Professora de Petrópolis abordou o tema da redação do Enem 2023 com os alunos em sala de aula
Tema da redação foram os “desafios para o enfrentamento da invisibilidade do trabalho de cuidado realizado pela mulher no Brasil”; Gisele Pissurno diz que as recentes leis adotadas pelo governo já davam ideia de que este assunto seria escolhido
A primeira etapa do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) 2023 aconteceu neste domingo (5) e, neste primeiro dia da prova, os estudantes de todo o país tiveram que elaborar uma redação acerca do tema “Desafios para o enfrentamento da invisibilidade do trabalho de cuidado realizado pela mulher no Brasil”. Em Petrópolis, a professora de linguagens Gisele Pissurno chegou a trabalhar o assunto com seus alunos, pois acreditava que esta poderia ser a temática escolhida nesta edição.
Foto: divulgação
Assuntos relacionados ao tema
Mesmo que não tenha apostado de forma certeira no tema da redação, em suas aulas, a professora trabalhou os assuntos envolvendo a mulher, principalmente relacionados à desigualdade de gênero, como a falta de equiparidade salarial – um dos fatores que evidencia a disparidade entre homens e mulheres, colocando em questão o excesso de tarefas de cuidado socialmente impostas ao feminino.
“O assunto foi amplamente discutido em minhas aulas, e meus alunos puderam estar tranquilos quanto a essa abordagem”, diz a profissional que ministra aulas de literatura, língua portuguesa e redação com ênfase na avaliação.
Legislação como base
Tendo como base a legislação, Gisele detalha que fez com que seus alunos refletissem sobre a manutenção do papel social imposto às mulheres, que ainda são vistas como as principais responsáveis pelas tarefas domésticas e pelos cuidados familiares, especialmente no que tange à maternidade.
“Em julho deste ano foi sancionada a lei de igualdade salarial entre gêneros, um dos compromissos assumidos na campanha presidencial do atual governo. Isso já sinalizava a relevância do tema e a possibilidade concreta do eixo mulher ser cobrado na prova. A partir de agosto, pude fazer com que esse tópico estivesse presente mais enfaticamente nas turmas do colégio em que trabalho e nos cursos que ministro. Nesses debates, noto que os alunos têm estado mais conscientes de seu protagonismo na transformação de uma sociedade tão desigual como a nossa”.
Dicas para uma boa redação
Gisele ressalta que a redação de qualidade envolve duas condições: dominar as técnicas necessárias para uma argumentação de qualidade e estar bem-informado.
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“Para garantir com que meus alunos ampliem sua bagagem sociocultural, eles efetuam a análise e a feitura de, no mínimo, um tema semanal. Pude abordar com eles temas importantes, como transição energética, precarização do trabalho, direitos humanos nos presídios, dentre muitos outros. O que mais me deixa feliz é que, para além da excelente porcentagem de 900+ na redação Enem que minhas turmas vêm apresentando nos últimos anos, sei que o aprendizado desses conteúdos é essencial para a cidadania e tão importante ao futuro de cada um deles”.
Importância do tema
Para a professora, o tema cobrado no exame é extremamente pertinente para a sociedade que encontra entraves para combater a negação de que a disparidade entre gêneros está bastante presente em nossas práticas cotidianas.
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“A igualdade é um princípio constitucional básico. Em 2019, as mulheres dedicaram quase o dobro de horas por semana aos afazeres domésticos ou ao cuidado de pessoas. Essa realidade impede com que possamos falar verdadeiramente de equiparidade. A visibilidade dessa pauta é urgente, pois o mercado de trabalho ainda subjuga mulheres, perpetuando não só a desigualdade de salários, mas também o preconceito à contratação, baseando-se nesse desequilíbrio culturalmente arraigado. Fico bastante satisfeita com o fato de a banca estar cada vez mais atenta a necessidades tão invisibilizadas, e essa escolha temática enfatiza a importância de que assuntos como esse estejam cada vez mais presentes nas pautas sociais”, conclui Gisele Pissurno.
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