Para evitar uma “segunda tragédia social” provocada pelo desemprego, sindicatos estimulam retomada do turismo e do comércio em Petrópolis
De acordo com o Sicomércio, o setor de bens e serviços emprega mais de 40 mil pessoas em Petrópolis em cerca de 11 mil estabelecimentos
Diretamente impactados ao longo de dois anos pela pandemia, devido à tragédia em Petrópolis o comércio e o turismo locais voltaram a sentir na pele incertezas e instabilidades. Em função das enchentes e deslizamentos do dia 15 de fevereiro, centenas de estabelecimentos foram invadidos pela força da água e a cidade paralisada por quase duas semanas. Com o retorno gradual da atividade em Petrópolis, sindicatos do município chamam a atenção para a importância da retomada dos serviços locais para evitar uma segunda tragédia social provocada pelo desemprego. De acordo com uma estimativa preliminar do Petrópolis Convention & Visitors Bureau, no setor do turismo a perda deve chegar a R$ 50 milhões.
Foto: Arquivo/Sou Petrópolis
Com ocupação de 60% da rede hoteleira no período do Carnaval, Fabiano Barros, presidente do Petrópolis Convention & Visitors Bureau, explica que durante o feriado o movimento foi concentrado nos distritos e que, daqui para frente, uma das apostas para alavancar o setor é o turismo corporativo. “Com a divulgação da cidade nas principais feiras do país, a tendência é o movimento gradualmente retornar nas próximas semanas”. Em função do ocorrido, contudo, a estimativa preliminar é de “uma perda de R$ 50 milhões para o turismo em 3 meses para o setor, que já apresentava uma melhora a partir do final do ano passado”, relata Fabiano.
Para Germano Valente, presidente do Sindicato de Hospedagem e Alimentação de Petrópolis, por se tratar de uma das principais atividades econômicas do município é fundamental que o turismo e o consumo no comércio local voltem a ser estimulados para evitar o que descreve como ‘uma segunda tragédia social’. “Em um primeiro momento, as entidades, hotéis e restaurantes foram – e continuam sendo – muito ativos na ajuda aos atingidos pelas chuvas. Seja organizando ações de recolhimento e entrega de donativos ou oferecendo alimentação e hospedagem aos atingidos e pessoal de apoio. Agora, Petrópolis não só está limpa como precisa de ajuda na recuperação econômica”.
Germano ressalta a importância do uso de ações para manter as empresas abertas, a exemplo de linhas de empréstimos específicas, isenção ou prorrogação de impostos e ações de marketing. “Em Itaipava e região, por exemplo, nada aconteceu, mas nós já notamos que são locais sofrendo grande desaceleração. O risco é termos uma segunda tragédia social, mais silenciosa, que vem com o desemprego e diminuição da renda da população”, descreve. De acordo com o Sicomércio, o setor de bens e serviços emprega mais de 40 mil pessoas em Petrópolis em cerca de 11 mil estabelecimentos. No Centro, das 300 lojas afetadas pelas chuvas, estima-se que entre 200 e 250 delas já tenham voltado à atividade.
Segundo Marcelo Fiorini, presidente do Sindicato do Comércio Varejista, a previsão é de que em menos de um mês o comércio já esteja operando em sua totalidade. “A gente precisa entender que a perda econômica pode ser tão nefasta quanto a perda da tragédia. Os empresários vêm de um momento delicado. Muitos vinham lutando para sobreviver. Tem empresa que estava começando a pagar o financiamento que pegou na pandemia agora quando veio a tragédia. É fundamental que as pessoas comprem em Petrópolis e que a cidade volte a ser visitada porque é o que movimenta a nossa economia”, reflete Marcelo.
Somente na Rua Teresa, ainda levando em consideração dados do Sicomércio, são mais de 30 mil empregos gerados direta e indiretamente por conta do turismo. Na última quinta-feira (3), o polo de moda anunciou a reabertura das lojas para atendimento físico aos clientes e visitantes. Denise Fiorini, presidente da Associação da Rua Teresa, destaca a possibilidade de compra online em grande parte dos estabelecimentos que compõem a via e também a essência que pauta os negócios: normalmente mantidos por famílias que, há gerações, têm nas empresas sua principal fonte de sustento e nos negócios uma ação em cadeia que afeta milhares.
“Se o povo se unir e der as mãos para o petropolitano consumir em Petrópolis essa retomada vai ser possível. Se o comprador quiser vir até a Rua Teresa nós vamos atender com o maior carinho, mas se você precisa comprar online, não compre nas grandes redes, dê preferência ao que é daqui porque alguma loja vai se encaixar no seu perfil. No caso das roupas, quando você apoia uma marca da cidade essa ação envolve a pessoa que vende sacola, botão, linha, você ajuda o empresário, quem faz a roupa, quem trabalha nos Correios. É uma cadeia que movimenta a cidade inteira, e isso em todos os segmentos”, aponta Denise.
A Associação da Rua Teresa tem feito uma arrecadação pelo PIX 02.800.932/0001-44 em prol de seus colaboradores que foram afetados pelas chuvas. Toda a renda será destinada a eles. Para os interessados em comprar de maneira remota com lojistas do polo de moda da via, há mais de 100 marcas vendendo para todo o Brasil. A listagem completa de lojas pode ser conferida clicando aqui e mais informações podem ser obtidas em: @ruateresaoficial
Pela plataforma OrigemShop também é possível adquirir produtos de diversos lojistas petropolitanos que, após a tragédia, cadastraram seus negócios na plataforma.
Veja também:
- Confira 5 formas de ajudar o comércio de Petrópolis a se reerguer após a tragédia
- SOS Serra: conheça quem está por trás do projeto que tem angariado ajuda para Petrópolis no Brasil e fora dele
- 5 iniciativas e projetos sociais transformadores para continuar ajudando as vítimas da tragédia em Petrópolis
- 5 formas efetivas de ajudar a cidade e as vítimas da tragédia em Petrópolis
- Carinho que atravessa fronteiras: animais e famílias removidas de área de risco mantém contato diário
- Teto para Todos: projeto ajuda a reerguer famílias com doação de móveis e eletrodomésticos
- #AbracePetrópolis: 16 lojas atingidas pela enchente que precisam de ajuda para se reerguer