Connect with us

[Nomes de Ruas] Conheça a história da Rua 24 de Maio, uma das mais populares do Centro de Petrópolis

História

[Nomes de Ruas] Conheça a história da Rua 24 de Maio, uma das mais populares do Centro de Petrópolis

Cercada de histórias curiosas, o bairro é lugar de gente trabalhadora e, também, um dos mais castigados pelas chuvas de verão

Por Cristiane Manzini sob supervisão de Luísa Abreu

Todo mundo que mora em Petrópolis conhece a Rua 24 de Maio. Ela tem início na Aureliano Coutinho e vai até o alto do morro onde se encontra com a 1º de Maio, ligando, de alguma forma, o Centro ao Bairro Castelânea. Povoada há mais de um século a região foi se desenvolvendo ao longo do tempo, mas ainda guarda muitas histórias dos moradores.

Fotos: Reprodução Google Maps

O Nome da Rua

Segundo documentos encontrados no Arquivo Histórico de Petrópolis, no registro de Álvaro Zanatta, “Histórias e Lendas das Ruas de Petrópolis”, o nome da rua traz uma lembrança à Batalha de Tuiuti, que se deu a 24 de maio de 1866.

“Foi a mais expressiva e decisiva batalha de toda a campanha, e considerada a maior batalha campal da América Latina”, esclarece o documento. Porém o próprio autor afirma que esta homenagem jamais foi oficializada pelo município.

No início do período republicano

Ainda no começo da história de Petrópolis, a região era conhecida como Morro do Estado. O caminho da Caixa D’água, que cortava este morro, levava até uma mina e o depósito de água que abastecia o Quarteirão Vila Imperial.

O abastecimento se dava através de chafarizes, um no largo de Dom Affonso atual “Praça da Liberdade” e outro na Praça Municipal conhecida como a “praça da águia”.

Álvaro conta que o morro começou a ser povoado nos primeiros anos da República, ainda no século XIX.

“Pode-se, como alguma certeza, dizer que a abolição da escravatura proporcionou que ex-cativos, empregados em trabalhos domésticos nas residências da elite imperial/republicana de Petrópolis tenham se estabelecido nas fraldas do morro dito ‘do Estado’, portanto terras públicas, e desse modo, permanecerem próximos a seus antigos donos, continuando a prestar-lhes serviços, agora “mal-remunerados”, sem casa ou comida”, aponta.

Foto: Divulgação

Povoação

A região de casas humildes, foi sendo gradativamente povoada por constantes levas de migrantes, muitos de Minas Gerais e uns poucos nordestinos, no início dos anos 1900. Nesta mesma época começou, espontaneamente, a ser chamada de 24 de Maio pelos moradores.

“É possível que esta denominação tenha sido dada durante o período em que Petrópolis foi capital do Estado, portanto uma Lei ou Decreto Estadual o tenha feito, porém, tal ato, se ocorreu, se perdeu pelos meandros burocráticos estaduais”, esclarece o escritor.

Hoje, dada a importância e o crescimento da rua que é permeada por um sem-número de servidões, travessas e vielas, muitas por resultado de invasões e outras formas clandestinas de ocupação dos terrenos, a 24 de Maio é mais do que uma rua, sendo referida por muitos como um bairro ou região.

A rua

De acesso bastante íngreme a 24 de Maio abrigava o povo humilde que encontrava trabalho no centro da cidade. Muitos trabalhavam em casas de família, na construção civil e no comércio.

A maioria dos moradores era de origem negra. Isso fez surgir, desde os primeiros tempos, rodas de batuque, ranchos e blocos de carnaval, atividades que até certa altura da história, eram manifestações quase exclusivas desta população.

“Em 1926 já se tem notícia da existência do bloco carnavalesco Flor Mimosa”, conta o documento.

Em 1956 foi fundado o Grêmio Recreativo Escola de Samba Unidos da 24 de Maio, que seria uma das grandes vencedoras dos carnavais petropolitanos.

Foto: Divulgação

Sobre violência

Em 1948, instalou-se na entrada da rua a Delegacia Policial, onde permaneceu até o fim dos anos 1990.

Oito anos após a instalação da Delegacia inaugura-se a torre de “Rádio patrulha” no alto do morro, que ainda era chamado por alguns de “Morro do Estado”. Desde então, a região passou a ser monitorada de certa forma, e ao contrário do que se imagina, é uma área relativamente calma.

A violência, fruto de problemas sociais, é mais estereotipada do que real. Thais Souza, de 30 anos, mora na rua há cerca de quinze anos e confirma esta informação.

“O melhor de morar no bairro é por ser próximo ao centro e ao contrário do que pensam, é um bairro tranquilo em termos de convivência com os moradores”, destaca.

Histórias da vizinhança

No início de 1956, uma pelada de garotos faz com que uma bolada atingisse uma senhora chamada Odília Costa, que prontamente se queixou à polícia.No ano seguinte a história foi bem mais séria.

“Um morador chamado João da Silva, conhecido por João Charuto, residente no número 707 da Rua 24 de Maio, matou a tiros a senhora Maria Rosa Pereira da Silva, de trinta e dois anos. O disparo foi ouvido na delegacia e o subinspetor José F. Bastos logo compareceu ao local, porém o agressor fugiu”, conta Álvaro Zanatta.

Verificou-se, no entanto que o autor do crime, embriagado, teria apontado a arma para o chão, mas a bala ricocheteou e atingiu a vítima.

Fotos: Reprodução Google Maps

A história política também encontra lugar nos relatos sobre a 24 de Maio. Após o golpe militar de 1964, mais de cem pessoas foram presas por motivos políticos.

Na década de 1990 uma história que ainda pode estar na memória de muitos moradores foi uma fuga dos detentos da delegacia.

“Muitas fugas de presos colocaram em polvorosa o morro, mas a maior fuga se deu a 9 de maio de 1994, quando sessenta e um presos escaparam do xadrez. O morro foi cercado, como sempre”, declara o documento do arquivo público.

Chuvas

Por suas características naturais, a Rua 24 de Maio sofre com a maioria das tragédias que se abatem sobre Petrópolis nos verões. A fragilidade do local, somado aos grandes volumes de chuva que caem na cidade entre os meses mais quentes, torna a região e os moradores vulneráveis às tragédias.

Foto: Divulgação

São incontáveis os episódios de deslizamentos e vítimas das catástrofes climáticas. Thais aponta este como um dos maiores problemas enfrentados pela rua no momento.

“O pior da rua é a questão do ônibus, que sempre está quebrado. E por ser um bairro em que algumas partes são consideradas áreas de risco. O que causa preocupação em época de chuva”, conclui.

Veja também:

Continue Reading

Você também vai gostar

Subir