Em busca de qualidade de vida, cada vez mais petropolitanos escolhem morar fora do Brasil
Só em 2022, mais de 4 mil petropolitanos solicitaram o apostilamento, ou seja, um reconhecimento de autenticidade para que documentos pessoais sejam considerados válidos em outros países
Já faz três anos que a esteticista Ana Paula Teles realizou o seu sonho e mudou-se para Portugal. O mesmo itinerário fez Felipe Raibolt, que vive no país desde outubro de 2022.
Fotos: Arquivo pessoal Ana Paula Teles – Felipe Raibolt
Nos últimos anos, muitos brasileiros têm buscado novas oportunidades para viver no exterior. A maioria vai em busca de crescimento profissional, outros querem mais qualidade de vida e novas experiências.
Dados de apostilamento
Somente em 2022, 4.382 petropolitanos solicitaram o apostilamento, ou seja, um reconhecimento de autenticidade realizado por autoridades para que o documento seja considerado válido em outros países. Os dados são do Colégio Notarial do Brasil (CNB). Até o início de setembro de 2023, 2.374 pedidos foram feitos.
Crescimento profissional
Ana Paula, de 49 anos, se mudou com o marido e os dois filhos de 2 e 5 anos em 2020. Residindo boa parte da sua vida em Petrópolis, o trabalho na sua área, explorar novas oportunidades e culturas fez a esteticista formular a sua vida em Portugal. Já com o contrato de trabalho, o marido de Ana Paulo foi o primeiro a ir, o que facilitou a legalização da família no país.
Fotos: Arquivo pessoal Ana Paula Teles
“Meu marido e eu já compartilhávamos o desejo de experimentar viver em outro país. Mas meu objetivo era trabalhar na minha área. Logo que cheguei comecei a atender numa sala dentro de um salão de cabeleireiro, embora as portuguesas adorem os profissionais brasileiros nessa área de estética, inicialmente tive que mostrar meu valor para conquistar minha clientela. Foi bem difícil. Mas eu pude investir ainda mais em mim, e desistir nunca foi uma opção. Hoje, tenho minha clientela e estou prestes a inaugurar minha clínica de estética”, conta.
Rede de apoio
Longe do restante da família, Ana Paula detalha a importância de fazer amigos para a adaptação no país. “Eles são muitas das vezes o suporte que precisamos para os almoços de domingo, os encontros na praia, as festas de fim de ano. Mas de modo geral foi tranquila a nossa adaptação. As crianças logo se fizeram amigos no colégio e isso nos acalentou muito, ver a tranquilidade deles”, lembra.
Fotos: Arquivo pessoal Ana Paula Teles
Morando em Porto, Ana Paula exalta as belezas naturais, a culinária e a educação da população. Hoje o país enfrenta uma crise imobiliária com aluguéis altos, inflação, em decorrência da guerra da Ucrânia, da pandemia e do boom imigratório.
Questionada se voltaria para o Brasil, a resposta da esteticista é: “apesar de não ter superado as minhas expectativas, não posso dizer que é ruim viver aqui, ao contrário, eu adoro esse país e sinto que ainda há muito para conhecer e explorar. Recentemente estivemos de férias no Brasil, e foi maravilhoso poder rever todos. Mas voltamos com a certeza de que hoje o nosso lar é aqui”, conclui.
País seguro
Portugal é o 6º país mais seguro do mundo e o 5º mais pacífico da União Europeia, segundo o índice Global da Paz. Não é à toa que o casal petropolitano, Felipe e Camila, escolheram Lisboa para viver com as duas filhas de ‘quatro patas’. O planejamento para mudança começou em 2020.
Fotos: Arquivo pessoal – Felipe Raibolt
”Minha esposa já possuía a dupla nacionalidade. O estudo sobre o país, até as questões de juntar dinheiro, vender carro, casa, móveis, documentação das nossas filhas, durou mais ou menos dois anos. Somente os documentos ‘delas’ demoram quatro meses para ficarem prontos. O resto foi só compra de passagens aéreas e despedida da família”, conta Raibolt.
Adaptação
Prestes a completar um ano no país, a adaptação para Camila e Felipe ainda está ocorrendo.
“Tudo aqui é muito mais burocrático e demorado. Mesmo estando legalmente no país e Camila sendo portuguesa, sempre somos vistos como imigrantes porque não nascemos aqui. Sentimos um pouco de dificuldade nisso. Tem um preconceito por sermos brasileiros. Mas nossa recepção foi ótima porque já temos duas amigas aqui. E elas nos ajudaram com aluguel de casa, primeiras compras. Foram dois anjos”, lembra.
O trabalho do casal foi conquistado em uma agência de marketing dos Estados Unidos, de forma remota. A casa própria também já foi conquistada. Até aqui, Camila classifica a estadia do casal como positiva no país.
”Estamos felizes, mas ainda não nos sentimos totalmente em casa. Acabamos de comprar uma casa, o que era um objetivo, já que no Brasil tínhamos a nossa. Mas não foi nada fácil. Foi um processo de seis meses de negociação com o banco. A segurança aqui não se compara com a do Brasil. Mesmo nos bairros mais simples, a segurança é notável. Hoje não pensamos em voltar para o Brasil. Se fosse para mudar iríamos para outro país na Europa ou Canadá.
Solicitação de apostilamento
Dúvidas sobre apostilamento, cartórios autorizados e documentações podem ser obtidas aqui.