Costureira que viu água subir até o teto de casa fala sobre esforços para recomeçar após tragédia
Rita de Cássia mora em Cascatinha e presta serviços para confecções da cidade. Das 12 máquinas que tinha, só duas retornaram da oficina e pelo menos quatro não têm recuperação
As tragédias de 15 de fevereiro e 20 de março em Petrópolis geraram uma série de prejuízos para o comércio na Rua do Imperador e também impactou diretamente a vida de quem trabalhava em casa e teve o espaço invadido pela água. Além de perder os itens pessoais, centenas de pessoas, além do Centro Histórico, perderam também os equipamentos essenciais para a atuação profissional.
Este é o caso da Rita de Cássia Oliveira, de 55 anos. Ela mora em Cascatinha, é costureira profissional desde os 22 anos e trabalha em casa fazendo costuras para diversas empresas. No local, mantinha doze máquinas, entre overloques, retas e colaretes, e fazia contratações temporárias de pelo menos 8 mulheres que moram na região.
Foto: Arquivo Pessoal Rita de Cássia Oliveira
Em 15 de fevereiro, a costureira teve os equipamentos de trabalho destruídos pela enchente. Na casa dela, a água subiu até o teto. Além das máquinas de costura, perdeu linhas e roupas dos clientes e tudo que tinha em casa, como móveis, louças e roupas.
Água foi até o teto da casa da Rita. Foto: Arquivo Pessoal
Pouco mais de um mês após a tragédia, Rita conta sobre os esforços e desafios que têm enfrentado para recomeçar. O primeiro deles, é ver quais máquinas têm conserto. Das 12, ela conta que já sabe que quatro ficaram totalmente danificadas e não terá como recuperar.
Duas delas, são colaretes. “Essa lama enferruja e em alguns casos não tem recuperação”, diz. Outras duas máquinas já passaram por limpeza e conserto e estão sendo usadas pela costureira no momento.
Foto: Arquivo Pessoal Rita de Cássia
Além dessas que foram recuperadas na oficina, a costureira também conseguiu emprestada uma máquina reta para usar até que a dela fique pronta. “Estou nesse processo de recuperação das máquinas, ainda falta a maioria, preciso de mais uma reta e de no mínimo seis máquinas funcionando para voltarmos ao que era antes da tragédia”, afirma.
Sobre o dia da tragédia
No dia 15 de fevereiro, Rita ficou sabendo pela filha que o nível da água do rio estava subindo muito no Centro da cidade. Na mesma hora, liberou as oito costureiras que estavam na casa dela.
“Não deu tempo de tirar nada. A água subiu muito rápido. Perdi tudo”, conta Rita, que se abrigou na casa dos pais, que moram em cima. Sobre o prejuízo, ela diz que por enquanto é em torno de R$ 3 mil.
Já em 20 de março, Rita disse que a água subiu um metro e que não tinha mais nada para levar. “A casa está vazia, não tem mais móveis, não tem mais nada”, afirma.
Diante do ocorrido, Rita se vê insegura para continuar no mesmo lugar. “Nasci aqui e nunca teve enchente assim. Já aconteceu da água vir nas ruas, mas só quando chove muito, como foi em 2011. Por isso, busquei outro local para morar e trabalhar. E já me mudo na próxima semana”, conta.
Recomeço
Após se mudar, Rita disse que vai trabalhar para conseguir conquistar novamente tudo que perdeu na enchente. Até o momento, ela conta que ganhou fogão, algumas panelas e um colchão. E todo o resto terá que comprar, mas aos poucos.
Foto: Arquivo Pessoal Rita de Cássia
“Quero mudar o mais rapidamente possível e voltar a vida normal. Eu vivo do trabalho de costura e modelagem, tenho essas oito costureiras que me ajudam e dependem desse ofício. Por meio desse trabalho, é que vou reconstruir minha vida e minha casa”, conclui.
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