Mesmo Petrópolis batendo recorde de internações por Covid-19, ônibus seguem aglomerados
Desde o início da pandemia, empresas reduziram o número de ônibus em circulação na cidade. Pesquisador afirma que isso gera aglomeração e maior chance de contágio pelo novo coronavírus, o que é motivo de preocupação diante da alta taxa de ocupação de leitos nos hospitais do município.
As medidas restritivas adotadas pela Prefeitura de Petrópolis para diminuir a taxa de transmissão pelo novo coronavírus e o alto índice de ocupação dos leitos clínicos e de Unidade de Terapia Intensiva (UTI) nas últimas semanas acenderam um alerta para quem usa o transporte coletivo: as aglomerações que ocorrem nos terminais, pontos e dentro dos ônibus e que não são fiscalizadas.
Neste domingo (21/03), Petrópolis bateu mais uma vez o recorde de internações por Covid-19 desde o início da pandemia, com 240 pacientes hospitalizados em toda a rede de saúde da cidade. A ocupação de leitos clínicos pelo SUS é de 71,23% e 86,24% em leitos de UTI.
Foto Reprodução Internet
Para especialistas, a aglomeração nos ônibus aumenta o risco de contágio pela Covid-19, tendo em vista que mesmo com a restrição de algumas medidas na cidade, os trabalhadores de comércio e serviços que estão em funcionamento precisam usar o transporte público diariamente para trabalhar.
Desde o início da pandemia, os ônibus reduziram o número de ônibus em circulação na cidade. Segundo o Sindicato de Empresas e Transportes Rodoviários de Petrópolis (Setranspetro), nesta semana 75% da frota está circulando de maneira fixa, contando com reforços em horários de pico.
As empresas afirmam que houve queda na demanda de passageiros nesse período – de 60%, se comparado ao que era transportado antes da pandemia.
Porém, mesmo com a queda da demanda, a recomendação dos especialistas é para manter a frota em 100% . Segundo o pesquisador Carlos Machado, coordenador do Observatório Fiocruz Covid-19, o ambiente fechado aumenta em muito o risco de contágio devido às gotículas e aerossóis que ficam suspensos no ar.
Carlos Machado diz ainda que neste caso a responsabilidade é da Prefeitura e da Secretaria de Saúde pelos riscos que a população é exposta com a redução do número de ônibus nas ruas.
“Ninguém aglomera no ônibus porque quer. Se as empresas reduzem a frota é porque tiveram a anuência da Prefeitura. As empresas alegam a queda na demanda de passageiros, mas estamos em uma crise onde todo mundo está perdendo financeiramente. É uma hora em que a liderança e o poder [no caso do prefeito] é vital”, destaca o especialista.
Questionada, a Companhia Petropolitana de Trânsito e Transportes (CPTrans) lembra que a operação do transporte público foi judicializada no ano passado quando as empresas justificaram a impossibilidade de voltar a operar com 100% da frota alegando desequilíbrio financeiro.
Campanhas educativas como aliadas
Carlos Machado observa que a diminuição da frota de ônibus acaba gerando intervalos maiores entre um coletivo e outro e, consequentemente, a aglomeração tanto nos terminais e pontos de ônibus quanto dentro dos coletivos.
Ele acredita que campanhas educativas e distribuições gratuitas de máscaras nesses locais podem ser aliadas para a conscientização da população.
O que fazer dentro dos ônibus?
A população deve buscar adotar as medidas recomendadas pelos órgãos de saúde: distanciamento de até 1,5m, uso de máscaras e álcool em gel. “Abrir as janelas e usar máscaras é fundamental. Sendo que, se for a máscara de tecido, o passageiro deve optar por usar uma com três camadas ou duas máscaras”, orienta Carlos Machado.
Prefeitura pede retorno de 100% da frota na Justiça
Na quarta-feira (17), a Prefeitura de Petrópolis entrou com uma medida judicial pedindo o retorno de 100% da frota com o objetivo de garantir maior oferta de ônibus aos usuários.
O governo interino afirmou à Sou Petrópolis que desde que assumiu a administração municipal em janeiro deste ano tenta dialogar com as empresas e que conseguiu o reforço de linhas troncais no horário de pico. Neste momento, a Prefeitura informa que aguarda a decisão judicial e ao mesmo tempo busca aumentar o número de leitos disponíveis para casos de covid-19.
O vereador Yuri Moura (PSOL) também encaminhou nesta semana um ofício para a Companhia Petropolitana de Trânsito e Transportes (CPTrans) pedindo que o órgão assegure o limite de passageiros por veículo.
Yuri pede também o retorno da frota e a higienização dos carros, assim como as orientações aos rodoviários sobre medidas preventivas contra à covid-19 e que a fiscalização seja reforçada e multas sejam aplicadas às empresas.
Setranspetro diz que vai tratar necessidades pontuais e ampliar atendimento dos ônibus
O Setranspetro informou, por meio de nota, que as empresas de ônibus vão tratar as necessidades pontuais e ampliar o atendimento dos ônibus. Segundo o Sindicato, todas as cinco empresas de ônibus que operam na cidade seguem ampliando e intensificando, através de suas equipes de limpeza, os trabalhos de higienização em toda a frota em Petrópolis.
Os procedimentos também acontecem nas garagens, terminais e pontos de ônibus com grande fluxo de pessoas. Além disso, assim como em qualquer ambiente no município, o Setranspetro afirma que é obrigatório o uso de máscara de proteção respiratória nos coletivos.
Orientação das empresas de ônibus para reduzir os riscos de contágio
O Setranspetro recomenda que o cliente utilize o cartão Riocard Mais como meio de pagamento de passagem, ao invés do dinheiro, visto que o cartão permite ser higienizado e diminui a propagação de vírus, bactérias e fungos. Durante o deslocamento no transporte público, é necessário que os passageiros mantenham abertas as janelas dos ônibus.
O Setranspetro e as empresas de ônibus esclarecem que, desde o início da pandemia, todos os colaboradores são orientados quanto ao uso da máscara, álcool em gel e as medidas de segurança para evitar a contaminação do Coronavírus.
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