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Petropolitana produz arte como símbolo de esperança e doa à livraria que perdeu 14 mil títulos na enchente

Cultura

Petropolitana produz arte como símbolo de esperança e doa à livraria que perdeu 14 mil títulos na enchente

Cliente desde criança da Nobel, a designer Nicolle Meirelles se comoveu com a cena dos livros perdidos no chão e resolveu fazer uma homenagem para a livraria

A tragédia que assolou Petrópolis no dia 15 de fevereiro deixou mais de 230 mortos e quatro pessoas ainda desaparecidas. Além disso, centenas de comércios locais perderam todo o seu estoque. Não foi diferente com a Livraria Nobel, que fica na Rua 16 de Março e perdeu mais de 14 mil livros na enchente.

Comovida com a cena emblemática de milhares de livros na frente da loja, a petropolitana Nicolle Meirelles, formada em Design Gráfico, resolveu presentear a Livraria Nobel com uma arte feita com colagens.

Foto: Arquivo Pessoal Amauri Madeira

“Quando vi a foto da Nobel com uma pilha de livros na porta eu me emocionei muito. Vi uma reportagem que entrevistaram o Amauri, dono da livraria, onde ele explicava que todos aqueles livros estavam contaminados e não podiam ser doados eu fiquei muito triste. Era um simbolismo, que ao mesmo tempo era literal, de tantas histórias levadas pela chuva. Foi aí que me veio a ideia de fazer uma arte para eles”, conta a designer.

Foto: Arquivo Pessoal Nicolle Meirelles

A relação entre a designer e a livraria

Cliente assídua da Nobel desde criança, Nicolle explica como a livraria a influenciou no gosto pela leitura e pela arte.

“Desde bem pequena minha mãe me levava na ‘Hora do Conto’, aos sábados, na Nobel. Desde então, me apaixonei pela leitura. Eu estudava ali na Rua Marechal Deodoro e muitas vezes, após a aula, eu ia na Nobel e sentava na poltrona para ler alguma coisa. Inclusive lembro do dia que comprei lá meu livro favorito: ‘Linéia no jardim de Monet’, um livro que influenciou bastante no meu interesse pela arte”, lembra.

A inspiração e o processo criativo

O painel chamou a atenção de quem passava pela Rua 16 de Março e gerou dúvidas de como a arte foi feita. Nicolle explicou que foi inspirada pelo movimento surrealista e que fez com colagem digital.

“Eu fiz essa colagem sem pretensão nenhuma. Foi só uma maneira de me expressar em meio ao caos que estávamos vivenciando na cidade. Aí minha madrinha, a Marlene, que também é fã da Nobel, gostou muito e teve ideia de levarmos lá na livraria para presenteá-los. Imprimi, com uma frase da poetisa Cora Coralina, coloquei num porta-retratos e levamos na Nobel para prestar nossos sentimentos à equipe”, explica.

Foto Divulgação Nobel

Histórias “libertas”

De acordo com a designer, a intenção dela durante o processo criativo foi produzir uma arte que pudesse gerar inúmeras interpretações.

“Ao meu ver, é como se na água algumas histórias tenham sido ‘libertas’. Tem a baleia do clássico Moby Dick nadando ali, perto de onde estão os livros afogados. Em cima do chapéu de um leitor tem a pomba branca com ramos de Oliveiras que representam que a esperança está no povo, nos leitores. Há também um guarda-chuva com um céu azul por dentro, representando que após a tempestade vem a bonança. Ah, e claro, os livros voando representam que as palavras ali estão sendo disseminadas, se espalhando. Isso foi o que fui pensando enquanto montava, mas cada um pode interpretar como pensar, essa é mesmo a graça”, explica.

Foto: Arquivo Pessoal Nicolle Meirelles

Após ter entregue o porta-retratos à Livraria Nobel, o proprietário entrou em contato com Nicolle para perguntar se podia fazer um banner para colocar na vitrine da loja.

“Eu não esperava nem um pouco, fiquei muito honrada em ter uma arte minha na vitrine dessa livraria tão querida”, conclui a artista.

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