transmissão, ou seja, o contato interpessoal. Por isso as medidas de distanciamento social são tão importantes junto da lavagem das mãos e uso de máscaras”, ele explica.

No mesmo dia que os números de recuperados da Covid-19 começaram a vir à tona, Petrópolis teve mais duas notificações de óbitos devido a complicações da doença.

De acordo com o último boletim epidemiológico, Petrópolis tem 350 casos totais testados, 156 já negativados para a doença, 101 testados como positivos, 93 casos aguardando os resultados dos exames laboratoriais e 09 óbitos. Outros 06 óbitos estão sendo investigados pela Vigilância Epidemiológica, que aguarda o resultado dos exames.

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