Após encontrar o filho, pai de Gabriel retoma buscas por outras vítimas dos ônibus: ‘Sei a dor que estão sentindo’
“O que me dá forças é a dor que eu senti procurando meu filho. A mesma força que eu tive de achar o Gabriel é a força que tenho para ajudar a achar os filhos dos outros”, diz Leandro
Após encontrar o corpo do filho Gabriel, o pai, Leandro Rocha, vai retomar as buscas neste sábado (26) por outras vítimas que estavam nos ônibus arrastados para o rio durante o temporal, que ocorreu na terça-feira (15) em Petrópolis.
Foto: Reprodução Redes Sociais
“O que me dá forças é a dor que eu senti procurando meu filho. A mesma força que eu tive de achar o Gabriel é a força que tenho para ajudar a achar os filhos dos outros. Eu sei a dor que eles estão sentindo”, diz Leandro.
O corpo do Gabriel Vila Real da Rocha, de 17 anos, foi encontrado na terça-feira (22), sete dias após o acidente, no Rio Quitandinha, altura da Rua Washington Luís, próximo de onde os ônibus estavam. No mesmo dia, foi colhido o material genético do pai.
A confirmação de que era o adolescente foi revelada na quinta-feira (24). O corpo do adolescente foi enterrado no mesmo dia, sob forte comoção, no Cemitério Municipal.
Foto: Divulgação
Leandro afirma que é preciso saber quantas pessoas ainda estão perdidas. Até o momento, há informações do Pedro Henrique, de 8 anos, que aparece próximo ao Gabriel em imagens que circularam na internet no dia do acidente, além do Heitor e de um senhor.
“É um compromisso que eu tenho até encontrar todos que estão no rio. O Gabriel foi achado através de todos nós. É muita gratidão que eu tenho. O Gabriel está resolvido graças a Deus, mas e as pessoas que estão lá ainda? As famílias esperando pelos que ainda estão perdidos. Eu sei a dor que é. Eu passei por isso por 10, 11 dias. Então, eu sei o que que eles estão sentindo também. Me coloco no lugar deles e vou continuar procurando”, afirma.
Foto: Evaldo Macedo
Para Leandro, encontrar as vítimas que estavam com o filho no dia do acidente se tornou uma missão.
“Meu coração está triste lógico porque enterrei meu filho hoje, mas ainda tem muita gente desaparecida. Nós precisamos continuar com as buscas. Eu tenho isso no meu coração. Nós temos que achar todos que estão perdidos. Vamos continuar firmes. Vamos continuar mais fortes do que antes. É um dever nosso. Do jeito que iniciamos vamos continuar. Temos que cumprir essa missão. Eu vou estar com vocês até o fim”, diz.
Foto: Divulgação
Uma das preocupações das famílias, como a de Pedro Henrique, que segue desaparecido, era que, após encontrar o Gabriel houvesse uma desmobilização das equipes e o trabalho de buscas perdesse força.
“Eu não quero que o corpo do Pedro fique perdido dentro do rio. O seu Leandro, pai do Gabriel, está com a gente nessa. Peço a todos que não encerrem as buscas. Ainda tem muita gente lá dentro [do rio]. Nós queremos ter um enterro digno para nossa família”, diz Nathan Gomes da Silva, tio do Pedro Henrique.
Como ajudar?
Segundo Leandro, todas as pessoas podem ajudar nessas buscas, sendo voluntário ou olhando para o rio quando passar pela cidade. “Isso é muito importante. Provavelmente tem pessoas que foram cobertas pela areia, por cascalhos. No sábado vou estar 8h na Praça Dom Pedro e vou ver se algumas pessoas podem me ajudar vindo lá de onde veio o ônibus”, diz.
Força e fé
Desde o dia do acidente, Leandro virou símbolo de força e fé, por ter sido incansável nas buscas pelo filho, mobilizando dezenas de voluntários e comovendo toda a sociedade. Ele e as equipes de buscas percorreram mais de 60 km de Petrópolis a Areal na tentativa de achar o filho.
Foto: Lucas Landau
“A força que eu tenho vem através do amor que tenho pelos meus filhos. Eles [vítimas do acidente] foram heróis. Com certeza eles lutaram muito para continuar vivos. É nossa obrigação, nosso dever, buscar eles onde eles estiverem”, conclui.
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