[Nomes das Ruas] Quem foi o doutor da Rua Dr. Alencar Lima, no Centro Histórico de Petrópolis?
Pequena e movimentada, rua surgiu há quase 100 anos e até hoje faz ligação entre duas ruas importantes do Centro. Conheça a história da Rua Dr. Alencar Lima
Por Cristiane Manzini sob supervisão de Luísa Abreu
Apesar de ser uma cidade planejada, Petrópolis veio mudando com o passar do tempo. Novos caminhos foram surgindo, outros foram alterados e aos poucos a cidade foi tomando a forma que conhecemos hoje.
Foto Acervo Museu Imperial
O pequeno centro histórico apresenta a mesma configuração há, aproximadamente, um século. As principais ruas fazem homenagem a figuras importantes da História ou a eventos e datas que mudaram o panorama do país, enquanto outras, de menor expressão, fazem referência a personagens que contribuíram para o desenvolvimento do município.
Como tudo começou
Desde o início Petrópolis sempre conviveu com pessoas notáveis da sociedade da época e, sendo o destino de verão do Imperador D. Pedro II, desenvolveu logo o turismo. Assim surgiram rapidamente hotéis e pousadas para receber os visitantes que vinham à cidade fazer negócios com a realeza ou aproveitar o clima agradável e as paisagens naturais.
Foto: Site Brasiliana Fotográfica
Apenas cinco anos após a fundação da cidade, em 1848, o Hotel de Bragança foi inaugurado. Segundo material pedagógico do município era um grande complexo, apresentando boa estrutura para receber os turistas. “O casarão original tinha 92 quartos, salão de visitas, salas de espera e de jogos, refeitório para 200 pessoas, salão de baile, teatro, ampla cozinha, despensa e adega”, destaca o documento.
Foto Reprodução Internet
Além das instalações, jardins e cachoeiras eram encontrados na parte de trás do terreno. Nos dias de hoje fica difícil imaginar uma estrutura como esta, mas se observarmos atrás dos edifícios da Rua 16 de Março ainda podemos ver uma área de mata. O último dono do hotel foi o Doutor João Franklin de Alencar Lima, falecido em 1922.
Fotos: Reprodução/Internet – Google Maps
Mas quem foi Alencar Lima?
Dr. Alencar Lima foi um advogado que teve importante participação no desenvolvimento da cidade. Além de ter adquirido o Hotel de Bragança, foi também presidente da Companhia do Mercado Municipal do Rio de Janeiro e da Estrada de Ferro Príncipe do Grão Pará.
Após o falecimento do advogado, a viúva Maria Antonieta Teixeira de Alencar Lima mandou demolir o hotel, dividindo e vendendo o terreno em vários lotes. Na mesma ocasião ofereceu ao município a rua que levava o nome do marido. Em 30 de março de 1926 nasceu, oficialmente, a rua Dr. Alencar Lima.
Fotos: Reprodução/Internet – Google Maps
Segundo registros presentes no Arquivo Histórico de Petrópolis, no documento escrito por Álvaro Zanatta, “Histórias e Lendas das Ruas de Petrópolis”, pouco tempo depois do surgimento da rua ergueram-se alguns prédios que estão no local até hoje. Como exemplos podemos citar o edifício construído para se tornar o Banco de Petrópolis e posteriormente foi usado como agência do Banco do Brasil, e a sede da Tribuna de Petrópolis, no local desde 1927.
O comércio e o trânsito
A rua conhecida apenas como Alencar Lima é bem pequena. Em cerca de 75 metros de comprimento ela concentra várias lojas de serviços, edifícios comerciais e até restaurantes. Por ser uma travessa de ligação entre a Rua 16 de Março e Rua do Imperador, tem movimento durante todo o dia e parte da noite.
Foto Reprodução Tribuna de Petrópolis
A partir de 1955 o trânsito da rua passou a ser em mão única, tendo a direção voltada para a Rua do Imperador, porém a numeração dela é ao contrário disso. Curiosamente ela termina na Rua 16 de março.
Pequena sim, tranquila nem tanto
Algumas curiosas histórias aconteceram na Rua Dr. Alencar Lima desde a inauguração. Quando o trânsito foi modificado para mão única, um cidadão alemão, desobedecendo a regra e desacatando um guarda de trânsito, foi preso. No entanto, o prejuízo maior foi do guarda, já que alguns dias depois ele foi transferido para São José do Vale do Rio Preto, na época região pertencente à Petrópolis.
Já em 1956 foram dois episódios marcantes. Um suicídio por envenenamento sem motivo aparente e a prisão de um brasileiro por motivo curioso: questões ideológicas e supostas intenções terroristas. “Policiais apreendem farto material, boletins, panfletos, livros do Partido Comunista Brasileiro, bananas de dinamite, munição calibre .45 e outros materiais”, revela o documento de Álvaro Zanatta. Na ocasião o criminoso reagiu à prisão dando um soco no investigador e ficando incomunicável na delegacia. No mesmo dia foi feito o pedido de Habeas Corpus.
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