Grupo de petropolitanos leva cine debates para instituições de Petrópolis
Cine Pagu discute produções audiovisuais e tem curta-metragem feito com crianças do bairro Independência e vencedor de nove prêmios
Ver o trailer de um filme, se interessar e ir ao cinema assisti-lo deveriam ser passos muito simples, certo? Mas não para os moradores de 75% dos municípios do Rio de Janeiro. De acordo com a pesquisa mais recente da Agência Nacional de Cinema (Ancine), das 92 cidades do Rio, apenas 23 têm salas de cinema.
Pensando em democratizar o acesso à cultura, o Cine Pagu, coordenado pela petropolitana e produtora audiovisual Beatriz Ohana, leva discussões de filmes a instituições da cidade.
Foto: @maridcrocha
Para ela, por mais que Petrópolis tenha salas de cinema, elas fazem parte de circuitos comerciais, e a importância do Cine Pagu está em discutir filmes fora desse circuito. “É muito rico apresentar novas realidades a partir dos filmes e ampliar a visão dos jovens e crianças. Isso contribui diretamente para a formação delas”, relata.
As produções debatidas pelo Cine Pagu são as mais diversas, mas sempre com o foco em discutir temas relevantes. “O cinema é um forte aliado da educação, da formação cidadã de crianças e jovens. Essa relação é muito positiva e o Cine Pagu prioriza muito isso”, afirma.
Foto: @maridcrocha
Curta-metragem e documentário
O Cine Pagu começou em 2017, quando foram realizadas sessões itinerantes em várias escolas e universidades da cidade. Em 2019, o projeto realizou uma ocupação em duas redes de ensino. No Cefet, onde uma vez por mês era feita uma exibição para adultos, e no Centro Educacional Comunidade São Jorge, no Independência.
Neste último, foram realizadas sessões para 45 crianças de 8 a 14 anos. No segundo semestre de 2019, o grupo se uniu para desenvolver um projeto de formação audiovisual, que culminou na criação do curta metragem ‘A incrível aventura das sonhadoras crianças contra lixeira furada e capitão sujeira’.
Foto: @maridrocha
“Eles passaram por todas as etapas da construção de um filme. Foi um curta-metragem feito com as crianças, a partir da visão delas e do que elas queriam contar”, explica.
As crianças, além de atuarem, ocuparam funções nas áreas técnicas do filme, encabeçadas por um profissional do cinema. “O filme já passou em mais de 20 festivais nacionais e internacionais de cinema. Recebeu nove premiações e fez uma carreira muito legal. Foi um momento muito rico”, conta.
No ano passado ainda foi criado um documentário com a história do processo de formação e filmagem do curta, intitulado ‘Matéria de cinema’.
Foto: @maridcrocha
Exibições
Neste ano, o Cine Pagu, em parceria com o Instituto de Cultura em Movimento do Rio (Icem), recebeu o projeto ‘Cinema em movimento’, que é uma amostra gratuita de filmes que leva temáticas em torno da educação e dos direitos humanos para nove municípios do estado. O projeto terminou no último dia 15.
A próxima sessão do Cine Pagu em Petrópolis será realizada nesta terça-feira, em comemoração ao Dia Nacional da Visibilidade Lésbica. Será exibido o curta-metragem “Rebu: a egolombra de uma sapatão quase arrependida”, na Praça Visconde de Mauá, às 18h30.
Foto: @maridcrocha
Os planos do Cine Pagu para este ano são de realizar uma sessão por mês no CDDH. “Temos muitos sonhos com a nossa relação com as escolas, em especial com o Independência, onde criamos um vinculo muito forte. Então temos vontade de fazer uma escola de cinema lá, ou de voltar com a formação audiovisual lá. Visar as escolas, que é onde temos a maior motivação”, finaliza.
As sessões do curta e dos debates podem ser marcadas através do site do Cine Pagu. Mais informações podem ser encontradas também nas redes sociais @cine.pagu.
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