Lembram do Chris? Petropolitano vende balas no sinal e concilia estudos com carreira no esporte
O jovem atleta de jju-jitsu conta sobre as dificuldades de trabalhar no sinal, estudar e treinar sem apoio
*Matéria atualizada no dia 21 de agosto de 2023 às 16h
Em um país como o Brasil, é comum conhecer jovens que sonham em seguir uma carreira no esporte. No caso de Petrópolis, não são poucos os atletas que lutam por um espaço no cenário nacional e veem, na prática, as dificuldades e entraves para seguir a carreira esportiva.
Para Christian Barboza dos Santos, de 21 anos, o esporte é a chave e a esperança para um vida melhor para ele e para a família.
Foto: Sou Petrópolis
Em 2019, após conquistar a vaga para um campeonato europeu de jiu-jitsu, o jovem disputou o campeonato em Portugal com todas as despesas pagas pelo Youtuber Felipe Neto.
Na época, ele chegou a imaginar que as dificuldades teriam acabado e que não precisaria mais vender balas no sinal. “Meu objetivo é não depender das minhas vendas. Quero me formar e seguir meu caminho na profissão que eu amo. As vendas no sinal é só extra para ajudar,” comenta.
Fotos Arquivo Pessoal Christian Barboza
O trabalho no sinal
Contudo, não foi o que aconteceu. Christian disputou o torneio e voltou para casa. Ao retornar, Chris conseguiu uma bolsa na faculdade de Nutrição na UNIFASE, mas as dificuldades continuam, já que os custos com locomoção, roupas e treinos são altos.
“Conciliar a faculdade com um trabalho de oito horas por dia e os treinos seria difícil. Se eu trabalhasse assim, seria muito puxado. Aqui no sinal, as pessoas me conhecem e sabem o que eu fiz pra chegar. Eu vendo as balas pra ajudar a minha avó a manter a casa”, conta Christian.
Foto: Sou Petrópolis
Chris ainda fala que conforme vai avançando na faculdade, precisa dispor mais tempo, deixando as vendas mais de lado. “Fica cada vez mais difícil conciliar, não dou conta de estar em todos os lugares, o que infelizmente me deixa mais afastado das vendas,” diz.
As dificuldades no esporte
Christian comentou sobre a visão errada que as pessoas tem, já que a vida do atleta não se resume apenas a ir para competições. Manter a alimentação, uniformes, conforto e segurança também é difícil, segundo o atleta.
De acordo com o jovem, as passagens de ônibus, por si só, já são um gasto alto fixo e diário. Morando no Bataillard, o lutador gasta cerca de R$ 25 por dia para se locomover para os treinos.
“Estou bem abaixo no que eu gostaria dentro do esporte. A falta de recursos me impossibilita até de competir, pois tudo é bem caro. Eu não vendo (balas e doces) todos os dias, porque não aguento. As coisas podem dar certo ou não, mas eu faço a minha faculdade voltada ao esporte. Sou muito apaixonado!”, disse Christian.
Fotos: Arquivo Pessoal
A falta de apoio
O rapaz também falou da dificuldade em dias de chuva, que impossibilitam totalmente que venda as mercadorias. Além da rotina já cheia, Christian também faz preparação física em uma academia de Crossfit. Em relação ao apoio das autoridades, Christian foi direto. Caso fosse apoiado, não estaria vendendo balas no sinal.
“Conheço vários amigos que moram em outras cidades e que não precisam passar por essa situação. Se tivesse o apoio das autoridades, com certeza não estaria aqui, mas estaria treinando”, finaliza.
Para ajudar e apoiar o jovem atleta a alcançar seu sonho, basta comprar com ele no sinal em frente à Praça Dom Pedro, no Centro. Para entrar em contato com o Christian e acompanhá-lo, é possível segui-lo através das redes sociais @ochrisbjj.