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Entenda os motivos e impactos do fechamento de lojas no Centro de Petrópolis

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Entenda os motivos e impactos do fechamento de lojas no Centro de Petrópolis

Só este ano, mais de 120 empresas foram fechadas em Petrópolis de acordo com a Jucerja. Empresário, Corretora Imobiliária, Economista e Sicomércio comentam sobre o assunto

Ao andar pelo Centro de Petrópolis, é possível notar o fechamento de diversas lojas a cada semana. Os motivos para isto são vários, dentre eles os impactos da pandemia, a insegurança com as tragédias de fevereiro e março de 2022, e os aluguéis cada vez mais caros, que fazem com que os proprietários tenham de fechar suas lojas ou procurar por novos endereços.

Foto: Rafael Soares/Reprodução Giro Serra

Este é o caso de Fabiano Lopes, proprietário das lojas Tem Tudo em Petrópolis. Há 27 anos, a marca chegou à cidade, primeiramente no HiperShopping, mas se expandindo para o Bingen, Quitandinha e no Centro Histórico, onde já existiram quatro lojas simultâneas. Porém, pelas dificuldades nas vendas e o aumento dos aluguéis, três lojas do Centro tiveram de fechar, sobrando assim apenas uma.

Esta sobrevivente, porém, precisou mudar de endereço no final de 2022. Após 25 anos no mesmo lugar, Fabiano não conseguiu uma redução no aluguel, mesmo mostrando ao proprietário os diversos imóveis fechados na mesma calçada, e teve de se transferir.

“Apareceu a oportunidade de ir exatamente para o outro lado da Rua do Imperador, no n° 474, onde ficava o Restaurante Fukas. Passamos para um espaço muito maior e tivemos uma redução de 20% no aluguel. Foi uma grata surpresa ver que o movimento não caiu, aliás, foi aumentando, já que temos produtos variados e uma clientela fiel”, comenta o empresário.

Foto: Divulgação

Dificuldades

Fabiano considera ter tido sorte ao encontrar este imóvel e reconhece que nem todos os empreendedores conseguem uma oportunidade como esta. Para ele, as principais dificuldades para empreender em Petrópolis são o trânsito caótico, aluguéis caros e as enchentes.

“Os imóveis estão concentrados nas mãos de poucas pessoas e elas ainda não entenderam que uma loja fechada dá prejuízo. É melhor ganhar um pouco menos no aluguel e encarar a realidade. O IPTU, a conta de luz e as outras despesas só encarecem, então quem não percebe isto e diminui o valor dos aluguéis, não consegue alugar. Vemos isto na Rua do Imperador, nas imediações em frente ao fórum, muitas lojas fechadas, até no próprio coração comercial. O imóvel que entregamos, inclusive, está parado a mais de 90 dias”, relata.

Aluguel caro

A Consultora Imobiliária Irene Medeiros concorda que os altos preços dos aluguéis, somados à preocupação com as enchentes, que aumentam a insegurança dos comerciantes, os principais motivos para tantas lojas estarem fechando as portas na cidade.

A profissional aponta que, geralmente, o valor do metro quadrado no Centro Histórico é consideravelmente maior do que nas demais localidades. “As lojas com maior custo são as de 50 a 100m², uma margem aproximada de R$440,00 por m², enquanto lojas acima de 150m² costumam ter o valor do m² reduzido. Desta forma, o alto preço dos aluguéis acaba inviabilizando o comerciante de seguir com a locação no Centro”, explica.

Rua 16 de março – Foto: Arquivos Sou

Irene indica que, enquanto os valores não se adequarem à nova realidade da cidade, os empreendedores podem buscar algumas opções como galerias, sobrelojas, bairros mais populosos ou regiões centrais com o custo do m² dentro do valor de mercado.

“Acredito que o diálogo é a melhor saída para evitar que um imóvel fique vazio. Não é interessante que o locador tenha seu imóvel desocupado, e que a imobiliária perca a administração, sendo assim, conciliar e ouvir o que o locatário e locador tem a dizer é o início de uma boa negociação”, acrescenta.

Expectativas

Somente nos três primeiros meses deste ano, 121 empresas foram fechadas em Petrópolis, segundo dados da Junta Comercial do Estado do Rio de Janeiro (Jucerja). Apesar de altos, estes números são menores do que os apresentados no primeiro trimestre (janeiro a março) de 2022, quando 145 empreendimentos haviam dado baixa.

De acordo com o Sicomércio Petrópolis, com a Páscoa, Dia das Mães e demais datas comemorativas, há uma boa expectativa para melhorar o cenário da cidade. “O comércio petropolitano vem se recuperando, de forma resiliente, após os prejuízos causados pelas restrições da pandemia e pós-tragédia das chuvas. Conforme o cenário nacional, o início do ano tem sido mais trabalhoso, muito por causa dos reflexos ocasionados pelas mudanças econômicas. Mas, acreditamos em uma estabilidade que deverá ser alcançada nos próximos meses”, afirma o presidente do Sicomércio, Marcelo Fiorini.

Foto: @maridcrocha

Impactos na economia

O economista e doutorando em Economia na Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), Juan Campos, alerta que o fechamento de muitas empresas influencia diretamente na alta do desemprego na cidade.

“Mais desemprego gera menos compras em outros setores, impactos na arrecadação tributária por parte da Prefeitura e, por fim, na imigração, fazendo com que muitas pessoas saiam da nossa cidade em busca de oportunidades e qualidade de vida em outros lugares”, reforça.

Juan acrescenta que Petrópolis, em especial a Rua Teresa, sempre foi reconhecida como um ótimo local para comprar roupas. Porém, devido a mudança da estrutura produtiva que a cidade teve ao longo das décadas, muitas fábricas têxteis foram perdidas e os vendedores passaram a comprar seus produtos em outras cidades para revender aqui, tornando o custo maior e fazendo com que seja mais rentável que os clientes também comprem em outros lugares.

Foto Divulgação

“Dessa maneira, a demanda pelos nosso produtos diminuiu drasticamente. Com as novas tecnologias, é possível encontrar roupas baratas na comodidade de casa, assim, as vendas diminuem e o custo geral aumenta, sufocando cada vez mais a taxa de lucros. Isso tornou a cidade inconsistente para os empresários, principalmente porque nenhuma medida política é tomada para retornar a antiga estrutura produtiva ou trazer uma nova. Petrópolis precisa de uma nova visão para a cidade, a exportação de roupas não é mais uma realidade há muito tempo e não há demanda interna suficiente para suportar a oferta”, finaliza o economista.

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