Conheça Leticia Laranja, a atriz petropolitana que vem fazendo sucesso na novela ‘Terra e Paixão’

A novela Terra e Paixão, da TV Globo, se encaminha para os últimos meses de exibição, com previsão para chegar ao fim em janeiro de 2024. Com grandes nomes da dramaturgia brasileira, a trama também tem a petropolitana Letícia Laranja, de 27 anos, que dá vida a personagem Flor. 

Fotos: reprodução instagram @leticialaranja

Nascida e criada em Petrópolis, Leticia viveu na cidade até os 17 anos, quando se mudou para o Rio de Janeiro para cursar a faculdade de Artes Cênicas.

Desde criança buscou na arte uma maneira de se expressar, já que se sentia tímida e diferente das outras pessoas. Já na adolescência, o sonho de fazer curso de teatro com Monah Delacy, foi também uns dos motivos que a levou a jovem a se mudar para ir em busca dos seus sonhos. 

Acompanhe a entrevista.

Como foi a sua infância em Petrópolis?

LL: Minha infância foi muito tranquila. Sempre morei próximo do Centro. Hoje, quando estou em Petrópolis, fico na casa dos meus pais, no Valparaíso. Estudei no Colégio Aplicação, que incentivava muito a arte. Tinha aula de música e participei do coral da escola, dos 7 até 17 anos, quando eu me formei. Eu era uma criança tímida e considerada grande para minha idade. Tinha o cabelo cacheado, que na época fazia de tudo para alisar, e usava óculos. Me sentia um pouco excluída. 

Apesar de muito nova, como você lidava com essas características que a faziam sentir “excluída” das outras crianças?

LL: Tive uma infância muito feliz, mas ao mesmo tempo, sempre com esses traços de um pouco de dificuldade de me entender, de me colocar no mundo. E isso fez total diferença na formação da pessoa que me tornei e, principalmente, em relação à arte. Desde criança, busquei escrever, cantar e dançar, para poder expressar as coisas que eu não conseguia falar para alguém. Tenho até hoje diários com poesias que escrevia.

Como era a Leticia na adolescência?

LL: Eu estudava bastante também. Tinha aula de amanhã e à tarde, depois eu ia para o ensaio do coral. Gostava muito de sair com as minhas amigas. Comecei indo nas matinês do Clube Petropolitano e nas festas que tinham no Savana e em Itaipava. Frequentava as festas LGBT. Adorava, mas por uma questão de não ser incomodada pelos homens. O assédio era tratado como normal e lá me sentia à vontade para dançar e me divertir.

Quando soube que queria ser atriz?

LL: Eu sempre quis ser atriz. Eu não lembro de querer ser outra coisa. Sempre gostei de novelas, assistia várias e ficava reproduzindo as cenas. Entrei no curso de teatro, Arte na Avenida, que existe até hoje, que foi onde eu também dei aula de teatro. Anos depois que eu me formei na faculdade. E quando eu comecei a fazer esse curso, para mim foi uma grande felicidade, porque queria muito fazer com a Monah Delacy, mãe da atriz Christiane Torloni. Mas o curso dela só aceitava a partir dos 16 anos, e quando completei, o curso fechou. Foi frustrante, mas entrei no curso da Fátima Coutinho, e foi muito maravilhoso. Me encontrei muito bem nessa ideia de ser atriz, apesar de parecer uma coisa muito distante. 

Fotos: reprodução instagram @leticialaranja

Você teve alguma inspiração para querer seguir na carreira?

LL: Tenho umas particularidades quanto a essa questão. Eu gostava muito de ficar sozinha. Sentava nos bancos da Rua 16 de Março para ficar ouvindo as conversas das pessoas. Fui e sou muito interessada pela vida e pelas pessoas. Isso pra mim tem muito a ver com a minha criatividade e com a minha capacidade de ter empatia e fazer disso um material para o meu trabalho. Eu estudo muito pra ser atriz, pra ser cada vez melhor. E eu acho que também tem a ver com a minha mãe e com o meu pai, com a criação que tive. Eles são muito simples e ao mesmo tempo muito sensíveis, muito humanos, assim, sempre me fizeram refletir muito sobre as pessoas, sobre as diferenças, então acho que tem tudo a ver.

