A menos de 3 meses do verão: o que vem sendo feito para evitar tragédias climáticas em Petrópolis?
As ações envolvem obras e demolições no Morro da Oficina, troca de experiência com a Marinha Brasileira, atualização de rotas de fuga e orientação aos taxistas do município
Petrópolis completou 1 ano e sete meses da maior tragédia climática de sua história. A poucos meses do início do verão – 22 de dezembro, quando as chuvas ficam mais intensas na cidade, o petropolitano quer saber: o que vem sendo feito para evitar tragédias como as que ocorreram no último ano?
Foto: arquivo – Fernanda Marinho
As ações, na maioria envolvendo a Defesa Civil, são obras e demolições no Morro da Oficina, troca de experiência com a Marinha Brasileira, atualização de rotas de fuga e orientação aos taxistas do município de como proceder em caso de chuvas intensas.
A Sou Petrópolis solicitou à prefeitura de Petrópolis o cronograma atualizado sobre o andamento das obras e os planejamentos para mitigar os efeitos das chuvas, mas não tivemos resposta. As informações abaixo são de ações realizadas entre julho e setembro, divulgadas pelo governo municipal.
Preparação do município para o Plano Verão
Em julho foi apresentado pela Defesa Civil investimentos como a instalação de cinco novas estações meteorológicas e um novo sistema para sondagem atmosférica, que irá permitir uma previsão mais detalhada sobre a possibilidade de fortes chuvas. A expansão do sistema de cancelas automáticas, que são acionadas quando há possibilidade de inundação, também está prevista.
Na ocasião, o secretário de Proteção e Defesa Civil, Gil Kempers, destacou que a cidade está passando por avanços perceptíveis.
“É inegável o quanto a Defesa Civil evoluiu neste um ano e meio de gestão. Hoje temos monitoramento, sistema de cancelas, protocolos e uma estrutura que não havia antes. É nítido que estamos recuperando o tempo perdido e, para o ano de 2024, a tendência é avançar ainda mais”, disse.
Rotas de fuga nas comunidades
O projeto, dividido em etapas, une a equipe técnica da Secretaria de Proteção e Defesa Civil com os moradores de áreas de risco para atualização dos mapas de rotas de fuga para o caso de chuvas intensas.
Rotas de fuga, pontos de apoio, vulnerabilidades e pontos de referências de fácil identificação são alguns dos tópicos definidos pela Defesa Civil em conjunto com as lideranças comunitárias, onde alguns dos principais critérios utilizados é o da maior visibilidade e do fácil acesso, como por exemplo, estabelecimentos comerciais, escolas e igrejas.
Para a atualização das rotas de fuga estão sendo analisadas, nas visitas, a localização dos pontos de apoio, as vulnerabilidades das localidades e os pontos de referências.
“Sabemos que nos momentos de chuva intensa as ruas se tornam mais perigosas, por isso é necessário que as rotas estejam bem difundidas e possuam pontos de referência conhecidos pela própria comunidade, onde a população possa se deslocar com segurança até o ponto de apoio mais próximo”, coloca Vitória Custódio, geógrafa da Defesa Civil e desenvolvedora do projeto.
Teste do sistema de bloqueio de vias por cancelas eletrônicas
Previsto mensalmente para manutenção, o teste do sistema de bloqueio de vias por cancelas automáticas do corredor Pontes Fones – Obelisco ocorre, segundo a prefeitura, todo dia 10, às 10h30. A proposta é testar os equipamentos para que, em caso de inundação, as cancelas estejam em funcionamento e impeçam o trânsito de veículos em áreas de risco.
Foto: Divulgação
Além das cancelas, também serão testados os demais equipamentos do sistema: as sirenes e os painéis luminosos. Estes visam a orientação e alerta antecipado. A instrução, durante o momento de chuvas fortes, é que os pedestres aguardem na ilha de segurança mais próxima e os veículos desviem suas rotas
“O teste é realizado mensalmente, sempre pela manhã, para avaliar a capacidade do sistema que foi instalado no último verão. É importante que todos os moradores fiquem atentos, participem e colaborem com esse novo simulado realizado pela Defesa Civil”, disse o secretário Gil Kempers.
Orientação aos taxistas como proceder em caso de chuvas intensas
No mês de agosto, foram apresentados aos representantes da categoria dos taxistas os Protocolos de Inundação. A partir do documento, foram elaboradas cartilhas informativas e realizados treinamentos, com intuito de oferecer orientações sobre os procedimentos a serem adotados em caso de inundação das principais vias da cidade, promovendo assim, maior segurança aos moradores e visitantes.
“Da mesma forma que nas demais capacitações, a partir de agora, os taxistas contarão com um canal direto com a Defesa Civil, por onde irão receber informes oficiais da secretaria para que possam estar preparados frente a situações adversas”, diz Eduarda Conde, diretora de Monitoramento da Defesa Civil de Petrópolis.
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Integração da Defesa Civil e da Marinha Brasileira
No dia 28 de setembro, a Defesa Civil recebeu a visita da Marinha Brasileira, com o objetivo de integrar as instituições para trocar experiências em ações para o enfrentamento de desastres causados pelas chuvas do verão. A análise topográfica e locais que podem ser utilizados para o pouso de aeronaves foram alguns dos temas tratados na reunião.
A fim de dar seguimento a estruturação das ações conjuntas, outras reuniões serão agendadas.
“Apresentar nossas ações e aprender com as outras agências sobre novas estratégias, a partir de pontos de vistas diferentes, nos torna mais assertivos e aumenta nossa agilidade em situações adversas”, disse Kempers.
Obras no Morro da Oficina
Epicentro da tragédia do ano passado, as obras no Morro da Oficina foram divididas em três áreas e, segundo o governo municipal, estão em 50% de execução. Para que as obras fossem realizadas, 245 casas precisarão ser demolidas.
Na área 1 – entre o Hipershopping e a Rua Hercília Moret, foi dividida em 2 grandes obras. São contenções de encosta e drenagem, para a proteção de moradias, da Escola Municipal José Fernandes da Silva e do Pronto Socorro Leônidas Sampaio. Essas intervenções começaram no dia 9 de janeiro.
As obras das áreas 2 e 3 também são de contenção de encostas e drenagem.
A área 2 – entre as ruas Professora Hercília Moret e Frei Leão, foi dividida em 2 lotes. As obras do lote 2 começaram dia 14 de junho. Já as do lote 1 ainda não foram iniciadas.
Já a área 3 – do início da Rua Frei Leão até a Rua Oswero Vilaça, começaram dia 14 de agosto.
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Balanço das obras
No último balanço divulgado, em agosto, 88 obras foram concluídas desde 2022. São 167 obras de grande e médio porte. 53 estavam em andamento e 26 ainda estão em fase de licitação.
Foto arquivo: Elisangela Lopes
A maioria das obras é de contenção: 104 (36 contenções de rua, 34 contenções em margem de rio e 34 contenções de encosta).
Outras 34 são obras em equipamentos públicos (construção, reforma, adaptação etc.). Há ainda: 10 obras de melhorias viárias (asfaltamento, pavimentação, tapa-buracos); 8 de drenagem e recomposição de via; 5 de limpeza e desobstrução de vias e rios; 3 referentes à mobilidade e à segurança de pedestres (calçada, guarda-corpos, pontes etc.); 2 de desmonte de rochas; e 1 de dragagem.