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Em meio ao cansaço e à incerteza, como continuar a vida sendo empreendedor e comerciante em Petrópolis?

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Em meio ao cansaço e à incerteza, como continuar a vida sendo empreendedor e comerciante em Petrópolis?

Independente do tempo de atuação dos negócios, a sensação de desorientação e desesperança no poder público é a mesma

Até quando? Como se não fosse o bastante ter sobrevivido a uma pandemia, em fevereiro os comerciantes de Petrópolis enfrentaram a maior tragédia da história do município e, 33 dias depois, uma segunda enchente que voltou a levar embora mercadorias, mobiliário e a esperança por um cenário favorável à classe. Nas ruas, a Sou Petrópolis conversou com lojistas e ouviu deles as dificuldades em continuar a empreender no município.

Fotos: Henry Kappaun

Não é preciso se aproximar para verificar que os rostos dos comerciantes estampam a tristeza, o cansaço e a incerteza que o setor tem vivido recentemente. Independente do tempo de atuação dos negócios, a sensação de desorientação e desesperança no poder público é a mesma. Há 7 anos na esquina da Rua Alencar Lima com a Rua do Imperador, a loja das Óticas Carol no Centro da cidade já viveu cerca de 8 enchentes.

Foto: Henry Kappaun

Para Elen Correa e Eliane Veiga, colaboradoras do estabelecimento, “tem que ser muito resiliente e ter muita coragem, porque não é fácil ver em 15 dias tudo o que você conseguiu reconstruir com dificuldade indo embora”, expressam. Pouco a frente delas está a loja Pequenos Travessos, que em 18 anos de história tem vivido nas recentes enchentes algumas de suas maiores frustrações e dificuldades.

De acordo com Rosane Ferreira, empreendedora por trás da marca familiar e tradicional no município, o segundo registro de inundação no Centro fez com que o pesadelo dos petropolitanos voltasse a assombrar a cidade. “É uma cidade maravilhosa e cheia de pontos turísticos, mas que está abandonada há muitos anos. O único sentimento bom é o de gratidão pelas nossas vidas que foram poupadas”, aponta Rosane.

Foto: Henry Kappaun

Ainda em estado de trauma e confusão pelos acontecimentos recentes, o setor tem sido um acúmulo de preocupações sobre o que fazer daqui em diante, como recuperar os prejuízos e manter as famílias que dele dependem. “Temos 20 colaboradores. A maioria mães de família. 16 delas têm filhos pequenos e precisam trabalhar. É o meu sustento também. O que o governo que cobra da gente o tempo todo pode fazer por nós e pela nossa Petrópolis?”, expressa.

Idealizadora da marca de brownies Moulin Brown, a petropolitana Carine Moulin, que teve seu quiosque na galeria Gelli inundado duas vezes, fala sobre o medo que paira no ar, nas casas e comércio da cidade. “É pensar que amanhã você pode perder tudo de novo, e aí você fica com medo de investir, de criar. Você recomeçar de novo é desesperador e inacreditável. É um absurdo o que está acontecendo na nossa cidade. A sensação é a de estarmos esquecidos”.

Foto: Henry Kappaun

Em meio ao caos

Por mais que repitam a si mesmos a pergunta, os comerciantes petropolitanos não conseguem chegar a uma resposta sobre como continuar a empreender no município. Há 27 anos ao lado da Casa D’Angelo, a loja do Precinho Camarada tem em Osvaldo Assis Costa a segunda geração da família a gerenciar o empreendimento. Com relatos de enchentes vividas pelos seus pais, ele comenta sobre a grande luta que é se manter em pé frente ao caos.

Foto: Henry Kappaun

“Ser empreendedor no meio disso tudo é uma luta enorme. Um dia após o outro tendo que se reerguer. Não são apenas os dias fechados. É a volta que não é mais como era antes. Diz o meu pai que, futuramente, o comércio de Petrópolis pode se expandir para os bairros como aconteceu no Centro do Rio de Janeiro por conta de todo esse caos que a gente vive hoje”, pontua Osvaldo.

Cenário que requer trabalho, luta e fé para recomeçar e seguir em frente, o momento é também o de, mais do que nunca, demandar por mudanças e ações por parte do poder público. Empresário, Gabriel Frazão, fundador da loja Liv, diz que a única forma de continuar é cobrando atitudes que tornem a cidade mais segura para que seja possível voltar a viver e a investir.

Foto: Henry Kappaun

“Como continuar a vida numa cidade que não oferece perspectiva nenhuma para a gente continuar aqui? Que só oferece risco? Até quando não vamos ser nós que estamos no carro no meio da enchente? Até quando não é a gente que está numa barreira. Até quando”. Como ele, Sergio Maiworm, empreender da Papelaria Semadri, fala sobre a importância da atuação dos poderes municipal, estadual e federal no futuro da cidade.

Foto: Henry Kappaun

“Eles têm que providenciar o desassoreamento dos rios e, principalmente do túnel extravasor. Esse túnel é fundamental para conter as enchentes do Centro. Outra coisa é o crédito que eles ofereceram para os empresários. Até agora não saiu nada e o que estão anunciando que vai sair é muito menor do que foi anunciado. Está, realmente, muito complicado para a classe”, descreve Sergio.

Petrópolis depende de seu comércio. Sempre que possível, priorize a compra no estabelecimentos locais. Recorra ao delivery. Divulgue negócios afetados. Faça crescer a corrente do bem.

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