Quase dois meses após tragédia, fotógrafa mostra realidade de alguns bairros de Petrópolis
Registros da petropolitana Mariana Rocha revelam que pouco mudou desde os dias 15 de fevereiro e 20 de março em regiões como Vila Felipe e Sargento Boening
Quase dois meses após a tragédia de 15 de fevereiro em Petrópolis, a fotógrafa Mariana Rocha tem percorrido os bairros atingidos mostrando que pouco foi feito até agora pela recuperação dessas áreas.
Entre as regiões que ela já passou estão o Vila Felipe e o BNH do Sargento Boening, locais que seguem com as marcas evidentes das consequências severas do temporal que deixou mais de 200 mortos na cidade e milhares de pessoas desabrigadas ou desalojadas.
Vila Felipe em 10 de abril/ Foto: @maridcrocha
Mariana conta que tem feito os registro com o objetivo de garantir a memória do que está ocorrendo na cidade. “Eu espero que essas fotos sejam aliadas na missão de não esquecermos o que aconteceu, como ocorreu em outras tragédias. Todos nós, sociedade civil e poder público, temos a obrigação de não deixar o que aconteceu ser esquecido. E preservar essa memória, a meu ver, é também uma forma de respeito a dor de quem perdeu familiares, amigos e suas casas”, diz a fotógrafa.
Vila Felipe, 10 de abril_Foto: @maridcrocha
Para ela, essas imagens também ajudam, a quem não viu de perto, ter uma noção do tamanho do que aconteceu na cidade. Mariana considera evidente o fato de que Petrópolis precisa de um plano de reestruturação habitacional, urbana e social.
BNH Sargento Boening, 10 de abril/ Foto: @maridcrocha
“Foi muito grave. O que reforça que a gente precisa pensar para daqui em diante. É preciso pensar soluções para as pessoas que ainda moram em locais de risco, para que algo assim não se repita. Eu não acho que isso seja simples, mas em algum momento a gente precisa começar essa mudança. Que seja agora!”, destaca a fotógrafa que tem visto de perto o sofrimento da população dessas regiões.
BNH Sargento Boening, 10 de abril_Foto: @maridcrocha
Para Mariana, o cenário de destruição que permanece, só piora a dor e o medo da população, que continua tendo que conviver com essas cenas dolorosas no dia a dia.
“Por outro lado, há o risco da gente começar a naturalizar esse cenário, porque quando a gente se habitua, a gente vai deixando de se chocar, e quando a gente não se choca, paramos de cobrar o que é nosso direito. Que é não passarmos por mais tragédias evitáveis como essa”, conclui a fotógrafa.
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