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Petropolitano que participou do resgate de passageiros de ônibus lamenta por vidas que não conseguiu salvar

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Petropolitano que participou do resgate de passageiros de ônibus lamenta por vidas que não conseguiu salvar

‘Fico triste por saber que a gente tentou tirar mais, mas infelizmente não conseguiu’, disse o auxiliar de serviços gerais, Felipe José Ferreira da Costa

Felipe José Ferreira da Costa é auxiliar de serviços gerais e trabalha para uma empresa terceirizada em um condomínio na Rua Washington Luís. Ele ajudou a salvar dezenas de passageiros, que estavam em dois ônibus, antes de serem arrastados para o rio pela correnteza durante o temporal de terça-feira (15).

Foto: Evaldo Macedo

“Fico triste por saber que a gente tentou tirar mais, mas infelizmente não conseguiu”, diz Felipe.

Ele conta que quando a chuva começou estava já pronto para sair do trabalho, mas decidiu esperar um pouco. “Nisso apareceu um menino correndo, chamando outro e pegando cordas para ajudar as pessoas que estavam no ônibus. Ele disse que tinha crianças e idosos. Aí fomos correndo, três funcionários do condomínio e eu”.

Felipe é auxiliar de serviços gerais e ajudou a resgatar dezenas de passageiros/ Foto: Arquivo Pessoal

Felipe diz que começaram a jogar as cordas e tirar as pessoas ao mesmo tempo em que o nível da água continuava subindo. “Saiu um homem com um bebê no colo, a esposa disse que ia depois, mas infelizmente não deu tempo. Ela disse que não ia conseguir segurar o bebê e se segurar e pediu para o marido ir antes com o filho. Lembro também de uma senhora que saiu com a neta. Acredito que mais de 20 pessoas tenham conseguido sair antes de o ônibus virar”, afirma.

Ele conta que foi quando caiu uma barreira do condomínio que fez uma onda e balançou os dois ônibus, que logo levantaram. “A gente estava salvando um rapaz com a escada na hora. Nem sei se ele conseguiu nadar. A gente não imaginava que a barreira ia vir lá de cima. Era muita muita água. O ponto de ônibus sumiu de tanta água”, diz.

Segundo Felipe, muitas pessoas chegaram a ligar para o Corpo de Bombeiros, que chegou no local assim que a água abaixou. “Não tinha como chegar socorro antes, a cidade estava toda inundada, mas logo que os bombeiros chegaram, um deles entrou nos dois ônibus e não tinha ninguém”, revela.

O forte temporal provocou milhares de ocorrências simultâneas na cidade. Houve deslizamentos de terra em diversos pontos como no Morro da Oficina, Caxambu, Vila Felipe, Chácara Flora e 24 de Maio. Até o momento, foram confirmadas as mortes de 181 pessoas. Outras 104 seguem desaparecidas.

Medo após a tragédia

Felipe voltou a trabalhar no domingo (20) e disse que, na hora que entrou no ônibus e que ele balançou, sentiu medo. O auxiliar de serviços gerais mora no Vicenzo Rivetti, com a mulher e o filho de 1 ano e 8 meses.

“Hoje cheguei lá do barranco e a gente começa a lembrar, aí saí dali e fui andar pelo condomínio. Hoje a gente tava lá, começou a dar uns pingos, a gente já trocou de roupa para ir embora. Não fico ali quando estiver chovendo mais não”, afirma.

“Nasci de novo”

Um dos passageiros resgatados foi o manobrista Daniel Nascimento, de 26 anos. Ele contou à Sou Petrópolis que foi o quarto a sair do ônibus que estava, pouco antes do ônibus virar. “Nasci de novo”, disse o manobrista, demonstrando eterna gratidão aos funcionários do condomínio que o salvaram com a ajuda da corda.

Buscas pelas vítimas

As buscas pelas vítimas dos ônibus, que faziam as linhas 401-Independência e 465 – Amazonas, continuam. Segundo o Sindicato das Empresas de Transportes Rodoviários de Petrópolis (Setranspetro), não é possível precisar o número de vítimas.

Uma delas, o adolescente Gabriel da Rocha, de 17 anos, foi reconhecido pela família em um vídeo que circulou na internet que mostra os passageiros em cima dos ônibus já dentro do rio.

Nesta segunda, foi encontrado um tênis que, segundo a família, era o que Gabriel usava no dia. A família e voluntários percorreram cerca de 60 km na tentativa de achar o corpo do adolescente. “Não vou cessar até encontrar o Gabriel”, relatou Leandro da Rocha, pai do Gabriel.

Veja também

Como ajudar as vítimas dessa tragédia?

Foto: Paróquia São José da Lagoa (A Paróquia São José da Lagoa fica na Avenida Borges de Medeiros, 2735, na Lagoa)

Para saber como ajudar as vítimas do temporal, reunimos diversas maneiras nas matérias abaixo:

– Ajuda, em geral:
– Voluntariado:
– Causa animal:
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