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Mesmo com ônibus lotados e condições ruins, passageiros começam a pagar mais caro na passagem em Petrópolis

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Mesmo com ônibus lotados e condições ruins, passageiros começam a pagar mais caro na passagem em Petrópolis

Tarifa passou de R$ 4,40 para R$ 4,95

Ônibus lotados, sucateados, frota reduzida, atrasos e quebras. Essas são as principais reclamações de passageiros do transporte público em Petrópolis. Mesmo nessa situação, a passagem ficou mais cara desde domingo (22), passando de R$ 4,40 para R$ 4,95.

Foto: Arquivo Sou Petrópolis

O aumento da passagem foi autorizado na semana passada pelo Conselho Municipal de Trânsito de Petrópolis (Comutran). As empresas de ônibus justificam queda na demanda de passageiros, aumento com custos de óleo diesel, pneus, salário dos rodoviários e benefícios dos colaboradores.

Além disso, alegam que o reajuste segue as legislações e contratos, que estabelecem que toda e qualquer tarifa de prestação de serviço público deve ser ajustada anualmente e que, apesar disso, em Petrópolis não ocorre aumento da passagem há dois anos e oito meses.

“Valor fora do normal pela prestação do serviço e pelas péssimas condições dos ônibus. No outro dia me deu pena do trocador. A porta dianteira estava quebrada, toda vez que parava no ponto ele saía para empurrar a porta e voltava para receber a passagem. Acaba sendo desgastante até para eles trabalhar nessas condições”, conta a jornalista Elaine Vieira.

Elaine faz o trajeto entre a Estrada da Saudade e Itaipava diariamente. Para ir, leva, em média, uma hora. E a volta chega até 1h30 dependendo do trânsito. “Trabalhar não cansa, mas esse trajeto sim”, diz a jornalista.

Moradora do Quitandinha, a animadora de desenhos Padhyma Nathercya também enfrenta uma situação parecida. Aos sábados, quando tem que ir para Itaipava, ela conta que sai de casa com duas horas de antecedência. “Isso para poder chegar em Itaipava na hora”, afirma.

Padhyma diz que quando dá prefere andar a pé porque, segundo ela, não está valendo a pena esperar o ônibus “Acho ruim o serviço prestado pelo transporte público na cidade, pois os ônibus demoram, e quando chegam, estão cheios. Já teve dia que esperei 1h pelo ônibus para fazer o trajeto Quitandinha x Bingen. Eles cobram um valor absurdo para entregar um serviço ruim”, desabafa.

CPTrans pede retorno de 100% da frota

Nesta segunda-feira (23), a Companhia Petropolitana de Trânsito e Transportes (CPTrans) informou que encaminhou ofício à Justiça (4ª Vara Cível de Petrópolis) requerendo o retorno imediato de 100% da frota de ônibus do sistema municipal de transporte público coletivo. A solicitação, segundo o município, tem o apoio do Ministério Público estadual (MPRJ), que já se posicionou em juízo de forma semelhante.

“A população não aguenta mais sofrer com os poucos horários de ônibus disponíveis. Andamos pelas ruas, e é isso o que ouvimos das pessoas. Então, tudo o que estiver ao nosso alcance para garantir a volta de 100% da frota dos ônibus, nós vamos fazer”, disse o prefeito Rubens Bomtempo.

“A pandemia diminuiu, todas as atividades econômicas foram retomadas, as aulas voltaram. Então não há justificativa para o sistema de transporte público da cidade não operar com 100% da frota. Fora isso, a cláusula que previa a redução da frota já não está valendo. Então, a Prefeitura está também recorrendo à Justiça para garantir que a população possa contar com o sistema funcionando em sua plenitude”, disse o diretor-presidente da CPTrans, Jamil Sabrá.

Mobilidade urbana

Questionado sobre os atrasos, o Sindicato das Empresas de Transportes Rodoviários de Petrópolis (Setranspetro) informou que a falta de mobilidade urbana é amplamente discutida há anos pelas empresas de ônibus em Petrópolis, sendo o principal fator que compromete os horários programados para a realização das viagens de ônibus, prejudicando o atendimento à população.

“Com mais de 186 mil veículos em circulação no município, o desafio aumentou após a tragédia, com vias obstruídas, sinalização inadequada, estacionamentos irregulares nos principais corredores e áreas de manobra, além do trânsito caótico”, disse o Setranspetro por meio de nota.

O Sindicato acrescentou que a ocupação dos coletivos e a falta de ônibus são sensações provocadas pelos engarrafamentos quilométricos e impedem a chegada dos ônibus aos pontos, mesmo com a operação das linhas 100 – Rodoviária Bingen e 700 – Terminal Itaipava com 100% da frota em circulação, com reforço nos horários de pico, que ficam por muitos minutos completamente parados no trânsito.

“Nos pontos de ônibus, os passageiros preferem embarcar nos coletivos que estão cheios, do que esperar o próximo, em razão da demora da chegada de um outro coletivo, provocada pela lentidão no trânsito. A operação dos ônibus em Petrópolis está dependendo muito mais do trânsito, do que da distância”, explica.

Engarrafamentos

As regiões mais afetadas com intensos congestionamentos, todos os dias, segundo o Setranspetro, são: as principais vias do Centro Histórico, Bingen, Valparaíso, Quitandinha, Alto da Serra e Itaipava.

O Setranspetro diz que entende os problemas graves enfrentados pelo município, mas defende a fiscalização do estacionamento irregular, planejamento de obras fora do horário de pico, implantação de corredores e faixas exclusivas, como aconteceu na Rua Washington Luiz, resultando na diminuição no tempo de trajeto dos ônibus em 20 minutos.

O Setranspetro orienta que, em razão da lentidão no trânsito, os passageiros acompanhem, em tempo real, a localização dos ônibus por meio dos aplicativos Vá de Ônibus, Petro Ita, Cascatinha ou Cittamobi (exclusivo aos clientes da Turp Transporte).

Frota

Sobre a frota, o Setranspetro ressalta que todos os ônibus estão completamente dentro do prazo de via útil efetiva estabelecido por lei e passam rotineiramente por revisão e manutenção, garantindo a segurança de seus passageiros. Somente nos últimos três anos, mesmo em período de pandemia, as operadoras adquiriram 65 ônibus zero quilômetro.

Neste ano, o Setranspetro informa que a Cascatinha já apresentou à CPTrans a proposta de compra de ônibus novos para a operação, mesmo diante de todos os prejuízos milionários provocados pela pandemia, duas catástrofes naturais no município, e pelo aumento excessivo do preço do óleo diesel, peças e pneus.

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