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Instituição de especialistas em atendimento a vítimas pós-tragédia busca apoio para chegar a Petrópolis

Saúde

Instituição de especialistas em atendimento a vítimas pós-tragédia busca apoio para chegar a Petrópolis

Desde 2008, voluntários da EMDR atuaram em diversas catástrofes no Brasil com o objetivo de melhorar a qualidade de vida das pessoas que viveram momentos de trauma

A Associação Brasileira de Dessensibilização e Reprocessamento por meio de Movimentos Oculares (EMDR), instituição que reúne médicos e psicólogos especializados em catástrofes, busca apoio para enviar equipes para atender vítimas da tragédia em Petrópolis.

Foto: TV Brasil

Desde 2008, voluntários da EMDR, uma espécie de Cruz Vermelha da Saúde Mental, atuaram em diversas catástrofes no Brasil, como de Blumenau (SC), Brumadinho (MG) e Suzano (SP). O objetivo é oferecer atendimento para as vítimas das tragédias, melhorando a qualidade de vida dessas pessoas que viveram momentos de trauma.

“Uma tragédia como essa que ocorreu em Petrópolis causa traumas profundos no cérebro dos indivíduos. É necessário que se faça um reprocessamento com essas pessoas, fazendo com que a experiência traumática se torne uma experiência não positiva, mas sem a força do trauma. Essa intervenção precisa ser feita até 40 dias após a tragédia”, diz Ana Lúcia Gomes Castelo, presidente da EDMR no Brasil.

A técnica usada pela EMDR é justamente a de reprocessamento. A partir dela, Ana Lúcia explica que é possível promover uma reconstrução emocional das pessoas e da qualidade de vida delas, desde que seja feito um trabalho sério, mapeando a extensão dos traumas para intervir em cima deles e para que elas se sintam melhor.

“É um acidente natural, mas é uma catástrofe que detonou uma cidade inteira. E a gente consegue reprocessar o trauma, minimizar a força emocional referente àquela paralisação inicial e ampliar a visão do indivíduo para que ele possa abrir novos caminhos e reconstruir a vida dele após a tragédia”, diz Ana Lúcia, que também é doutora em Ciências da Saúde pela Universidade Federal de São Paulo.

Estrutura para atendimentos

Para que consiga enviar uma equipe de psicólogos e médicos especializados em tragédias para a cidade, a presidente da EDMR no Brasil explica que precisa do mínimo de atenção por parte do poder público para ter uma estrutura onde a equipe possa trabalhar.

Segundo Ana Lúcia, a ideia é que, os voluntários passem quatro dias consecutivos e que, posteriormente, retornem pelo menos quatro vezes para acompanhar essas famílias. Após esse atendimento de emergência, os casos mais graves são encaminhados para o acompanhamento com profissionais do município.

Apesar de ser uma situação de tragédia, a psicóloga explica que nem todas as pessoas reagem da mesma forma e que, em alguns casos, não será necessário esse acompanhamento posterior.

“Numa catástrofe como essa temos pessoas que ficam extremamente traumatizadas e outras que não saem com sequelas do trauma. Isso porque existe uma característica, que é a resiliência humana, ou seja pessoas que enfrentam situações adversas de maneira positiva. Existem pessoas que são mais resilientes e outras que são menos e a gente tem que respeitar isso. A característica humana é formada por aquilo que a pessoa herdou geneticamente e por aquilo que ela viveu”, explica.

Além do atendimento aos adultos, Ana Lúcia fala sobre a importância de assistir às crianças. “Elas podem desenvolver problemas muito sérios imediatamente após a situação traumática. Os gatilhos que ativam os sintomas são maiores nas crianças, mas o cérebro delas tem uma rede de memória mais limpa e o trabalho psicológico pode ser mais rápido do que em um adulto que tem outros traumas agregados na memória”, destaca.

Ajuda especializada

Ana Lúcia ressalta que as intervenções psicológicas devem ser feitas por profissionais capacitados e no tempo certo. Ela diz que se preocupa com a quantidade de informações que tem visto sobre psicólogos se voluntariando para atuar em Petrópolis, uma vez que este ainda não é considerado o momento ideal para intervenções, já que as buscas por vítimas continuam na cidade.

“Essas pessoas ainda estão no âmago do problema, ainda estão desalojadas, na angústia de procurar seus entes queridos. Uma intervenção mais eficaz é promovida um tempo depois que isso acontece. É importante que essas pessoas estejam em abrigos para que elas tenham o mínimo de tranquilidade no que se refere à segurança. Fico preocupada de ver tanto psicólogo por aí nessa fase em que as coisas estão desorganizadas. Acredito muito na reconstrução emocional das pessoas e da cidade, desde que isso seja feito da maneira adequada, buscando abordagens que sejam eficazes diante de uma tragédia”, afirma.

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