Os moradores querem saber: o que já foi feito em Petrópolis um mês após a tragédia?
Novas moradias, aluguel social, Coronel Veiga, a situação das encostas, a reforma do Túnel Extravasor e outras dúvidas
Há um mês Petrópolis teve sua história alterada por aquele que foi descrito como o maior desastre do município. Às vésperas de completar 179 anos, a cidade ainda é marcada por traços da destruição, o que leva os moradores a uma pergunta: o que já foi feito um mês após a tragédia? A Sou Petrópolis fez contato com a Prefeitura em busca de algumas das principais respostas para dúvidas frequentes de leitores, e o resultado você confere a seguir.
Desabrigados e moradias
De acordo com nota enviada à Sou Petrópolis pela Prefeitura Municipal, até esta segunda (14) havia 685 pessoas nos pontos de abrigo. Além delas, há centenas de relatos de petropolitanos que tiveram que abandonar suas casas pela proximidade com imóveis afetados por deslizamentos. Ainda que não nos pontos de apoio, são moradores que têm sido abrigados por familiares e amigos e que também não têm como retornar aos seus lares.
Foto: Mariana Rocha (@maridcrocha)
Ainda segundo o comunicado, “no dia primeiro de março, a Prefeitura de Petrópolis disponibilizou para o governo do Estado o terreno do Caetitu, em Corrêas, para a construção de cerca de 250 unidades. O governo do Estado também conta com terrenos na Mosela e no Vale do Cuiabá para a construção de casas em 2011, que nunca saíram do papel”. O órgão não comentou quanto à previsão de entrega dos imóveis.
Nesta terça (15), a Prefeitura anunciou a compra de um imóvel na Rua Floriano Peixoto que deve abrigar 32 famílias vítimas da tragédia no município. O prédio, avaliado em R$ 3,5 milhões, conta com 20 kitnets e 12 apartamentos e será adquirido com parte do recurso enviado pela Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro (Alerj) – R$ 30 milhões no total.
Saiba mais: Imóvel na Rua Floriano Peixoto, no Centro, deve abrigar 32 famílias vítimas das chuvas em Petrópolis
Coronel Veiga
No que diz respeito ao tráfego de veículos na Coronel Veiga em dias de chuva, a Prefeitura alegou que “a Defesa Civil (DC) já adota, há anos, o fechamento da Rua Coronel Veiga, no Centro da Cidade, quando há risco de transbordamento”. Apesar de alegar que o trecho é interditado em situações de perigo, quem mora nas proximidades ou utiliza a via com frequência diz o contrário. Tanto que, no dia da tragédia, a via estava aberta para o trânsito.
Ônibus foram arrastados para o rio com a força da correnteza / Foto: Evaldo Macedo
Para evitar novas tragédias, o pai do jovem Gabriel, uma das vítimas dos ônibus levados no dia da enchente, anunciou que irá criar um Instituto para cobrar medidas do poder público. “Por meu filho e pelas outras vítimas. Isso não pode mais acontecer! Tem que ter protocolo de segurança. A gente sabe que se chove está propício a alagar”, diz o petropolitano Leandro, pai de Gabriel.
Desentupimento de bueiros e reparos no Túnel Extravasor
A tragédia chamou atenção para o entupimento dos bueiros que contribuíram consideravelmente para o acumulo d’água em diversos pontos da cidade. Um outro aspecto que voltou a ser comentado é a necessidade de reforma do Túnel Extravasor. Construída há 50 anos, falta manutenção para a estrutura. A Sou Petrópolis indagou à Prefeitura com relação a quando os petropolitanos podem esperar pela limpeza dos rios, bueiros e pelos reparos no Extravasor.
“A Prefeitura de Petrópolis informa que assumiu o governo no dia 18 de dezembro de 2021 e que vinha realizando a limpeza dos bueiros. Com relação ao túnel extravasor, a Prefeitura informa que a manutenção e obras são de responsabilidade do Instituto Estadual do Ambiente (Inea). Equipes do Inea realizaram na última semana uma vistoria no local”.
Em 2019, o Inea fez uma licitação para que uma empresa faça todos os estudos necessários para elaboração de um projeto de revitalização do túnel extravasor. Em 2020, técnicos do Instituto chegaram a realizar uma vistoria no local para estudar obras emergenciais que seriam realizadas pelo governo do Estado para recuperação do canal. Passados dois anos, a cidade continua a aguardar pela reforma.
Encostas
De acordo com especialistas, a recomposição vegetal de encostas e margens de rios contribui para tornar as cidades menos suscetíveis a desastres. Em contato com a Prefeitura, a Sou Petrópolis buscou entender quais medidas o governo já estuda e quais políticas serão implementadas daqui para frente para evitar a ocupação irregular e desordenada em encostas e áreas de risco.
Foto: Mariana Rocha (@maridcrocha)
Segundo a Prefeitura, a Secretaria do Meio Ambiente vai iniciar um trabalho de reflorestamento em conjunto com ações da Defesa Civil e Assistência Social”. Em relação à ocupação irregular, a Prefeitura disse que “recebe denúncias e fiscaliza, mas que o problema vai além da repressão”. E frisou ainda que “a ocupação dessas áreas é uma questão social e econômica e deve ser equacionada com políticas públicas não apenas municipal, mas principalmente nas esferas Estadual e Federal”.
Aluguel social
Logo após a tragédia no município, foi anunciada a concessão do aluguel social às vítimas dos deslizamentos. Segundo a Prefeitura, até esta segunda (14) 170 desabrigados conseguiram um novo lar. Ainda de acordo com o órgão, “a Secretaria Municipal de Assistência Social está concluindo o levantamento do cadastro do Aluguel Social e o benefício – R$1 mil (R$800 pelo Estado e R$200 pela Prefeitura) – será pago no quinto dia útil”.
Foto: Mariana Rocha (@maridcrocha)
O valor de responsabilidade da Prefeitura será depositado na conta do locador. Mais informações sobre o aluguel social podem ser obtidas em: Prefeitura diz que laudos das vistorias não são necessários para a solicitação do aluguel social; saiba como proceder
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