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A história da Rua Teresa: como uma via de trem se transformou em um shopping a céu aberto?

História

A história da Rua Teresa: como uma via de trem se transformou em um shopping a céu aberto?

Descubra a resposta para essa pergunta conhecendo 7 curiosidades sobre a Rua Teresa.

*Atualizada às 17h50 do dia 14 de agosto de 2024

Se a Rua Teresa pudesse falar, não faltariam histórias nem impressões de tudo o que ela já viu passar. Entre tantas transformações, o chão de terra virou asfalto e o barulho característico dos bondes e trens foram substituídos por carros e milhares de pessoas falando. Hoje, considerada um shopping de dois quilômetros a céu aberto, a Rua Teresa é o principal polo de moda da Região Serrana, tendo papel fundamental na história e na economia de Petrópolis.

Foto: Henry Kappaun

Pensando em toda a sua relevância para a cidade, reunimos aqui 7 fatos e curiosidades que resumem a história e as transformações da Rua Teresa. Confira!

1. Única via de acesso a Petrópolis

No século XIX, o acesso à Fazenda do Córrego Seco, onde hoje é primeiro distrito de Petrópolis, se dava pela Estrada Normal da Estrela, na Serra da Estrela, o que corresponde ao bairro Alto da Serra e arredores. O quarteirão que dava acesso à Serra da Estrela foi denominado Vila Teresa. Ou seja, desde a fundação de Petrópolis até a inauguração da Rodovia Washington Luiz, em 1928, a única forma de se chegar ao Centro de Petrópolis, vindo do Rio de Janeiro, era através da atual Rua Teresa.

Bonde da Linha Alto da Serra. Colecäo José Kopke Fróes. Foto: Museu Imperial/Ibram/Ministério da Cidadania.

2. Primeira via a receber tráfego de veículos em Petrópolis

A via da Rua Teresa foi a primeira a receber veículos como os de tração animal, os bondes, trens e também os automóveis, tendo servido por quase cem anos como acesso ao centro da cidade. Sua importância inicial estava em servir de acesso não só à Petrópolis como a Minas Gerais, num primeiro momento por veículos de tração animal e a cavalo. Posteriormente, a partir de 1883, a via férrea chega à Vila Teresa, conforme mostra a imagem abaixo.

Foto: pomineanatureza.blogspot.com.br/

3. Vila residencial

Segundo o artigo “Uma História Para Teresa”, escrito pelo historiador Joaquim Eloy: “A arquitetura residencial e comercial implantada na Rua Teresa, no decorrer de 100 anos desde a fundação do povoado, foi eclética, misturando-se as casas de um pavimento, com varandas, lambrequins e outros ornatos aos complexos industriais montados sob o modelo europeu, predominante, também, no restante da cidade. Margeando toda a extensão da rua, as casas, ora têm jardins fronteiros, ora se apresentam, com portas e janelas diretas junto aos meios-fios. Nessas construções, propositadamente ou por necessidade, alinhava-se o comércio à residência. Estas por detrás de muros e grades de ferro e madeira, com portões estreitos, em tempos de nenhuma necessidade de garagens”.

A Rua Teresa com algumas casas na época em que por ali trafegavam diligências que vinham da Raiz da Serra. Notam-se, no meio da rua, um homem com bicicleta, outro com carrinho de mão e, ao longe, uma carroça. Foto: Coleção José Kopke Fróes. Museu Imperial/Ibram/Ministério da Cidadania.

4. Vocação para o setor têxtil e comercial

A Vila Teresa não era apenas uma rua residencial, como também era o ponto de recepção de viajantes, além de cortejo à família do Imperador. Era um lugar de muito movimento e atividades comerciais. Com a instalação das oficinas da “Leopoldina Railway” (hoje, o grande complexo habitacional  BNH) e com a facilidade de transporte de matérias-primas através dos trens, as indústrias chegaram a Petrópolis: primeiro a “Dona Isabel”, em 1889 e, em seguida, a “Cometa”, em 1903.

Reprodução fotográfica mostrando o pátio de trens para carga, descarga e manutenção das máquinas no bairro Alto da Serra. Vê-se, à esquerda, no alto, a Igreja de Santo Antônio. Foto: Coleção José Kopke Fróes. Museu Imperial/Ibram/Ministério da Cidadania.

Somente no século XX é que a Rua Teresa começa a ter relação direta com a indústria têxtil de Petrópolis. A força das malharias nesta rua aumentou na década 70, quando as grandes fábricas foram à falência e os ex-operários montaram suas confecções na Rua Teresa e proximidades. Sendo assim, as indústrias em Petrópolis, que já enfrentavam problemas de crescimento devido ao próprio relevo da cidade, cedem espaço para a pequena produção têxtil, que passa a ser feita nos quintais das residências de antigos operários. Com a finalidade de sobreviver através de seus ofícios, eles deixam de ser proletários em grandes fábricas e passam a ter domínio sobre seus pequenos meios de produção, de maneira a garantir suas rendas mensais.

5. As transformações

O “ruço” (ou neblina), marca registrada da rua Teresa e de seu Alto, não se misturavam mais à fumaça das locomotivas nem às chaminés das fábricas. Os trilhos dos trens deram lugar ao asfalto, onde começaram a passar automóveis, turistas, compradores de diversos locais do país, que muitas vezes só iam a Petrópolis para visitar a Rua Teresa, além dos revendedores que compravam produtos por atacado.

6. Por que Teresa?

O nome da rua é uma homenagem à Imperatriz Teresa Cristina, discreta esposa do Imperador Dom Pedro II, que, enquanto isso, ganhava a honra da denominação geral do povoado.

D. Pedro II e sua família no Palácio de Petrópolis / Fonte: Arquivo Público

7. Importância social e econômica no cenário atual

Não só a história da Rua Teresa impressiona, seus números também explicam a importância que ela tem para Petrópolis. Na Rua Teresa são gerados cerca de 30 mil empregos diretos e indiretos, segundo estimativa dos empresários. De acordo com dados do CNAE (Classificação Nacional de Atividades Econômicas), o PIB dessa região representa aproximadamente 1/4 do PIB do município, além disso, ela contém mais de mil estabelecimentos ativos em diversos segmentos. Por fim, o local é o segundo com maior incidência de atividades econômicas – o primeiro é o Centro Histórico com aproximadamente 1200 estabelecimentos ativos.

Foto Arquivos Sou Petrópolis

Apesar das transformações ocorridas ao longo de décadas, a Vila que virou Rua Teresa continua atraindo milhares de turistas e petropolitanos todos os anos e tem papel fundamental na economia e na construção da história de Petrópolis.

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