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Os desafios e inseguranças da pandemia sob os olhos de uma funcionária do Hospital Santa Teresa

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Os desafios e inseguranças da pandemia sob os olhos de uma funcionária do Hospital Santa Teresa

Auxiliar de serviços gerais da UTI do HST conta sobre rotina dentro do hospital em meio aos efeitos da Covid-19: “Ver muitas pessoas morrendo assusta”.

Pelos corredores dos hospitais, nos leitos, na área administrativa… Eles estão presentes por toda a parte dentro das unidades de saúde em todo o mundo e nesse período de pandemia o trabalho se tornou ainda mais essencial. São os profissionais de serviços gerais que trabalham duro todos os dias para deixar o ambiente limpo e livre do vírus impedindo que outras pessoas sejam infectadas pelo novo coronavírus, inclusive eles mesmos.

Foto Divulgação

Há um ano, Andréa Loyola, de 48 anos, atua no setor de limpeza dentro da Unidade de Terapia Intensiva (UTI) do Hospital Santa Teresa. Em entrevista à Sou Petrópolis, ela conta um pouco do que tem presenciado nesse período.

“Ver muitas pessoas morrendo assusta. É muito difícil. Os cuidados que temos no nosso dia a dia são muito maiores por trabalharmos em hospital, mas fora do hospital, as pessoas não se dão conta de que pequenos detalhes fazem a diferença para evitar a contaminação”, alerta.

Andréa disse que se protege ao máximo usando os equipamentos de proteção individual dentro e fora do hospital. “Meu maior medo sempre foi levar a doença para dentro da minha casa”, conta ela que não contraiu o vírus e foi vacinada contra a covid-19 neste ano.

E não é um trabalho automático, onde os profissionais atuam na limpeza sem se dar conta do que ocorre em volta. Pelo contrário, Andréa também relata a dor de presenciar o luto das famílias.“Estamos vivendo um momento único e muito doloroso. Quando comecei a atuar, não pensava que seria tão grave”, diz.

Ela lembra do primeiro casal que chegou com suspeita de covid-19 ao hospital. Para ela, foi um momento marcante, quando ainda se sabia pouco sobre a doença.

“O casal ficou no corredor onde eu trabalho. Depois de 18 dias de internação, ele morreu. Foi quando caiu a minha ficha da gravidade da doença. Depois disso, os pacientes não pararam de chegar. Presenciamos choros doídos. Participamos da história das pessoas. São momentos muito difíceis. São muitas pessoas em sofrimento. Precisamos levar um pouco de leveza para o trabalho para suportar tanta dor e não levar essa tristeza com a gente”, relata.

Ao mesmo tempo em que lida com a dor dos outros também tem o sofrimento da vida pessoal que não deu trégua durante a pandemia. A auxiliar de serviços gerais perdeu a netinha com 40 dias de vida depois de uma broncoaspiração, e agora cuida da mãe, que está internada. Para Andréa, o trabalho acaba ajudando a superar as dores particulares.

Ao todo, o Hospital Santa Teresa conta com 100 colaboradores terceirizados atuando na limpeza. Segundo a unidade, toda a equipe foi vacinada, com poucas exceções (os remanescentes estavam cumprindo prazo de contaminação por Covid ou atuavam em setores administrativos).

O hospital disse que a vacinação da equipe da limpeza seguiu a orientação da epidemiologia do município, iniciando a primeira etapa quando foram priorizados os profissionais que atuavam na linha de frente de combate à covid-19.

“Nossa equipe é responsável por garantir um ambiente limpo e seguro para que todos possam atuar. Todos são essenciais na rotina do hospital”, conclui Denise Garcia, coordenadora administrativa do HST.

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