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Mulheres de Petrópolis: conheça a Dona Cléa, vendedora que tem adoçado a vida dos petropolitanos e turistas

Mulheres de Petrópolis

Mulheres de Petrópolis: conheça a Dona Cléa, vendedora que tem adoçado a vida dos petropolitanos e turistas

Há 8 anos, Cléa Lopes Pinto, também conhecida como a tia da coxinha de morango, vende seus doces pelo Centro Histórico

Quem passeia pelo Centro Histórico durante o horário de almoço, sem dúvidas já se deparou com uma simpática senhora vendendo docinhos pelas ruas de Petrópolis. Cléa Lopes Pinto, de 55 anos, é o nome por trás desta icônica figura. Em mais uma edição da série #MulheresDePetrópolisconheça a mulher que vem adoçando a vida de petropolitanos e turistas.

Fotos: Divulgação

O início

Tudo começou quando a filha de Cléa, Laiane, conquistou uma bolsa para o curso de Engenharia Civil na Universidade Católica de Petrópolis (UCP). Na época, Cléa trabalhava como pedagoga em Itaguaí e morava com o marido e suas duas filhas.

Pouco tempo depois, porém, os dois perderam seus empregos. Com a filha precisando de dinheiro para participar de um congresso universitário em Teresópolis, Cléa decidiu vender doces com Laiane para arrecadar a quantia necessária.

Vendo o sucesso que suas criações fizeram logo no começo, em especial a coxinha de morango, a família se mudou definitivamente para Petrópolis por volta de 2015 para tentar a sorte vendendo os doces. Felizmente, a adesão foi muito positiva.

“Sempre gostei de cozinhar, então quando surgiu essa oportunidade, não tive dificuldades. Fizemos a coxinha de morango, que é um doce muito diferente, e todo mundo gostou e ficou surpreso com o tamanho. A coxinha se tornou o nosso carro-chefe. As pessoas me conhecem como a Cléa da coxinha de morango de Petrópolis, ou simplesmente a tia da coxinha”, diz.

Fotos: Divulgação

Histórias

Em todos esses anos na cidade, são diversas as histórias e lugares por onde mãe e filha já venderam seus doces. Dentre os locais mais inusitados estão consultórios de dentistas ou endrocnologistas e até mesmo em lojas de grandes marcas de chocolate.

“Vendemos bastante em ônibus de turismo, até mesmo para gringos. Chegamos a conhecer um pessoal da Ilha da Reunião, que fica próximo de Madagascar, que falavam um dialeto muito específico. Teve uma vez que não conseguimos nos comunicar com porto-riquenhos, mas um deles me perguntou qual era o doce famoso. Apontei para o brigadeiro e o ônibus inteiro comprou”, conta Laiane.

Por ser um doce tipicamente brasileiro, Cléa diz que o brigadeiro é um dos que mais chama a atenção dos gringos. “A gente mora perto da 13, então quando vejo um gringo por lá, chamo a Laiane pra me ajudar. Consigo desenrolar em algumas conversas, mas como vou explicar um docinho de nozes ou de queijo com goiabada em inglês? É muito difícil”, brinca Cléa.

Fotos: Divulgação

Carinho

No meio dessas histórias, mãe e filha aprendem muito com a diversidade de culturas e pessoas. O trabalho com o público também ajudou-as a moldar a paciência, desenvoltura e, acima de tudo, o carinho.

“Tenho muito carinho e respeito pelos meus clientes e, em troca, recebo isso também. Tem pessoas que compram não só pelo doce, mas pela minha simpatia também. Isso não tem preço. É um cuidado muito gratificante e é isso que me dá fôlego para trabalhar. Trabalho por necessidade, mas o que me motiva é o carinho das pessoas”, declara.

Fotos: Divulgação

Onde encontrá-las?

Cléa explica que é muito difícil ficar por um só lugar, então transitam por todo o Centro Histórico. Porém, por morarem na 13 de Maio, costumam sempre aparecer por lá. Em grandes eventos, como a Bauernfest e o Natal Imperial, elas trabalham caracterizadas, o que também serve como atrativo para os turistas e petropolitanos.

