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A pandemia sob os olhos de quem trabalha nas ruas de Petrópolis como gari

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A pandemia sob os olhos de quem trabalha nas ruas de Petrópolis como gari

Heróis que usam verde e branco

No lugar do jaleco, o uniforme. Nas mãos, ao invés da tesoura e do bisturi, a vassoura. Quando todos foram orientados a permanecer em casa, os garis estiveram nas ruas. Na linha de frente e em constante contato com o lixo domiciliar – às vezes de pessoas que testaram positivo para a Covid-19, eles mantém as engrenagens da cidade em funcionamento, independente do cenário. Hoje (16/05), no Dia do Gari, saiba como tem sido a pandemia sob os olhos deles.

Nas imagens, Penha de Fátima Teixeira de Almeida e Ilca Xavier da Silva. Fotos: Divulgação

Foi o caso de Ilca Xavier da Silva, de 40 anos. Mãe de dois jovens de 22 e 18 anos, Ilca relata as incertezas trazidas pela ocupação. Onde, além de tomar todos os cuidados de prevenção necessários, é preciso “botar a mão pro céu e pedir a Deus para tomar conta”, os riscos são eminentes e diários. Nas ruas desde o início da pandemia, a sensação é a de trabalhar como um para-raios.

“Não paramos e nem tem como. Tem sido muito difícil porque muitos não respeitam. A gente, querendo ou não, tem que recolher o lixo. E não tem divisão daqueles contaminados. Medo a gente tem. A gente sai para trabalhar e não vem anotado na testa quem está com a Covid-19, então é complicado”. Mãe de uma jovem com anemia falciforme, Ilca fala, ainda, sobre o receio que é voltar do trabalho e levar a doença para dentro de casa.

“É um risco enorme para a minha filha, que tem a imunidade baixa. Só a máscara e o álcool não dão vazão. A gente acha injusto não estarmos na lista para receber a vacina com prioridade. Se a gente é essencial, a gente deveria estar na mesma listagem dos enfermeiros e médicos que estão na linha de frente”, aponta. Também gari é a petropolitana Penha de Fátima Teixeira de Almeida, de 53 anos.

Para ela, assim como para Ilca, apesar do crescente número de contaminados e mortos em decorrência da doença, a impressão que se tem nas ruas é a de que a população ainda não se conscientizou de forma devida. Seja pelo desrespeito às medidas de isolamento social ou pela não utilização da máscara, são pequenos gestos que agravam uma situação já grave e difícil para quem precisa lidar com ela frente a frente numa base diária.

“Desde quando começou a pandemia eu não parei em nenhum momento. Por um lado, no começo, era até melhor. Tinham poucas pessoas no ônibus e as ruas estavam mais vazias. Peço muito para que haja vacina para todos. E eu creio que, apesar de tudo, para voltar ao normal ainda vai demorar muito. Tem muitas pessoas que ainda não se conscientizaram”, explica.

Durante semana atuante nas ruas e, aos fins de semana, varrendo a feira, Ilca diz que, apesar de todos os pesares, ama e tem orgulho do que faz. Tendo trabalhado por anos a fio em casas de família, ela conta que desde 2006, quando se tornou gari, se considera uma pessoa realizada. “Sempre foi meu sonho trabalhar varrendo rua em lugar aberto. Trabalhei por muitos anos em lugar fechado, então meu sonho era trabalhar na rua, conhecendo pessoas”.

Bem que dizem que nem todo herói usa capa. Além daqueles de jaleco e macacão azul que ocupam os hospitais, nas ruas de Petrópolis quem zela pela segurança são eles: heróis que usam verde e branco.

Confira, abaixo, algumas orientações das Secretarias de Saúde sobre como fazer o descarte correto de lixo em tempos de pandemia:

– Deposite os resíduos em dois sacos resistentes e bem fechados. É importante que eles sejam preenchidos com até dois terços da capacidade para evitar possíveis vazamentos;

– No caso de famílias em que alguém foi infectado, demarque o lixo – que deve ser exclusivo do contaminado – com algum material vermelho para alertar o profissional que for fazer a coleta;

– Ainda no caso de infectados na família, é importante que o lixo seja retirado e lacrado por outra pessoa não infectada. Devem ser higienizados os pontos de contato, como alças e tampas de lixeiras;

– No caso de máscaras descartáveis, coloque-a primeiro em uma embalagem para, então, depositá-la no lixo. Também é recomendado que os sacos sejam colocados do lado de fora somente nos dias em que é feita a coleta;

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