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Biomédica petropolitana de 26 anos conquista vaga em universidade dos Estados Unidos

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Biomédica petropolitana de 26 anos conquista vaga em universidade dos Estados Unidos

No Departamento de Física da Auburn University, Raissa Santos de Lima Rosa pesquisa as chamadas doenças tropicais negligenciadas

A petropolitana Raissa Santos de Lima Rosa, de 26 anos, é um orgulho para a cidade e inspiração para muitas outras meninas e mulheres que desejam seguir a área da ciência. Formada em biomedicina pela Universidade Católica de Petrópolis (UCP), a pesquisadora integra atualmente o Departamento de Física da Auburn University, no Alabama, Estados Unidos, onde estuda as chamadas doenças tropicais negligenciadas.

Foto: Arquivo Pessoal

“São aquelas que afetam, principalmente, os países subdesenvolvidos e, por isso, a indústria farmacêutica internacional não enxerga um real valor para incentivar a produção de novos farmácos para elas. Trabalho sempre nessa linha para ajudar ao máximo o país”, comenta.

Neta de nordestinos que sequer tiveram a oportunidade de terminar seus estudos, e filha de um motorista e uma vendedora, Raissa nunca imaginou que poderia estudar fora do Brasil um dia.

“Me formei em uma cidade do interior do Rio de Janeiro e não pensava que um dia estaria nos Estados Unidos. Todas as oportunidades que eu tive de estudar eu agarrei e dei o meu máximo. Estar nesse lugar é a prova de que o esforço vai valer a pena no futuro. Tive que abdicar de muitas coisas pelos estudos, mas valeu a pena para viver essa experiência incrível. Sou muito feliz por poder colher esses frutos”.

Raissa e a avó, Josefa Maria dos Santos, sua inspiração de vida. Foto: Arquivo Pessoal

Trajetória acadêmica

Buscando ser sempre muito ativa na universidade, Raissa e seus colegas foram os responsáveis pelo primeiro diretório acadêmico de biomedicina e pela atlética do curso na UCP. Dois anos após ingressar na instituição, em 2016, a petropolitana começou uma iniciação científica no Instituto Nacional de Metrologia (Inmetro), onde estudava bactérias relacionadas à produção de biogás.

Para o seu trabalho de conclusão de curso (TCC), defendido em 2018, Raissa passou a pesquisar a bactéria causadora de tuberculose, após ter sido acometida pela doença e percebido as dificuldades no tratamento.

“Fiz todo o processo através da rede pública de Petrópolis e era preciso tomar um medicamento que dava muita reação diariamente. Pra mim, que sabia a importância de me tratar e que tinha condições de sair de casa e ir até o Centro de Controle de Doenças no Bingen já era complicado, imagina pra quem é mais carente. Isso dificulta a adesão terapêutica e, sem tratar, a forma da tuberculose fica crônica, levando a altas taxas de morte. A população mais pobre vem a sofrer mais com isso”, aponta.

Após defender o TCC, ainda em 2018, a cientista prestou seleção para o metrado no Programa de Pós-graduação em Biotecnologia Aplicada à Saúde, no próprio Inmetro, onde passou em 1° lugar. O tema do mestrado continuou sendo a procura por um novo medicamento para a tuberculose, porém, somado a isso, ela também abordou uma outra doença, que é a malária.

“Participei de muitos congressos, tive várias oportunidades fui pra Joinville (SC), Fortaleza (CE) e Santos (SP). Essa vida de pesquisador proporciona oportunidades para compartilharmos nossas experiências com os outros”, relata.

Em 2020, após concluir o mestrado, a petropolitana conheceu a pós-graduação ao qual está vinculada atualmente, no Programa de Biologia Computacional e Sistemas da Fiocruz/RJ. “Meu tema do doutorado também é sobre uma doença que acomete as populações mais pobres, especialmente do norte e nordeste do Brasil, que é a doença de Chagas. Assim como a tuberculose, ela ainda não tem um tratamento eficaz e o que está disponível hoje é muito tóxico”, conta.

Doutorado no exterior

Um grande sonho de Raissa era estudar fora do Brasil e, ainda em 2020, ela conheceu o Programa de Internacionalização (PrInt), vinculado a Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior. A discente então começou a estudar inglês para a prova de proficiência e, através de uma professora, conheceu um pesquisador que estava recrutando outros cientistas para trabalhar com ele nos Estados Unidos. Foi assim que, em setembro de 2022, Raissa prestou seleção para o Departamento de Física da Auburn University.

Raissa e o mascote Aubie da Universidade de Auburn na celebração de Natal. Foto: Arquivo Pessoal

“No Brasil eu estudava a doença de Chagas com uma proteína específica através da modelagem comparativa. Nos Estados Unidos eu vim estudar outra proteína, mais para o lado da física, onde as analiso num ambiente controlado em um computador que regulamos a pressão e a temperatura e simulamos a proteína em determinados ambientes para vermos qual tipo de interação ela pode fazer com um ligante. É uma proteína mecanobiológica, que está na superfície do parasita que causa a doença e se liga a uma outra proteína na superfície do humano”, explica.

Para os próximos passos, Raissa pretende voltar ao Brasil para defender o doutorado na Fiocruz e, logo depois, aplicar uma vaga diretamente na Auburn University e continuar nos Estados Unidos.

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