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“Estamos num período crítico”, diz infectologista sobre alto número de óbitos e exaustão dos profissionais de saúde

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“Estamos num período crítico”, diz infectologista sobre alto número de óbitos e exaustão dos profissionais de saúde

Abril de 2021 já bateu recorde de mortes desde o início da pandemia, com 208 vítimas da doença até agora e outros 44 exames de óbitos em análise.

Esta semana o mês de abril bateu recorde de óbitos por Covid-19 desde o início da pandemia: 208 vítimas em 27 dias em Petrópolis. Para o médico infectologista, Dr. Marco Liserre, não tem como ver esse cenário com indiferença e otimismo sem que a população e o poder público assumam a responsabilidade da situação, que na visão do especialista é “crítica”.

“As UTIs continuam cheias, e os quadros, certamente, provocados pelas variantes estão mais graves. Muita gente está sendo contaminada e, por falta de informação, continua trabalhando com hipóxia (ausência de oxigênio suficiente nos tecidos) silenciosa. Quando chegam para internar já estão muito graves”, explica.

Médico infectologista da Unimed Petrópolis, Dr. Marco Liserre

Exaustão dos profissionais de Saúde

Há mais de um ano trabalhando na luta contra a Covid-19, os profissionais de saúde também estão sentindo a exaustão — física e emocional — da pandemia. Somado a isso, a falta de médicos para preencher a escala de atendimentos nas unidades de saúde do SUS também é uma realidade, exigindo mais ainda dos profissionais que estão atuando na linha de frente.

“Estamos num período crítico. Os profissionais de saúde estão exaustos e a população continua com o negacionismo e desrespeitando os preceitos básicos”, diz o Dr. Marco Liserre.

Na opinião do especialista, não adianta medidas mais rígidas só nos municípios se elas também não são aplicadas a nível estadual e federal.

“Se não houver um plano nacional de controle da pandemia, com medidas enérgicas, compactuando governo federal, estadual e municipal, não vejo nenhuma  perspectiva de melhora. A pandemia em Petrópolis teve uma pequena melhora após as medidas da prefeitura, mas uma medida regional não vai resolver um problema sistêmico. Temos um presidente que estimula aglomerações, o não uso de máscara, sem campanhas nacionais e um plano de imunização fraco. Não vejo nossa situação com otimismo”, finaliza.

Pesquisadores alertam que momento ainda não é de relaxar

Fazendo um recorte dos últimos 15 dias em Petrópolis, o número de internações em UTIs da Covid-19 diminuiu, mas o número de óbitos cresce em ritmo acelerado. De acordo com o último boletim epidemiológico, a taxa de ocupação nas UTIs dos SUS é de 74,79% — número 15% menor do que há 15 dias. Em compensação, abril já disparou como o mês mais letal desde o início da pandemia, com 208 vítimas do novo coronavírus até agora. Segundo o painel de monitoramento da doença, a tendência é que esse número seja ainda maior, pois 44 exames de óbitos com suspeita de Covid-19 ainda estão em análise.

De acordo com uma publicação da Agência Fiocruz, o quadro atual pode representar uma desaceleração da pandemia, com a formação de um novo patamar, como o ocorrido em meados de 2020, porém com números muito mais elevados de casos graves e óbitos, que revelam a intensa circulação do vírus no país. “Esse conjunto de indicadores, que vêm sendo monitorados pelo Observatório Covid-19 Fiocruz, mostram que a pandemia pode permanecer em níveis críticos ao longo nas próximas semanas”.

Confira o boletim da Covid-19 de quarta-feira (28/04):

O último boletim epidemiológico mostra que Petrópolis fez, até agora, 147.071 testes para Covid-19, com 31.415 resultados positivos e 110.578 negativos (levando em consideração testes rápidos e Swab).

Neste momento, 148 pessoas estão internadas em leitos de UTI privados e pelo SUS, e outras 176 estão em leitos clínicos, totalizando 324 internações em toda a rede da cidade. A ocupação de leitos clínicos pelo SUS é de 71,54% e 74,79% em leitos de UTI.

Foto Divulgação PMP

Nesta quarta-feira (28), a Secretaria de Saúde inseriu mais 22 óbitos na base de dados do painel de monitoramento da Covid-19 do município. Com isso, desde o início da pandemia, já foram registradas 955 mortes em Petrópolis.

