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Você sabia que houve um período na história de Petrópolis em que o Bingen se chamou Araraquara?

História

Você sabia que houve um período na história de Petrópolis em que o Bingen se chamou Araraquara?

Mudança aconteceu no contexto da Segunda Guerra Mundial na cidade

E se, um dia, você acordasse e fosse notificado de que o bairro em que você mora, de repente, assumiria um novo nome? Foi o que ocorreu em Petrópolis durante a Segunda Guerra Mundial. Como explica a historiadora e pesquisadora Rachel Wider, a medida de prevenção tinha como objetivo remover os traços da influência germânica na cidade e, assim, evitar conflitos. Dessa forma, o Bingen, por exemplo, foi denominado Araraquara.

Fotos: Arquivo/Sou Petrópolis – Reprodução/Correio da Manhã (1943)

Surpreendentes e, principalmente, desconhecidos pela maior parte dos petropolitanos, são fatos assim que Rachel tem divulgado no perfil de sua empresa, Othala Curadoria de Patrimônio Cultural, no Instagram. Atuante na área da pesquisa desde 2015, ela explica que, dois anos depois, foi convidada a escrever um artigo em conjunto com outros dois pesquisadores sobre Petrópolis na Segunda Guerra Mundial.

A historiadora, que já havia se debruçado antes sobre o tema no mapeamento da presença de espiões nazistas na cidade, conta que as pesquisas para o artigo lhe renderam novas e interessantes descobertas. Uma delas a mudança nos nomes dos bairros: informação que extraiu de uma publicação de 1958, de autoria de Gabriel Kopke Fróes, e que mais tarde atestou a partir de notícias veiculadas em jornais da época.

Foto: Reprodução/Correio da Manhã (1945)

A Mosela passou a ser Baependi; o Bingen, Araraquara; o Ingelheim, de Oswaldo Aranha; o Quissamã (que embora não seja palavra de origem alemã, também foi modificada), de Cairú; o Morin, de Itagipe; a Itália, de Olinda; e o Woerstadt, de Arabutã. Logo após a guerra foi permitido que se usasse novamente os nomes germânicos”, pontua Rachel, que menciona, ainda, outros fatos relacionados ao mesmo período que lhe chamaram atenção.

“Fatos como a proibição do uso de máquinas fotográficas, a necessidade de autorização para compra de aparelho de rádio, a proibição de estrangeiros de possuírem até mesmo automóveis, entre outras. Muitas pessoas em Petrópolis foram presas por estarem conversando em alemão na rua, idioma que ficou proibido durante a guerra. Detalhes que com certeza impactaram na aprendizagem desse idioma nas gerações seguintes”, reflete.

De acordo com a estudiosa, as medidas tomadas pelo município tinham fundamento: “encontramos provas da presença de expressivo número de nazistas, incluindo os temíveis espiões, na cidade durante 1939 e 1945. Tenho ascendência judaica e talvez tenha vindo daí meu interesse pelo tema”. Hoje, a atuação de Rachel se dá em diferentes vertentes que incluem a pesquisa histórica, gestão de espaços, palestras e consultoria.

Devido à experiência que tive como gestora de uma casa histórica, percebi que há na cidade uma grande carência por parte de proprietários e gestores de como se lidar com o potencial dos imóveis tombados, respeitando suas restrições. Tenho aproveitado a facilidade de acesso às redes sociais para divulgar um pouco desse conhecimento acumulado ao longo dos anos e das pesquisas”, esclarece.

Assim, aqueles que desejarem conhecer mais a fundo o trabalho da pesquisadora podem acompanhá-la no Instagram @othalacultural

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