Casos de abandono e maus-tratos de animais aumentam em Petrópolis
Entidades de proteção e voluntários estão sobrecarregados com os pedidos de ajuda. Protetores fazem apelo por políticas públicas eficazes para combater práticas criminosas
No início desta semana, mais um caso de abandono de animais ganhou destaque nas redes sociais: sete cães, sendo quatro filhotes, foram deixados na Rua Lopes Trovão há cerca de dois meses. Uma moradora relatou que os cachorros são alimentados ocasionalmente, mas o estado no qual se encontram é grave, já que estão doentes.
Foto: reprodução/Redes Sociais
Esse é mais um pedido de ajuda, dentre as dezenas registrados diariamente entre os protetores e entidades da cidade. Mesmo com a mudança na legislação e o aumento da pena para quem praticar atos de maus tratos contra animais, as ocorrências só aumentam e não há um posicionamento ou suporte do poder público, muito menos a punição de quem pratica tais atos criminosos.
Virgínia Moreira, protetora e voluntária da ONG Somos Todos Protetores, conta que durante a pandemia houve um aumento do número de adoções de animais, já que as pessoas buscavam companhia por passarem mais tempo em casa. Porém, com o fim do lockdown e a volta a rotina de trabalho, começaram a aparecer novos casos de animais abandonados, inclusive muitos dos que foram adotados.
“Mas o momento pior foi quando passamos pela catástrofe. A gente começou a ter certeza de quantos animais viviam nas ruas, fora aqueles que pertenciam àquelas pessoas que perderam tudo na tragédia”, destaca Virgínia.
Foto: reprodução/Somos Todos Protetores
A protetora reforça que o período foi caótico para todos. Muitos dos animais resgatados foram encaminhados para outros municípios e, com isso, perderam o contato e a localização dos mesmos. Os pedidos de ajuda não paravam; faltava alimentação para cães e gatos; além da carência financeira dos tutores que queriam mantê-los, mas não conseguiam.
Atualmente, sob a tutela da ONG e de seus voluntários, estão cerca de 110 animais, divididos entre a sede e lares temporários.
Políticas públicas e soluções para o problema
“As políticas públicas parecem uma coisa mítica. Uma das medidas essenciais é a penalização, aumentar essa multa, pois a lei de maus tratos é ‘factoide’. Quando você sente no bolso, fica mais claro”, reforça a protetora.
Virgínia destaca também que não adianta retirar o animal do tutor que está sendo acusado de maus tratos e não ter um local para encaminhá-lo. Lembrando que a cidade não possui um abrigo ou canil público. E, com isso, os protetores e entidades ficam sobrecarregados com os pedidos de ajuda.
Outra ação importante para ajudar a reverter essa situação é trabalhar junto as escolas e assistências sociais a questão da proteção animal. “Eles são serem sencientes, ou seja, que tem as mesmas necessidades que os humanos”, explica a protetora.
Foto: reprodução/Somos Todos Protetores
“A castração também deve ser continuada. Tem que acontecer. O mutirão deve ser algo que acontece o ano inteiro, em todos os distritos. Quando você castra, evita o aumento da população desses animais de rua e ajuda na saúde dos mesmos”, complementa Moreira.
Entidades ficam sobrecarregadas com pedidos de ajuda
Márcia Coelho, protetora da entidade Dog’s Heaven, também reforça que o número de abandonos aumentou após as duas tragédias do início do ano. E que, sem políticas públicas, as ONGs, protetores e voluntários ficaram sobrecarregados com os casos.
A própria Cobea conta com a ajuda da Dog’s Heaven para dar abrigo e suporte em ocorrências de maus tratos, já que não contam com verba ou estrutura para o tratamento e recuperação dos animais após o resgate. Como foi o caso deste pitbull.
Foto: divulgação/Dog’s Heaven
“Esses cinco também foram resgatados no Morro do Alemão, pela Cobea, e estão conosco. Cada um tinha mais de 50 carrapatos, estavam desnutridos e desidratados. Sendo que dois foram diagnosticados com doenças transmitidas por carrapatos. A Rapha (responsável pela Cobea) foi incrível, mas não dão ferramentas para que o órgão possa trabalhar. Nenhuma ajuda! Nós que estamos cuidando de tudo”, conta Márcia.
Foto: divulgação/Dog’s Heaven
Lembrando que no período de férias, muitas famílias saem em viagem e acabam abandonando os animais de estimação ou os deixam em casa, sem alimento ou água. Tais atos, de acordo com a legislação, são considerados crimes.
Questionada sobre as denúncias e problemas enfrentados pelas entidades de proteção animal, protetores, voluntários e, inclusive a Cobea, a Prefeitura não respondeu até o fechamento desta reportagem.