Veja o perfil das 22 vítimas da Covid-19 confirmadas nesta quarta-feira (28):

  1. Homem, 53 anos, morador no Morin. Internado em 19.03.2021 na UPA Cascatinha e transferido para o HNSA. Óbito registrado em 08.04.2021 no HNSA. Paciente com obesidade e hipertensão arterial.
  2. Homem, 38 anos, morador no Quarteirão Ingelhein. Internado em 12.04.2021 na UPA Cascatinha e transferido para o HNSA. Óbito registrado em 17.04.2021. Paciente com hipertensão arterial e obesidade.
  3. Homem, 91 anos, morador no Siméria. Internado em 16.04.2021 no Hispital Unimed. Óbito registrado em 17.04.2021 no Hospital Unimed. Paciente com hipotireoidismo e diabete.
  4. Mulher, 71 anos moradora na Posse. Internada em 09.04.2021 na UPA Cascatinha e transferida para o HNSA. Óbito registrado em 18.04.2021 no HNSA. Paciente com hipertensão arterial e diabete.
  5. Mulher, 88 anos, moradora no Centro. Internada em 08.04.2021 na UPA Cascatinha e transferida para o HMNSE. Óbito registrado em 18.04.2021. Paciente com hipertensão arterial.
  6. Mulher, 71 anos, moradora no São Sebastião. Internado em 14.04.2021 no Hospital Unimed. Óbito registrado em 20.04.2021, no Hospital Unimed. Paciente com diabete.
  7. Homem, 77 anos, morador no Quitandinha. Internado em 07.04.2021 no SMH. Óbito registrado em 21.04.2021, no SMH. Paciente com hipertensão arterial e arritmia cardíaca.
  8. Mulher, 82 anos, moradora no Alcobacinha. Internada em 14.04.2021 no HAC e transferida para o HNSA. Óbito registrado em 22.04.2021 no HNSA. Paciente com cardiopatia e hipertensão arterial.
  9. Mulher, 64 anos, moradora no Bingen. Internada em 29.03.2021 no Hospital Unimed. Óbito registrado em 22.04.2021 no Hospital Unimed. Paciente com hipertensão arterial.
  10. Homem, 72 anos, morador no Valparaíso. Internado em 14.04.2021 na UPA Cascatinha e transferido para o HMNSE. Óbito registrado em 23.04.2021 no HMNSE. Paciente com hipertensão arterial.
  11. Homem, 83 anos, morador no Morin. Internado em 06.04.2021 no Hospital Unimed. Óbito registrado em 23.04.2021 no Hospital Unimed. Paciente com doença pulmonar obstrutiva crônica.
  12. Mulher, 41 anos, moradora na Estrada da Saudade. Internada em 16.04.2021 no HMNSE. Óbito registrado em 24.04.2021 no HMNSE. Paciente com obesidade.
  13. Mulher, 72 anos, moradora na Mosela. Internada em 24.04.2021 no HMNSE. Óbito registrado em 24.04.2021 no HMNSE. Paciente com hipertensão arterial e diabetes.
  14. Mulher, 74 anos, moradora no São Sebastião. Internada em 22.04.2021 no PSLS e transferida para o HMNSE. Óbito registrado em 24.04.2021 no HMNSE. Paciente com hipertensão arterial e diabete.
  15. Homem, 74 anos, morador em Bonsucesso. Internado em 12.04.2021 no SMH. Óbito registrado em 24.04.2021 no SMH. Paciente com hipertensão arterial.
  16. Homem, 79 anos, morador em Cascatinha. Internado em 29.03.2021 no Hospital Unimed. Óbito registrado em 24.04.2021 no Hospital Unimed. Paciente com doença cardiovascular crônica.
  17. Mulher, 93 anos, moradora na Castelânea. Internada em 20.04.2021 no Hospital Unimed. Óbito registrado em 24.04.2021 no Hospital Unimed. Paciente com diabete.
  18. Homem, 74 anos, morador no São Sebastião. Internado em 15.04.2021 no Hospital Unimed. Óbito registrado em 24.04.2021 no Hospital Unimed. Paciente com doença cardiovascular crônica.
  19. Homem, 76 anos, morador no Morin. Internado em 06.04.2021 no HMNSE. Óbito registrado em 25.04.2021 no HMNSE. Paciente sem comorbidades.
  20. Mulher, 64 anos, moradora no Itamarati. Internado em 10.04.2021 na UPA Cascatinha e transferida para o HNSA. Óbito registrado em 25.04.2021 no HNSA. Paciente com diabete e hipertensão arterial.
  21. Mulher, 88 anos, moradora no Centro. Internada em 11.04.2021 no Hospital Unimed. Óbito registrado em 26.04.2021 no Hospital Unimed. Paciente com hipertensão arterial.
  22. Mulher, 73 anos, moradora em Corrêas. Internada em 01.04.2021 na UPA Centro e transferida para o HAC. Óbito registrado em 27.04.2021 no HAC. Paciente com diabetes, doença renal crônica e doença cardiovascular crônica.

As 22 mortes registradas no sistema da Secretaria de Saúde nesta quarta-feira (28) são referentes a um período de 20 dias: de 08 de abril a 27 de abril. E só ontem foram inseridas na base estatística do município, após o recebimento dos atestados de óbitos e resultados de exames com diagnóstico positivo.

A Secretaria de Saúde esclarece que o número de mortes é atualizado nos boletins apenas após o registro do atestado de óbito e do resultado do exame do paciente no sistema da Vigilância Epidemiológica. “Trata-se de uma medida de segurança para evitar erro na informação divulgada pela Secretaria de Saúde”, explica a SMS.

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