Fotos: Divulgação

Doces

Em média, Cléa vende 70 docinhos por dia, mas já chegou a vender 180. Junto a filha, as vendas chegam a 100 doces diários. Nas festas da cidade, essa quantia pode chegar a 400. “Fazemos as massas dos doces na noite anterior, enrolamos de manhã e vendemos depois do almoço, por volta das 13h. Pra vender tudo, ficamos cerca de 2h”, relata.

Todo o trabalho é feito em família, com Cléa, as três filhas e o genro. Em 2022, a equipe chegou a marca de 200 mil doces vendidos. “Começamos como eu ainda morava em uma kitnet na 16 de março, que tinha uma coinha super pequena sem instalação nem para um fogão. Na época, a gente chegou a bater uma tonelada de doces em um ano em um fogareiro”, relembra Laiane.

Hoje a marca trabalha com cerca de 15 sabores, dentre eles: brigadeiro, beijinho, nozes, cajuzinho, ninho com nutella, ninho com ovomaltine, nesquik, olho de sogra, churros com doce de leite, nescafé, oreo, casadinho, queijo com goiabada, caipirinha e as já tradicionais coxinhas de morango de brigadeiro e de leite ninho.

Fotos: Divulgação

Sonhos

Cléa começou a vender os doces para ajudar a filha a se formar como engenheira. O sonho, felizmente, se concretizou. Hoje, Laiane é sócia de três empresas e dona de seu próprio negócio. “Teve até uma senhora esses dias com uma fala muito infeliz. Ela me viu vendendo os doces e ficou com pena quando descobriu que eu era formada, como se eu não tivesse conseguido nada na minha área. Tenho os meus trabalhos como engenheira, mas também faço os doces porque eu quero”, declara Laiane.

Quando estava para se formar, a filha conta que todos os clientes torciam muito pelo seu sucesso. No dia do ensaio fotográfico, Laiane levou uma caixa de chocolates com um cartão de agradecimento a todos que ajudaram a sua caminhada.

“Foi muito um plano de Deus nas nossas vidas. Ganhei essa bolsa de 100% no curso que eu sempre sonhei e meus pais sempre me incentivaram. No momento em que estávamos passando por muita dificuldade financeira, os doces vieram e deram um jeito nos nossos problemas. Foi um grande presente de Deus”, afirma.

Fotos: Divulgação

Superação

O marido de Cléa e pai de Laiane, Silvestre, que faleceu em 2020, era a sexta pessoa do Brasil a usar um coração artificial. A doceira explica que, após 4 infartos, o coração do marido ficou tão afetado que não aguentaria um transplante humano, apenas de um artificial, o HeartMate III.

A cirurgia aconteceu em 2018 e Cléa acompanhou o marido por 6 meses na UTI. Na época, a família já sobrevivia exclusivamente com o dinheiro dos doces. Tiveram de vender o carro para garantir o aluguel durante esse tempo e Laiane, que estudava e estagiava, juntamente com as irmãs, seguraram as pontas com o dinheiro da produção.

Fotos: Divulgação

Exemplo

São diversos os fatores que fazem, tanto os doces quanto a própria dona Cléa, serem um sucesso. Além das vendas no Centro, a doceira também aceita encomendas para festas e vende por Delivery. Para quem quiser adoçar o dia, é possível pedir um docinho pelo WhatsApp (21) 99932-440 ou pelo Instagram @cleadoces.

“Muitas pessoas se surpreendem quando digo que moro na Avenida. Parece algo inimaginável uma vendedora de doces morar no Centro Histórico. Já sofri alguns tipos de discriminação, mas o carinho dos meus clientes me faz continuar. Eles me tratam como uma pessoa íntima, contam sobre a vida pessoal e torcem pelo meu sucesso. Me param na rua para falar que me ama e eu também amo todos”, finaliza Cléa.

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