Você citou a educação proporcionada pelos seus pais como inspiração para sua carreira. Quando resolveu que era isso que queria, eles te apoiaram?

LL: Minha família sempre me apoiou. Essa coisa dos pais não apoiarem a carreira que os filhos escolhem era uma coisa que eu sabia que existia, fui descobri na faculdade quando vi muitos amigos reclamando da falta de apoio dos pais. Eles não tinham condições financeiras para me ajudar, mas tive eles ao meu lado para realizar meu sonho.

Em Petrópolis, você foi muito envolvida com arte. Em qual momento percebeu que deveria mudar-se da cidade para conseguir ingressar na carreira?

LL: Sempre foi um desejo muito grande ir para o Rio de Janeiro, porque em Petrópolis as perspectivas artísticas são bem mais limitadas. Quando resolvi fazer Artes Cênicas foi um momento de muita dificuldade financeira que a minha família estava passando.  Pensei em não ir, mas meu sonho era maior. Me formei com 17 anos e me mudei. Fiz a faculdade com o financiamento estudantil. A tia de uma grande amiga me recebeu na casa dela. Inclusive, muita gratidão, porque ela me ajudou em muitos momentos. Enfim, vim realmente com muita vontade e sempre acreditando nos meus sonhos.

A personagem Flor é o seu primeiro papel como atriz?

Meu primeiro trabalho como atriz foi na faculdade. Comecei fazendo várias peças. A faculdade de Artes Cênicas é muito ativa. Tive um grupo de teatro que foi uma experiência muito linda e difícil ao mesmo tempo. Foi o meu primeiro trabalho com companhia artística. No audiovisual foi no elenco de apoio, no ano passado, de uma série da Globoplay. Mas em paralelo à carreira de atriz, trabalhei dando  aula de teatro  para adultos e adolescentes, cantava profissionalmente em barzinho, fui vendedora, garçonete, secretária, já fiz pesquisa de mercado e broadcaster.

Fotos: divulgação

Como você avalia os seus testes para os papéis que conquistou?

LL: Com 17 anos, eu comecei a fazer teste e bati na trave milhões de vezes. Participei de vários processos seletivos, e sempre quase, mas nunca ia. Nossa vida artista é assim,  são muitas tentativas até chegar o momento certo. É preciso ter maturidade e força de vontade para não se frustrar. Acredito que, se aconteceu agora, porque tinha que ser agora, apesar de eu já estar tentando há uns 10 anos.

A Flor tem uma história de superação na novela. Como a personagem está sendo aceita pelo público?

LL: A Flora tem uma representatividade. Ela é uma garota de programa,  que tem uma filha, que quer estudar e  trabalhar, que quer melhorar de vida. E eu tenho mais noção disso quando eu estou na rua e as pessoas falam comigo sobre ela, sobre a importância do enredo. Acho lindo ter esse retorno, porque às vezes a gente que está dentro não tem ideia da dimensão, ainda mais que é a minha primeira novela, ainda é um pouco difícil para eu entender que são milhares de pessoas assistindo. Exercer esse ofício é muito lindo para um ator, é uma realização muito grande. Me sinto realizada. E contracenar com atores renomados também. Encaro como um bom momento profissional pra mim, de expansão.

Foto: divulgação

A novela tem previsão para acabar no início do ano de 2024. Já tem algum outro trabalho planejado?

LL: Fazendo a novela está sendo uma experiência muito linda, que mudou literalmente a minha vida, mudou tudo. É muito aprendizado. E sobre o próximo projeto, ainda não tenho, mas como tudo na minha vida, eu sei que acontece, vai acontecer. Eu ainda estou com a minha agenda bastante comprometida por conta da novela. A novela é muito grande, acaba só no ano que vem. Mas sei também que eu estou num lugar onde é uma grande vitrine. Então, eu espero, assim, que eu esteja sendo vista e que tenham pessoas interessadas pelo meu trabalho. Eu acredito que sim. Então, em breve a gente já vai saber qual vai ser a minha próxima personagem.

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