Conheça a petropolitana nomeada internacionalmente como a Mulher na Física em 2022
Heloísa Bordallo já teve quase 150 artigos publicados e está construindo um instrumento de espalhamento de nêutrons
Orgulho para Petrópolis, a física Heloísa Bordallo vem se destacando internacionalmente no âmbito acadêmico. No último ano, a petropolitana foi nomeada como a Mulher na Física pela Real Academia Dinamarquesa de Ciências e Letras e ganhou o prêmio Kvinder i Fysik (KIF, que significa Mulheres na Física).
A astrofísica Maren Malling à esquerda e Heloísa com seu diploma KIF à direita. Foto: Arquivo Pessoal
A indicação para a premiação foi feita pelos alunos da professora, que leciona no Niels Bohr Institute, parte da Universidade de Copenhagem, na Dinamarca. Atualmente, Heloísa lidera um grupo de 12 alunos entre bacharelandos, mestrandos, doutorandos e posdoutorandos, de 7 nacionalidades distintas (dinamarquesa, suéca, brasileira, paraguaia, francesa, grega e portuguesa).
“Foi uma grande surpresa e, de certa forma, um grande orgulho saber que meu trabalho é reconhecido pelos jovens que trabalham comigo como parte do desenvolvimento profissional e pessoal deles. O título me dá força e coragem para continuar. A vida acadêmica não é um mar de rosas como muitos pensam. É uma jornada árdua que envolve muito trabalho, horas de dedicação e, sobretudo, a habilidade de inovação constante. Pesquisa é também cara, necessitamos de equipamentos, técnicos especilizados e alunos motivados. Assim, saber que esta jornada vale a pena é extraordinário”, declara.
Inspiração
Formada pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), a docente se sente realizada em influenciar tantos acadêmicos. “Saber que sou capaz de inspirar tantos jovens é uma grande responsabilidade a qual tento honrar todos os dias. A porta da minha sala está sempre aberta e tento ser uma pessoa que trabalha baseada na confiança mútua. Que ensina que nada substitui a verdade, a responsabilidade e o respeito”, afirma.
Trajetória na Física
A vontade de ingressar neste universo começou quando Heloísa era ainda muito jovem e estudava no Colégio de Aplicação da Universidade Católica de Petrópolis (UCP). “Nossa educação, além de excelente, sempre foi motivada pela integração de aulas teóricas e experimentais. Fui exposta as maravilhas da pesquisa bem cedo e tive um professor de física maravilhoso, Luís Antônio Barbosa Afonso, que foi uma grande inspiração para mim”, conta.
Foto: Arquivo/Sou Petrópolis
A pesquisadora sempre teve vontade de viajar e expandir sua visão do mundo. Depois de formada, conquistou uma bolsa de estudos do Governo Federal através do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) para fazer um doutorado na França e, desde então, não parou mais.
“Tenho vários trabalhos publicados, no total, são quase 150 artigos que foram revisados por experts na área e considerados validos. Também tenho varias citações destes trabalhos. Cada um deles teve umas gotinhas de sangue e horas de sono perdido, mas gosto de todos”, brinca.
Espalhamento de nêutrons
Apesar de tantos projetos elaborados, o principal legado da cientista é um instrumento de espalhamento de nêutrons chamado MIRACLES (traduzido como MILAGRES em português) que está sendo construído na Suécia junto a colaboradores espanhóis. Alguns detalhes podem ser encontrados nesta pagina.
“Junto a um pesquisador austriáco, que tive a grande chance de conhecer quando trabalhei na Alemanha, projetamos o instrumento, defendemos o caso científico e agora estamos no processo de construção. Um dos líderes do projeto é um ex-aluno de doutorado meu, José Enedilton Medeiros Pereira, formado em Física pela Universidade Federal do Ceará (UFC), que também teve a grande oportunidade de obter uma bolsa de estudos do CNPq”, finaliza.