“Por pouco entrei para as estatísticas”, diz policial petropolitano de 34 anos recuperado da Covid-19

Policial militar, Leonardo Magrani tem 34 anos, é pai de dois filhos – um menino de dois e uma menina de 14 anos, é lutador de jiu-jitsu e em agosto deste ano se viu frente a frente com o maior oponente que poderia ter enfrentado: a Covid-19. Sobrevivente da doença, ele fala sobre as dores e preocupações vividas por ele nos 44 dias em que esteve internado.

Foto: Divulgação

Com fadiga no corpo, perda do olfato e do paladar e febre intensa, Leonardo soube que havia algo de errado. Em 5 de agosto, foi internado e, a partir daí, deu início à grande luta. Segundo ele, foram 37 dias na UTI, sendo 18 deles entubado no Hospital São Lucas onde, por coincidência, foi onde nasceu.

“Não sou de ficar doente, então quando comecei a sentir os sintomas já desconfiei e evitei contato com as pessoas ao meu redor. Meu maior medo era, enquanto consciente, pensar que eu poderia perder alguém. Minha família foi o que mais me deu forças para lutar, em especial meus filhos. Não teve um dia em que eu não pensei neles”.

Vitorioso, Leonardo recebeu alta em 22 de setembro. Acontece que, ainda internado, Leonardo recebeu a triste notícia do falecimento do pai, Sebastião Magrani, aos 66 anos, também vítima da doença. “Minha mãe e a psicóloga do hospital conversaram comigo. No dia eu não perdi um pai. Perdi meu melhor amigo, meu parceiro e minha referência”.

Descrito por familiares como alguém otimista, alto astral e capaz de “preencher um ambiente”, restam as lembranças do pai, marido e avô que Sebastião foi. Num momento em que os hospitais Unimed e SMH anunciaram a falta de leitos para internação e a Justiça decretou o fechamento imediato de bares e igrejas, Leonardo alerta para a importância do compromisso da população na luta contra a propagação do vírus.

“Todos temos que ter disciplina e sermos conscientes em relação a essa pandemia. Não é só responsabilidade do poder público, mas sim de todos! Por pouco quase entrei para as estatísticas e, ainda assim, perdi uma das pessoas mais importantes da minha vida”.

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