5 curiosidades sobre a Casa da Morte, o centro de tortura usado na ditadura em Petrópolis
A Casa da Morte, como ficou popularmente conhecida, era o centro de tortura usado na ditadura militar, em Petrópolis. Apesar das informações ainda veladas sobre a casa localizada no bairro Caxambu, conheça 5 curiosidades sobre esse que foi considerado um dos piores porões de tortura da ditadura do Brasil.
Foto: O Globo / Custódio Coimbra
1. A casa ficava bem isolada para facilitar as sessões de tortura
Cedida ao Centro de Informações do Exército (CIE) pelo empresário alemão Mario Lodders, a casa era bem isolada e praticamente não tinha vizinhos na época, o que facilitava as sessões de tortura. O número de vítimas varia de três dezenas até cem militantes torturados e assassinados.
2. Apenas uma pessoa conseguiu escapar com vida
Foto Reprodução Associação Brasileira de Imprensa
Conta-se que do local, também conhecido como Casa dos Horrores e Codão, ninguém saía vivo, a não ser uma pessoa. Inês Etienne Romeu, ex-dirigente da VAR-Palmares, conseguiu sair da casa graças ao fato de ter enganado seus torturadores. Ela escapou fingindo ter aceito se passar por infiltrada em troca da liberdade após três meses de tortura, e foi ela quem denunciou a existência do centro.
3. Em 1979, um jornalista descobriu o endereço da Casa
Antonio Henrique Lago cobria a candidatura do general Euler Bentes Monteiro contra João Baptista Figueiredo, quando o jornalista foi informado que tinham pessoas ligadas ao setor conservador dispostas a falar.
Recebeu informações sobre um aparelho de repressão em Petrópolis, publicou uma matéria sobre e chamou a atenção de Inês Etienne. Em conversa com ela, Antonio recebeu a proposta de ajudá-la a descobrir o endereço da Casa da Morte. Em uma ligação depois de uma sessão de tortura, Inês tinha ouvido “Petrópolis” e o número “4090”.
Com as informações que tinha, Antonio veio a Petrópolis com a desculpa de fazer uma matéria de turismo, tirou fotos das casas e acabou descobrindo o endereço do tal aparelho clandestino. A matéria que expôs a informação, porém, só saiu em 1981, pois era necessário que Inês estivesse fora da prisão.
Essas informações foram dadas pelo próprio jornalista em entrevista à Comissão Municipal da Verdade de Petrópolis.
4. A casa era chamada de “Casa de Conveniência”
Nas gírias do regime a casa era chamada de centro de conveniência, já que era usada para pressionar os presos a mudarem de lado e virarem informantes infiltrados.
“Claro que a gente dava sustos, e o susto era sempre a morte. A casa de Petrópolis era para isso. Uma casa de conveniência, como a gente chamava”, disse o tenente-coronel reformado Paulo Malhães em entrevista para O Globo, em 2012.
Foto: odia.ig.com.br
5. A Casa foi tombada e a justiça suspendeu a decisão
Em dezembro de 2018, a casa virou um patrimônio cujo o objetivo é a preservação da memória e do valor histórico. Em janeiro de 2019, a Prefeitura de Petrópolis publicou um Decreto que declara a casa como imóvel de utilidade pública, para fins de desapropriação. Mas em dezembro, o Tribunal de Justiça do Estado do Rio de Janeiro (TJRJ) acatou o mandado de segurança que torna nulo o decreto municipal nº 610/2018 que determina o tombamento da Casa da Morte.