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A três meses do verão e sem ver conclusão das obras, petropolitanos ainda temem novas tragédias

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A três meses do verão e sem ver conclusão das obras, petropolitanos ainda temem novas tragédias

Sete meses após as chuvas que vitimaram mais de 200 pessoas, dezenas de obras continuam em andamento em diversas áreas da cidade

Neste dia 15 de setembro, completam-se 7 meses desde as chuvas de fevereiro, que geraram a maior tragédia já vista em Petrópolis, responsável pela morte de mais de 200 pessoas. A três meses do próximo verão e sem ver a conclusão das prometidas obras, petropolitanos ainda se sentem inseguros em relação à possibilidade de uma nova tragédia.

Medo e tristeza

Nas chuvas de fevereiro, o professor Alessandro Garcia perdeu sua esposa, filhos e sogros em um dos deslizamentos. Atualmente, o docente mora no Centro da cidade, mas, apesar de o prédio em que mora não estar em risco óbvio, ainda sente muito medo do que pode vir a acontecer.

Foto: Divulgação, ilustração: Luíza Fajardo

“A casa onde eu morava também não tinha risco óbvio. Minha família faleceu em uma casa que considerávamos segura. Então a sensação é que não há lugares seguros na cidade. Sei que não é verdade, há lugares melhores e piores, mas essa sensação de risco em todos os lugares é presente”, relata.

Para além da visão pessoal, o professor ressalta que o medo é um sentimento em comum entre os petropolitanos. “O medo é uma coisa compartilhada e justificada, dado o que aconteceu, e esse medo é intensificado pela sensação de que não há um plano para evitar que aquilo se repita. A sensação é de quando vai acontecer de novo. É muito triste sentir isso. No meu caso, tem também a tristeza, claro, por tudo o que aconteceu e, quando chove, por todas as lembranças que voltam”, conta.

Foto: Sou Petrópolis

Lentidão

Alessandro aponta ainda sentir que todas as respostas estão acontecendo em passos muito lentos. “Até hoje vemos várias situações na cidade de lugares que foram afetados e não parece que muita coisa foi feita. O que me dói é que parece que não há um plano para evitar que aconteça novamente”.

Risco para o próximo verão

Moradora do bairro Chácara Flora, um dos mais afetados durante as chuvas deste ano, Andresa Naide relata que o que foi prometido para o local, ainda não foi feito. Ela destaca ainda que algumas pessoas continuam em casas que estão em risco por não terem para onde ir.

Chácara Flora no dia 12 de junho. Foto: @maridcrocha

“A única coisa que estão fazendo é asfaltar a rua, porém, nem desentupir os bueiros eles estão. O medo continua, e será ainda pior na época do verão. Qualquer chuva que se tenha, existe o medo, pois como nada foi feito, ainda há a possibilidade de algo acontecer”, finaliza.

Obras da Prefeitura

A Prefeitura de Petrópolis informou que vem executando um plano de trabalho que já acumula mais de 45 obras emergenciais de contenção de vias públicas em vários bairros, das quais muitas estão concluídas. Outras 32 obras de reconstrução estão em planejamento e vão ser feitas com recursos solicitados ao governo federal.

Também está sendo desenvolvido projetos para outras 30 obras de maior porte nos bairros. Elas serão executadas com recursos de empréstimo de R$ 100 milhões obtido na Caixa Econômica Federal, a ser liberado em oito parcelas trimestrais, ao longo de dois anos.

Morro da Oficina. Foto: @maridcrocha

A primeira dessas obras será no Morro da Oficina, entre a Rua Hercília Henriques Moret e a Escola Municipal Vereador José Fernandes da Silva – trecho no qual também serão protegidos o Pronto Socorro Leônidas Sampaio e diversas moradias.

Aluguel social

O aluguel social está garantido a 3.917 famílias desalojadas pelas catástrofes climáticas de 15 de fevereiro e 20 de março. Os aluguéis são custeados junto com o Estado e afastam o risco que muitas famílias viriam a correr se permanecessem em moradias que foram interditadas pela Defesa Civil.

O sistema preventivo de aviso e alarme da Defesa Civil, com sirenes em áreas de risco e comunicados via SMS, continua pronto para acionamento em caso de chuvas fortes. A Defesa Civil também está empenhada na elaboração de projetos, com a Agência de Cooperação Internacional do Japão (Jica), para dar outra destinação às áreas de risco sem condições de recuperação para voltar a ser habitadas.

Obras do Governo do Estado

De acordo com o Governo do Estado, já foram investidos mais de R$ 404 milhões para a recuperação de Petrópolis por parte do Estado. Com esse investimento, algumas obras já foram feitas ou estão em andamento, dentre elas:

– Reconstrução dos muros de contenção do Rio Quitandinha nos trechos que sofreram erosão na Avenida Washington Luiz;

– Contenção de encostas, recuperação da cobertura vegetal e drenagem das ruas na Avenida Getúlio Vargas;

– Remoção de rochas soltas e fixação do maciço rochoso que ficou exposto nas ruas Teresa, 24 de Maio e Nova;

– Recuperação da calçada e parte da via da Rua Pedro Ivo, no Cascatinha. As obras de contenção de encosta, recuperação da encosta e drenagem estão sendo concluídas;

– E a obra no Túnel Extravasor, que tem como prioridade recuperar a galeria na área da Rua Francisco Scali, no Quissamã (conhecida como Rua do Túnel). Além de recompor o concreto, haverá a recuperação dos grandes espaços vazios criados pela erosão com a força da água, a fim de dar estabilidade à região.

Túnel Extravasor na Rua da Feira. Foto: Sou Petrópolis

Projetos do Estado

Além destas, estão em projeto as obras na Vila Vasconcelos, na Rua Uruguai; na Rua Bartolomeu Sodré (no Caxambu); na Estrada do Paraíso (no Sargento Boening); na creche da Chácara Flora; e na Rua 1° de Mario e Rua Paulista (José Costa Filho/Albino Siqueira).

Limpeza de rios

O Instituto Estadual do Ambiente (Inea) já concluiu a limpeza e o desassoreamento do Rio Quitandinha, no Centro, do canal da Rua Alice Herve e do canal da Rua Doutor Paulo Herve. Já foram retirados, ao todo, quase 17 mil metros cúbicos de sedimentos.

Atualmente, o órgão ambiental está com duas frentes de serviço no Centro Histórico: uma no Rio Piabanha, e a outra no Rio Palatino, na altura da Rua Saerpe. Nos próximos dias, o Inea dará início a mais uma intervenção, desta vez, em Corrêas.

Foto: Divulgação

O Inea destaca ter começado o trabalho preventivo no 2° semestre de 2021, abrangendo a adequação das calhas em trecho de 3,8km do Rio Cuiabá (90% concluído); adequação das calhas em trecho de 2,8 km do Rio Santo Antônio (35% concluído); e 80 metros do Rio Carvão (já totalmente concluído).

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