Estudante petropolitana de 53 anos é exemplo de que não existe idade certa para realizar um sonho: “Vou ser nutricionista”
Mônica Rossi tem 53 anos e cursa nutrição na UNIFASE
Nas últimas semanas, um caso de etarismo (preconceito contra pessoas mais velhas) viralizou na internet. Em Bauru, no estado de São Paulo, duas alunas do curso de biomedicina publicaram nas redes sociais um vídeo ironizando o fato de uma colega de turma ter 40 anos de idade e estar na faculdade. “Gente (com) 40 anos não pode estar mais na faculdade”, diziam rindo as meninas.
O ato de desrespeito traz à tona o preconceito que pessoas mais velhas sofrem em ambientes de trabalho e universitários. Conversamos com a estudante Mônica Rossi, que tem 53 anos e cursa Nutrição na UNIFASE Petrópolis, para saber como ela enxerga essa situação.
Foto: Divulgação
Entrada na faculdade
Mônica começou a faculdade para realizar um sonho: concluir uma graduação de ensino superior. Hoje, após os 50 anos, a estudante já está no 6º semestre da formação, faltando apenas dois períodos para terminá-la. “Vou ser nutricionista! Na faculdade tenho uma relação de muito respeito e parceria, aprendo coisas novas com a turma e eles comigo, trocamos muitas experiências”, conta a estudante.
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Essa não é a primeira vez que Mônica cursa uma faculdade. Em 1987, aos 17 anos, a estudante iniciou Ciências Contábeis na Universidade Católica de Petrópolis (UCP), mas não concluiu porque viu que tinha mais interesse por Ciências Humanas.
Etarismo
Sobre o etarismo, Mônica revelou nunca ter passado pela situação, mas disse ter ficado bem triste com o acontecimento recente que viralizou na internet.
“Foi uma situação bem desagradável. Fiquei triste pelas meninas que comentaram o ato e só pensei: que tipo de profissional vão ser, né? Nunca passei por isso e espero não passar”, explicou.
A petropolitana faz parte do grupo de pessoas com mais de 50 anos nas faculdades do Brasil, divulgado pelo último censo do Ministério da Educação, em 2019. Na época, a entidade registrou um aumento de 60% desse público nas universidades. Além disso, as projeções do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), estimam que esse número possa chegar a 70% em 2030.
Sonhos e dificuldades
Além de concluir o curso, Mônica também tem como objetivos aplicar a competência e o conhecimento técnico adquiridos na instituição de ensino para exercer a profissão, além de usar toda a experiência de vida para isso.
Para terminar a graduação, a estudante teve que lutar contra as barreiras impostas e conciliar os estudos, o trabalho e os afazeres domésticos. Apesar disso, a futura nutricionista explicou que a troca de experiências com os alunos e professores a mantém sempre em dia com as matérias.
“Tenho uma rotina bem puxada, mas acredito que passo essa vivência para a minha turma. São muito jovens, então do mesmo jeito que aprendo com eles, eles aprendem comigo”, explicou.
Atualmente, Mônica trabalha como MEI e fornece serviços de instalação de cortinas, estofados, capas para sofá e toldos. Mas o objetivo maior ela espera alcançar em breve: ser uma nutricionista reconhecida pelo o que faz, e não por quantos anos ela tem. Até porque idade nunca foi um impeditivo para ela correr atrás de seus sonhos.
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Para ajudar a combater o etarismo, a UNIFASE oferece uma bolsa de estudos com 50% de desconto em todos os cursos para alunos com mais de 50 anos de idade (exceto para enfermagem, medicina e odontologia). Outras informações podem ser obtidas no site da universidade.