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Da infância sofrida à saúde plena: moradora de Petrópolis de 102 anos revela o segredo da longevidade

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Da infância sofrida à saúde plena: moradora de Petrópolis de 102 anos revela o segredo da longevidade

Elza Nazaré Moraes compõe o grupo seleto de 54 pessoas com mais de 100 anos em Petrópolis, de acordo com o Censo 2022

Os cabelos brancos, como algodão, a voz macia e o tímido sorriso no rosto, são características marcantes de dona Elza Nazaré Moraes, de 102 anos. A petropolitana, de coração, compõe o grupo de 54 pessoas com mais de 100 anos de idade, no município. Dados do Censo, divulgados no mês de outubro, pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) apontam 11 homens e 43 mulheres com idade igual ou superior a 100 anos residentes na cidade em 2022.

Foto: Sou Petrópolis

O segredo da longevidade

Mãe de seis filhos, 12 netos, 11 bisnetos e cinco tataranetos, a matriarca da família brinca ao dizer que o segredo da sua longevidade foi ter se casado somente uma vez.

“Quando me casei disse ao meu marido que ele seria o único e assim foi. Sou viúva há 48 anos, nunca mais quis saber de homem”.

Mas desde nova, a vida dessa centenária foi de muitos desafios e dores, que ainda são lembrados por ela, como se fosse hoje.

Criação

A figura materna tem poucas lembranças para dona Elza Nazaré. Nascida em Raiz da Serra, em Magé – RJ, ela conta que sua mãe morreu quando ela tinha apenas 2 anos. Seu pai e seus irmãos ela não conheceu. Criada pela madrinha, ela lembra da infância difícil.

“Naquela época, quando os pais morriam, as crianças eram entregues aos padrinhos. Minha madrinha me maltratava muito. Passava fome e apanhava muito, devido aos maus-tratos com cinco anos de idade eu não andava. Não sei porque ela não gostava de mim”, se questiona Elsa. 

Adoção

Com a saúde bem debilitada, dona Elza foi “dada” para um vizinho, que ela chama de pai de criação.   

“Ele morava em um sítio perto dos meus padrinhos e presenciava os maus-tratos que eu sofria. Até que um dia ele me pediu para ela. Mas lá também apanhava da esposa dele. Foi uma alegria para minha madrinha que queria se livrar de mim. Como estava bem doente, ela disse que ele podia levar pois eu não ia passar de uma semana. Naquela época, não tinha médico, fui curada com ervas. Foi ele que me salvou. Aqui estou, com mais de 100 anos’’.   

Trabalho na roça

O trabalho braçal para dona Elza começou bem cedo. Com apenas sete anos de idade, ela já era responsável por fazer a horta do sítio do pai de criação.

“Eu e a esposa do meu pai de criação pegávamos na enxada e plantamos hortaliças”, lembra.

Estudos

A vontade de saber ler e escrever fez com que dona Elza contrariasse as questões impostas na casa dos seus pais de criação. A alfabetização aos 12 anos é a lembrança boa que ela traz da infância na roça.

“O que aprendi foi ensinado pelos outros. Quando chegava a visita no sítio, eu perguntava as coisas escondidas, já que não podia me comunicar com ninguém. Papai dizia que não precisávamos de estudos. Uma senhora, que tinha um sítio perto do nosso, foi quem me matriculou na escola. Naquela época era só três anos (de estudo)”.  

Os estudos possibilitaram dona Elza a buscar uma vida melhor. Da roça, ela foi trabalhar em fábricas, o que possibilitou mais qualidade de vida.  

Família

Casada aos 20 anos de idade, dona Elza construiu a sua família com o seu primeiro namorado. Das sete gestações, teve seis filhos – três vivos. Cercada de muito amor e carinho pelos familiares, hoje, apesar da vida que lhe foi proporcionada, orgulha-se de poder ter o privilégio de chegar aos 102 anos lúcida. 

Dona Elsa com as suas filhas Marli e Marlene – Sou Petrópolis

“Esqueço de algumas coisas, mas lembro de muitas. Nunca fumei, nunca bebi e fui casada só com um homem. Ajudei a cuidar dos netos quando eles eram pequenos. A saúde já não é a mesma. Já não saio mais de casa. Em toda minha vida, fui internada duas vezes, com pneumonia. Amo minha casa lotada, quando juntamos todo mundo é uma festa. Me sinto muito bem, Graças a Deus”. 

Foto: Arquivo pessoal

Curioso: Dona Elza foi registrada 10 anos após o seu nascimento. Nascida no dia 15 de maio de 1921, seu registro é datado no dia 8 de agosto de 1931. Por conta disso, a família brinca que ela tem dois aniversários: o de nascimento e o de registro. 

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