Pai vai criar Instituto Gabriel Vila Real da Rocha para cobrar medidas e evitar novas tragédias na Coronel Veiga
Adolescente de 17 anos estava em ônibus arrastado para o rio com a força da correnteza durante temporal no dia 15 de fevereiro
Ele virou símbolo de resiliência após a tragédia em Petrópolis no dia 15 de fevereiro por buscar incansavelmente pelo corpo do filho nos rios da cidade. Um mês depois do acidente, Leandro da Rocha diz que vai eternizar o nome e a história do adolescente, Gabriel Vila Real da Rocha, de 17 anos, criando um Instituto que irá cobrar medidas para evitar novas tragédias como a que ocorreu com os ônibus arrastados para o rio pela correnteza.
Gabriel ao lado do pai Leandro / Foto: Arquivo Pessoal
Gabriel era passageiro de um dos ônibus que estavam na Rua Washington Luís durante o forte temporal. Em um vídeo que viralizou na internet, ele aparece já dentro do rio em cima do coletivo e, ao mesmo tempo em que tentava se salvar, também buscava ajudar outras pessoas.
O corpo do adolescente foi identificado no Instituto Médico Legal (IML), dez dias após a tragédia. Durante todo esse período, Leandro percorreu os rios da cidade para encontrar o filho e fazer um sepultamento digno.
Buscas por Gabriel duraram dez dias / Foto: Divulgação
Um mês após a tragédia e o pai do Gabriel segue na luta, agora pela busca de outras três vítimas que estavam nos ônibus e ainda não foram localizadas. São elas: Pedro Henrique Braga Gomes da Silva, de 8 anos; Heitor Carlos dos Santos, de 61 e Antônio Carlos dos Santos, de 56.
Vítimas seguem desaparecidas/ Foto: Divulgação
Ao longo desse tempo, Leandro tem pensado em diversas alternativas que podiam ter sido adotadas para evitar a morte do filho e de tantas pessoas – embora não se saiba ainda exatamente o número de vítimas dos ônibus.
“E se os ônibus tivessem ficado na rua da UPA? Quando os ônibus desceram já estava chovendo muito forte, cadê essa sinalização? E como que fica agora? Nunca mais vou ver meu filho!”, diz.
Tragédia anunciada
Para Leandro, esta foi uma tragédia anunciada, que não teve planejamento para que fosse evitada. “A Rua Coronel Veiga é uma armadilha, pois quando chove, o rio transborda, provoca trânsito e fica todo mundo preso ali. Como que nesses anos todos, ninguém pensou sobre isso?”, questiona.
Ônibus foram arrastados para o rio com a força da correnteza / Foto: Evaldo Macedo
Leandro diz que o objetivo da criação do Instituto é que essa situação mude. “Por meu filho e pelas outras vítimas. Isso não pode mais acontecer! Tem que ter protocolo de segurança. A gente sabe que se chove está propício a alagar. Minha sugestão é que, em caso de chuva, a Coronel Veiga seja fechada e quem está nela seja retirado o mais rapidamente possível. Medidas assim poderiam ter evitado todas essas mortes, inclusive do Gabriel”, afirma.
Sobre o Gabriel
Gabriel sempre morou com o pai. Emocionado, Leandro recorda que o adolescente dizia: “Pai, eu nunca vou ficar longe de você. Eu sempre vou morar com você”.
Leandro conta que ele foi um filho muito especial, obediente, estudioso, inteligente e responsável.
Gabriel no primeiro lugar do pódio/ Foto: Arquivo Pessoal
“Nunca me deu trabalho! Ele acordava sozinho para ir para o colégio, era bom aluno, me ajudava com os afazeres dentro de casa, não era de reclamar. O Gabriel também estava treinando jiu-jitsu no projeto da Igreja e não faltava um treino. Em pouco tempo, participou de campeonatos, conquistou medalhas e falava que queria continuar na carreira e ser campeão. Para mim, ele já é um campeão”, conclui.
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