Petropolitanas aposentadas criam Clube do Livro para compartilhar a paixão pela literatura
Atualmente, seis mulheres participam do grupo, que discute livros mensalmente
Ler livros é um hobby que, apesar de ser feito em sua maioria individualmente, se torna melhor quando partilhado com outras pessoas. Pensando em dividir as suas experiências literárias e conhecer diferentes pontos de vistas de uma mesma história, a petropolitana e psicoterapeuta aposentada Tânia Luchi criou, em 2019, o Clube do Livro Granja Brasil, também chamado de GB.
Foto: Divulgação
A leitura sempre foi algo que esteve na vida de Tânia e quando ela estava próxima de se aposentar sentiu o desejo de participar de um clube do livro. Como não havia nenhum em Itaipava, ela então fundou o seu próprio.
O que começou como um simples projeto pessoal, reuniu logo no primeiro momento mais de 10 pessoas em uma reunião em março de 2019, na Chez Bonbon, onde os encontros são realizados até hoje.
“Com o clube de leitura passei a ler de uma maneira diferente. A gente ouve o outro e percebe como o outro viu, ouviu e sentiu de formas diversas. Você resgata as impressões e sentimentos que aquele livro te provocou enquanto você o lia e também olha com os olhos dos outros, que é sempre tão enriquecedor. Tem também a socialização, o clube une pessoas e isso é muito importante, ainda mais para aposentadas”, comenta.
Como funciona
No começo, o Clube do Livro realizava discussões quinzenais, mas com o tempo chegaram ao ritmo de um debate por mês. Atualmente participam do GB 6 mulheres, todas aposentadas, sendo três delas remanescentes do primeiro encontro. Para escolherem qual será o livro do mês, o grupo segue a ordem alfabética do nome das participantes. A sorteada então indica 4 livros e todas votam.
Porém, existem algumas regras. Não são discutidos livros de política, autoajuda e religião, os encontros são compromisso e há preferência de livros premiados ou clássicos.
“Nós então lemos o livro e vamos para o café. Em geral, eu apresento o contexto, linha literária, época em que foi escrito e um pouco da vida do autor, pois gosto muito dessa parte. Depois o grupo começa a comentar e vamos debatendo”, relata Tânia.
Durante a pandemia, as reuniões continuaram a acontecer, porém, via Skype. Na época, as amigas criaram um grupo no Facebook onde compartilham curiosidades sobre clubes do livro e expõem um pouco dos debates.
“Acredito que a leitura abre a nossa mente e é a maior inimiga dos preconceitos. Ela te possibilita viajar sem sair de casa e conhecer épocas passadas. A leitura é uma distruidora de ideias pré-concebidas”, afirma.
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Ligação feminina
Tânia aponta que em quatro anos do Clube GB, apenas um homem participou dos debates. “Os clubes de leitura são eminentemente femininos desde o início da sua história em todo o mundo. As mulheres sempre tiveram muito interesse em arte e cultura”, e ressalta para a falta de grandes clubes no Brasil. “Nos Estados Unidos, por exemplo, tem o Clube do Livro da Oprah, que é muito conhecido”.
Importância do Clube
Para Silvana Bacharini, participante desde a primeira reunião, participar do clube é uma experiência maravilhosa. “Ler já é ótimo, mas dividir as opiniões com outras pessoas é ainda melhor. Às vezes um livro que você não achou tão bom assim se torna incrível pela forma com que as outras falam. Se com esse nosso exemplo uma pessoa começar a ler, já ficarei feliz. A leitura precisa ser difundida. Precisamos de um país com mais pessoas lendo e, consequentemente, mais educação”.
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Maria Victória Spangenberg, que entrou há cerca de um ano para o grupo, relata que veio de uma família que sempre leu e isso a motivou a participar do clube. “Comecei ainda na pandemia, quando os encontros eram virtuais. Gosto de estar rodeada de pessoas que considero inteligentes, curiosas, informadas e amigas com o mesmo interesse. Os clubes podem ajudar, principalmente os mais jovens, a descobrirem experiências já vividas por outros e a voar com imaginação”, comenta.
As outras três participantes, Elizabeth Bailune, Vera Olive e Rosangela Crivelaro reiteram que há uma carência de clubes do livro em Petrópolis e em todo o país, e que um mundo ideal é um mundo com mais livros.