Após enchentes e incêndio, Burguer Club Barbaridade tenta recomeçar e pede ajuda aos petropolitanos
Tradicional na cidade e conhecido pela pizza a metro, restaurante tenta recomeçar pela sexta vez após sequência de tragédias
Famoso em Petrópolis pela pizza a metro, o Burguer Club precisa do apoio dos petropolitanos. Há três anos sem conseguir se firmar, o restaurante sofreu mais um baque nas últimas semanas: um incêndio, iniciado a partir de um curto circuito, atingiu a lanchonete, que tinha inaugurado há pouco mais de 15 dias, no Bingen. Desta vez, o prejuízo foi de cerca de R$ 80 mil.
Foto: Carlos Miranda/G1
Para contornar a situação e voltar às atividades, o Burguer Club iniciou uma vaquinha online para arrecadar o dinheiro necessário para retomar o negócio familiar, que começou há 20 anos com o pai de Rodnei Cailleaux, atual dono do empreendimento.
“A vaquinha foi uma ideia dos clientes, que estavam no dia e sofreram junto conosco, e do meu filho, que estava comigo na hora. Foi uma das partes mais tristes. Ouvir do meu filho de apenas 14 anos que tínhamos perdido tudo mais uma vez”, conta Rodnei, após perder tudo pela 6ª vez.
Tragédias perseguem o Burguer desde 2020
As situações começaram a piorar em 2020, quando uma enchente atingiu a fábrica de uniformes, que ficava nos fundos do restaurante e também pertence à família de Rodnei há anos. Na época, o prejuízo foi de R$ 600 mil, entre estoques de tecidos e mercadorias prontas, já que as aulas escolares estavam próximas do retorno.
“A fábrica ficava na Mosela há 13 anos, mas mudamos para o Bingen, para conciliar com o restaurante. Aí, após um ano de trabalho, essa enchente aconteceu. Nesse primeiro momento, o restaurante, que ainda era pequeno, não sofreu tanto”, conta.
Em fevereiro, após a fábrica ter ido para um galpão, a pandemia de Covid-19 aconteceu, impossibilitando a retomada do trabalho. Quando as restrições diminuíram, a empresa não conseguiu retornar por falta de dinheiro.
“Usamos as reservas da fábrica para montar o restaurante e investir na compra de equipamentos, mas nos vimos com as duas empresas paradas e sem faturamento algum, uma situação bem difícil”, explicou.
Foto: Reprodução do Instagram
Retorno das atividades e sucesso instantâneo
Quando as coisas começaram a normalizar em Petrópolis, Rodnei focou 100% no restaurante, transformando o Burguer Club em um sucesso novamente. Em janeiro de 2022, a empresa conseguiu zerar todas as dívidas, terminando o ano de 2021 no azul.
Fotos: Arquivo/Sou Petrópolis
“Mesmo com distanciamento, máscaras e as pessoas com medo, nos reerguemos e pagamos as contas, faltando apenas os impostos. O faturamento do Carnaval fecharia isso. Estávamos muito confiantes de que o pior já havia passado”, comentou.
Mas, infelizmente, não foi o que aconteceu. No dia 14 de fevereiro de 2022, o Burguer Club sofreu com a tragédia de petrópolis. Mesmo com o investimento de mais de R$ 7 mil em comportas, a água chegou a quase dois metros de altura e tomou conta de todo o restaurante, além de destruir os carros de quem estava no Burguer Club no momento.
Fotos: Divulgação
“A situação foi tão difícil, que vendi um Fusca que valia R$30 mil por R$ 6 mil, pra tentar salvar um pouco dos salários e despesas, já que não tivemos faturamento. Desde o dia 14, foram três semanas parados, entre limpeza do restaurante e o retorno do movimento. Na quarta semana do retorno, pensamos que iríamos, mais uma vez, superar as dificuldades”, contou.
Apesar da esperança de dias melhores, em 20 de março, mais um alagamento atingiu o Burguer Club, que, mesmo com menos água, sujou e danificou mais que as chuvas do mês anterior. Apesar disso, mais uma vez, Rodnei e a família conseguiram virar a página.
“A queda de faturamento e de movimento nos impactou muito, porque a cidade estava doente. Por isso, saímos do Bingen e fomos para o Valparaíso, imaginando a redução de custos e o Corredor Gastronômico”, explicou.
Porém, infelizmente, as coisas não deram certo. A falta de movimento e estacionamento prejudicaram o funcionamento do restaurante, que fechou as portas em 30 de dezembro de 2022. “Chegou ao ponto de eu não saber o que iria comer em janeiro, sendo muito sincero”.
Novo retorno
No primeiro momento, o desespero tomou conta do coração de Rodnei, que ficou sem saída. Apesar disso, esta adversidade foi vencida pelo restaurante, que reabriu as portas apenas para o Delivery em janeiro de 2023, no Shopping Badia.
“Como fomos bem, a Brewpoint nos procurou oferecendo um ponto no Bingen. Como nosso público era de lá, mudamos. Com muita gratidão ao Erick, que já tinha pago três meses de aluguel, voltamos para o lugar que começamos. Com duas semanas de funcionamento, pagamos o primeiro aluguel. Estávamos engrenando de novo”, comemorou.
Com duas semanas, o restaurante estava a todo vapor. No momento da última tragédia, o incêndio do último dia 24 de março, o Burguer Club estava lotado e com fila de espera, provando, mais uma vez, o quanto é querido em Petrópolis.
Mesmo com a estrutura bem reduzida, que tinha Rodnei na cozinha e dois ajudantes aos fins de semana, o restaurante estava voltando a caminhar.
“Daí o incêndio começou, às 21h30 da noite. O desespero tomou conta, o medo da explosão era terrível e passava pela cabeça de todo mundo. A situação do restaurante não permite que a gente dê continuidade, infelizmente”.
Antes precisando apenas de mercadoria e um ponto para operar, agora o Burguer Club se vê sem nada. Atualmente, o restaurante só pode sonhar em retornar com a ajuda dos petropolitanos, que já começaram a apoiar através da vaquinha e de doações. De início, o principal objetivo de Rodnei é a reforma total do local, que ficou totalmente destruído pelo fogo.
“Conseguimos a doação do material elétrico e da tinta, mas ainda faltam itens essenciais para esse recomeço. Depois, vamos focar nos equipamentos, mas isso já está adiantado também. Por último, vamos buscar repôr os estoques. Perdemos todas as geladeiras e tudo ficou contaminado por pó químico no local, então descartamos tudo”, desabafou.
O futuro do Burguer Club
Para o futuro, Rodnei promete não desanimar mesmo após tantas adversidades. Com a parada do restaurante, o empreendedor voltou a trabalhar com a fábrica, que fechou as portas em 2020. Agora, o petropolitano usa o tempo para juntar roupas para a doação.
“Na época de produção, sempre doávamos. Tô preenchendo meu tempo fazendo essa ação, o bem. Acredito que assim vou receber o bem de volta. Sempre fiz isso e vou continuar, independente do que aconteça” finalizou.
Para doar qualquer quantia, basta acessar a vaquinha e ajudar esse restaurante que já fez a felicidade dos petropolitanos tantas vezes a dar a volta por cima, mais uma vez.
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