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Vítima de racismo dentro de ônibus em Petrópolis lamenta impunidade do caso

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Vítima de racismo dentro de ônibus em Petrópolis lamenta impunidade do caso

[Dia da Consciência Negra] Joice de Souza Ferreira, de 21 anos, foi alvo de ofensas racistas por parte de uma mulher branca, que falou do cabelo dela e da cor da sua pele

Nesta segunda-feira, 20 de novembro, Dia da Consciência Negra, a data reforça refletir sobre questões como as desigualdades com a cor e o racismo ainda presentes na sociedade.

Petrópolis é a  3° cidade do Estado com mais casos de racismo, de acordo com o Dossiê Crimes Raciais, do Instituto de Segurança Pública do Rio de Janeiro. Foram registrados nos anos de 2018 e 2019, respectivamente, 22 e 29 crimes. Em 2020 houve uma queda no número de ocorrências – 12. Em 2022, o patamar subiu para 20.

Foto: Drone Serra

Racismo dentro do ônibus

A petropolitana Joice de Souza Ferreira, de 21 anos, foi alvo de ofensas racistas por parte de uma mulher branca, que falou do cabelo dela e da cor da sua pele. O caso aconteceu dentro de um ônibus, enquanto Joice, que é cobradora, estava trabalhando. Não satisfeita em proferir frases como: “você é uma preta de cabelo duro e você é feia”, a agressora jogou casca de banana na vítima.  

Foto: reprodução Inter TV

O caso chegou a ser registrado na delegacia e a criminosa foi presa em flagrante.

Essa é a segunda vez que a jovem é vítima de racismo. Previsto na Lei n. 7.716/1989, racismo é crime, inafiançável e não prescreve. Mas para Joice, a lei não está sendo válida.

“Me sinto desamparada pela lei. Não é a primeira vez que isso acontece neste ano. Na primeira, fui chamada de macaca e agora isso acontece novamente, do nada, quando estava trabalhando. Fiquei sabendo que ela, a racista, foi solta. Ou seja, nada aconteceu”, conta a cobradora.

Traumas

Joice que é jovem aprendiz na empresa de ônibus, parou com a atividade. A base de mediações ela conta que está traumatizada com o ocorrido.

“Fui trabalhar no dia seguinte, mas tive uma crise de choro e ansiedade. Fui afastada para me tratar e até agora não consegui voltar. Estou tomando remédio para dormir, para me manter de pé durante o dia, não consigo me alimentar direito, não consigo fazer as minhas atividades diárias.  Prejudica o nosso psicológico”.

Assistência

Joice conta que teve apoio do Movimento Negro de Petrópolis e assistência psicológica, psiquiátrica e jurídica. 

Petrópolis conta com o Núcleo de Atendimento Antirracista, que funciona de segunda a sexta-feira, das 9h às 17h, na sede da Coordenadoria da Promoção da Igualdade Racial (Copir). As denúncias são feitas pelo telefone 0800-024-1000. O número é disponibilizado direto para denúncias e oferece assistência jurídica, psicológica e assistencial às vítimas de racismo na cidade.

“Dói saber que ela está solta, podendo fazer com outras pessoas o mesmo que fez comigo e continuar impune. É muita humilhação, exposição e o trauma que fica. Ainda me disseram que eu deveria a perdoar. Se fosse ao contrário, o desfecho seria diferente. Mas como sou uma menina preta, tudo é mais difícil. Estou aguardando uma possível audiência para reparar os danos que estou sofrendo”, lamenta Joice de Souza. 

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