Petropolitano supera depressão usando a internet para entreter e ajudar os outros
Neste Setembro Amarelo, mês em que a atenção é voltada à prevenção do suicídio, “Matheus Maionese”, como é conhecido na internet, ressalta a importância de falar sobre o assunto e comemora a superação
Aos 23 anos, Matheus Augusto se fechou para os familiares e amigos com pensamentos de que o mundo seria um lugar melhor sem ele. “Estava entrando em depressão. Foi a primeira vez na vida que eu senti vontade de não estar vivo”.
Fotos: Arquivo pessoal – Matheus Augusto recebendo Prêmio Amigo dos Animais
Sinais
O criador de conteúdo e pintor conta que sempre foi uma pessoa feliz e sociável, que gostava muito de sair, conhecer pessoas e viajar. Porém, começou a se sentir sem energia, vontade de ficar sozinho e a ter pensamentos autodepreciativos.
Fotos: Arquivo pessoal – reprodução instagram @maionese
“Eu deixei de fazer todas essas coisas que eu gostava. Não queria mais sair, só queria ficar deitado no quarto. Me afastei dos meus amigos e familiares, não queria que me vissem triste daquela forma. Eu me sentia como um peso para todos”, relata Matheus.
Ajuda
Os sinais de depressão foram percebidos por ele mesmo, quando sua convivência com as pessoas mais próximas, as quais ele preferiu não comentar sobre o assunto, começou a ser prejudicada.
“Percebi que precisava de ajuda quando já estava prejudicando meus parentes e amigos. Eu sempre mantive em segredo, eles não sabiam que eu estava querendo tirar minha própria vida”.
Em um contexto diferente, em busca de tratamento, Matheus encontrou apoio em grupos de autoajuda pela internet. Mesmo com o quadro depressivo, ele começou a produzir vídeos para entreter as pessoas, que também estavam passando pela mesma situação.
“O meu tratamento acabou sendo fazer vídeos para deixar as outras pessoas alegres, isso acabou servindo de apoio para mim. Fui me abrindo com meus familiares e amigos, e todos me apoiaram muito para que eu vencesse essa doença. É um assunto que precisa ser mais abordado. Muitas pessoas passam por isso que eu passei”, alerta o petropolitano.
Ciente da doença, Matheus, hoje com 29 anos, não parou por aí.
“Com o tempo comecei a ir ao psicólogo e foi algo que também me ajudou muito a superar tudo. Me sinto importante para minha família e amigos, me sinto inspirado a ser uma pessoa melhor para os outros e para a natureza. Tenho focado bastante na minha profissão, estou cuidando melhor do meu corpo e da minha mente”.
Maionese nas redes
O meio de distração de Matheus, o “Maionese” das redes sociais, já o levou a alcançar 336 mil seguidores. Lá, seja com um simples gesto, ele consegue tornar o dia de uma pessoa feliz e até mesmo conquistar os seus sonhos. “Produzir vídeos, acabou servindo como um meio de eu me distrair, de me sentir bem. Eu sinto que minha vida é importante hoje em dia, me deixa muito feliz poder ajudar as pessoas e os animais. Trouxe um significado para minha vida. Sinto que posso fazer uma diferença positiva no mundo”.
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Orientação
Segundo a psicóloga e professora da Estácio, Milena Coelho, muitas vezes as pessoas não sabem orientar ou que fazer a respeito do assunto. “Antes que uma pessoa chegue a uma tentativa de autoextermínio, é necessário identificar alguns sinais de que este indivíduo não está bem. Entre os sintomas mais frequentes estão mudanças no sono e no apetite, esquivas das relações com os amigos e com os familiares, além de uma retração por eventos em que antes se tinha prazer”, pontuou.
Acolhimento
Milena também explica que discurso de desânimo e desilusão, e desapego às coisas que gostava antes, também são sintomas que podem caracterizar um risco ao suicídio. Para ela, é importante as famílias prestarem atenção a sinais comportamentais, incluindo os sinais de crianças e jovens, que podem levar ao ato. “Aqueles que estão em depressão querem acolhimento, precisam ser ouvidos. Esses sinais não podem ser ignorados”, defendeu.
Para a psicóloga, ninguém melhora de forma repentina em uma situação que traga dor. Os problemas vão sendo analisados e aos poucos esse indivíduo vai aprendendo a lidar com a situação, até aprender o repertório que seja mais funcional à cada história de vida”, comentou.
“A gente sempre orienta que procurem os centros de atenção psicossocial (Caps), que procure atendimento psicoterápico”, finalizou.