Chuvas: após abaixo-assinado, moradores do São Sebastião voltam a pedir por providências
Bairro é um dos que constam em pedido ajuizado pelo MPRJ para a realização de obras de mitigação de riscos em caso de chuvas fortes
Bairro cuja incidência de chuva tem sido a mais alta da cidade, o São Sebastião registrou, segundo dados enviados na última quarta (2), pela Defesa Civil, 173.6 milímetros de chuva em 24 horas, sendo que a partir de 120 mm é comprovado o aumento do risco geológico. Preocupados com a situação, há quatro meses mais de 50 moradores de uma das servidões se uniram em um abaixo-assinado pedindo por intervenções, dentre elas a instalação de um ralo e a substituição de uma antiga rede de manilhas. Até o momento, o local permanece o mesmo.
Foto: Bruno Ferreira Soares
Primeira servidão à direita de quem vai em direção ao Olga Castrioto, a via íngreme tem escoado a água da rua principal – Indaiá. Sendo assim, as casas que estão situadas no final da servidão e, portanto, na área mais baixa, acumulam a água vinda não somente das casas que constituem o complexo residencial e que, com suas calhas e escapes dos muros, direcionam a chuva para elas, mas também da rua de cima. Em relatório da Defesa Civil anterior à pandemia, já havia sido constatada a necessidade de instalação de um novo ralo para dar vazão ao topo da servidão.
Odete Fátima de Souza, moradora da última casa da servidão, foi quem acionou a Defesa Civil na época. Com somente uma canaleta – descrita pela Defesa Civil em relatório de ocorrência como insuficiente “para o grande volume de água escoada em dias de chuvas mais intensas” – a via tem sido alvo de preocupação recorrente dos moradores, principalmente após as tragédias de fevereiro e março. No início do ano, dada a inclinação da via e a velocidade com que a água desceu, o volume chegou a cerca de 1,5 metros de altura.
Odete explica que, depois das chuvas do primeiro semestre, esperou por um período até que os casos mais urgentes fossem ouvidos pelo poder público antes de protocolar o pedido da servidão e mobilizar os outros moradores para um abaixo-assinado. Hoje, ela receia estar em área de risco. “Vivemos com um sentimento de impotência por dependermos da tomada de decisões do poder público. Dois muros meus já caíram e, em casas vizinhas, as pessoas correm risco de desabamento das casas”.
Uma dessas pessoas vizinhas é Marcia Beer. Proprietária de dois imóveis – um no qual reside e o outro alugado para uma inquilina – ela também demonstra sua agonia com a situação vivida. Após ter a casa inundada pelas tragédias deste ano, sempre que chove com mais intensidade ela remove toda a mobília do lugar. Em fevereiro e março, foram sofás e móveis perdidos, além de lembranças da história da família. Além da água da servidão que é direcionada para a casa que Marcia aluga e que está interditada pela Defesa Civil, o seu lar é termômetro da rua Vital Brasil.
“Se encher lá na frente, naturalmente vai encher aqui. Foi pedido um caminhão para desentupir a galeria. A gente ligou muito para a Comdep e até hoje eles não fizeram nada. Não adianta fazer contenção se volta pelo ralo. Agora final do ano e verão vai ser um desespero para todo mundo. Em quem a gente vai contar?”. Sem ter em quem se apoiar, ela divide suas preocupações – uma delas é que a casa de trás desabe. O imóvel foi construído sob a antiga rede pluvial do bairro que não tem comportado o volume d’água registrado e que, por isso, precisa ser substituída.
Algo nunca antes visto na história do bairro
Em outubro deste ano, o MPRJ ajuizou um pedido para a realização de obras de mitigação de riscos em caso de chuvas fortes, e o São Sebastião é um dos 24 bairros destacados. Para Eliane Maria Rocha Rodrigues, que nasceu na casa em que reside até hoje na referida servidão, até este ano não se tinha registros de um estrago tão grande na área como foi o das tragédias. “Em fevereiro e março a água entrou em uma porta da minha casa e saiu pela outra. Nós nunca tínhamos tido problema assim. Estou traumatizada. Estamos a dias com chuva”.
Em nota, a Prefeitura informou que “vem realizando intervenções em vários pontos da cidade, incluindo a localidade do São Sebastião”. No Capitão Paladini, a Assessoria de Comunicação da Prefeitura afirmou que “está sendo concluída a construção de um muro de gabião, garantindo a segurança da via” e que, em breve, a demanda do abaixo-assinado dos moradores será atendida. Na nota, é dito, ainda, que a Prefeitura tem projetos de contenção para as ruas Alexandre Fleming e Franklin Roosevelt e que, caso o município não receba recursos do Governo Federal, será utilizado parte do empréstimo feito com a Caixa Econômica Federal (CEF) para executar essas obras.
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