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Petropolitana passa para a UFRJ e rifa ingressos do RTM para arcar com os custos da mudança

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Petropolitana passa para a UFRJ e rifa ingressos do RTM para arcar com os custos da mudança

Milene, de 18 anos, conquistou uma vaga para o curso de Química na UFRJ e está rifando um par de ingressos para o Rock The Mountain, festival musical que acontece em novembro em Petrópolis

Ingressar em uma universidade é o sonho de muitas pessoas. Porém, nem todos têm as mesmas oportunidades de arcar com os custos de se mudar e viver em outra cidade. Este é o caso de Milene, petropolitana de 18 anos que passou em Química na Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) e que, para conseguir começar a estudar, está vendendo rifas. Sendo o prêmio de uma delas dois ingressos para o Rock The Mountain (RTM).

Foto: Divulgação

O par de entradas para o festival foi doado para Milene por meio de uma parceria entre o festival e o Sustenta Elas, iniciativa do Projeto Todos Juntos Ninguém Sozinho (TJNS). Cada número custa R$ 10 e o sorteio será realizado no dia 31 de outubro. Mais informações no Instagram @institutotjns.

“Vimos que ela estava fazendo uma rifa de um ensaio fotográfico com 100 nomes e a R$ 5. Daria apenas R$ 500 e, para se manter nos primeiros meses da faculdade, ela precisaria fazer muitas outras rifas. Procuramos o Rock The Mountain, que é um parceiro do nosso projeto, para nos ajudar com um bom prêmio a ser rifado. Toda essa mobilização é muito importante pra gente e pode ajudar a mudar a vida dela”, conta Pamela Mércia, uma das idealizadoras do TJNS.

Sonho prestes a se realizar

No início deste ano, Milene havia conseguido uma vaga para estudar em Angra dos Reis mas, por não ter condições de se mudar, acabou tendo que deixar a oportunidade passar. Agora, com o segundo processo seletivo de 2023 do Sistema de Seleção Unificada (SiSU), a petropolitana conquistou, na primeira chamada, uma vaga para química na UFRJ. E não poderia deixar esta segunda oportunidade para trás.

“Sempre foi meu sonho estudar na UFRJ e nunca achei que conseguiria. Quero ser pesquisadora e professora e, por isso, sempre quis cursar uma Federal. Tenho muita vontade de pôr todas as minhas pesquisas e projetos em prática”, conta a jovem, que é formada em técnica em química e já produziu ações de sustentabilidade.

Foto: Divulgação

Dificuldades

Milene é filha de pais que não conseguiram terminar o Ensino Médio por falta de oportunidades, mas que sempre incentivaram os filhos a estudarem. E isto a petropolitana sempre fez. A jovem já ganhou medalhas na Maratona de Português de Petrópolis, na Olímpiada de Química do Rio de Janeiro e também na competição a nível nacional.

Em 2022, se formou em Técnica em Química. Na época da pandemia, com o pai desempregado e a mãe merendeira, passou a dar aulas de reforço para ajudar em casa.

“Quase larguei o curso técnico para trabalhar, mas meus pais não deixaram, me incentivaram a continuar estudando. Então estudava de 7h Às 18h e também comecei a vender várias coisas, de doces a bijuterias, pra ajudar em casa e ir tentando juntar dinheiro pra faculdade. Mas acabei conseguindo muito pouco, uma quantia que não dá nem pra um mês de aluguel”, declara.

Além de ter o sonho de ser cientista, Milene, ou Enelim, como também é conhecida, é rapper e poetiza e se apresenta em alguns eventos da cidade. Moradora do Chácara Flora, no Alto da Serra, a petropolitana reflete a realidade onde vive na sua arte.

“Já passei por muitas dificuldades, dentre elas a perda de uma amiga na tragédia de 2022. E é impossível esquecer aquele dia 15 de fevereiro, porque ao meu redor ainda são só barreiras, já que não fizeram nada por aqui”, relata.

Foto: Divulgação

Luta

Mesmo com tantas adversidades, Milene deseja conquistar ainda mais. “Estou focada em ter o que comer e onde morar agora, até porque, sem isso não tem como eu continuar meus estudos. Sou uma pessoa muito sonhadora apesar de todas as dificuldades. Mas não adianta só sonhar, ainda mais na realidade de onde eu venho e, por isso, continuo lutando. Infelizmente a sociedade ainda tem muito preconceito com pessoas da minha cor e com as mulheres na ciência, então sei que vai ser uma batalha constante”, finaliza.

Quem desejar ajudar a petropolitana também para além da rifa, pode entrar em contato pelo Instagram @enel1m.

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