Petropolitanos homenageiam adestrador que morreu ao lado da esposa após deslizamento no Morro da Oficina
Aqueles que o conheceram guardam junto de si o carinho e os aprendizados recebidos por Bernardo, que se doava aos cães e aos outros
Quem fala sobre ele confirma que Bernardo levava jeito não apenas com os animais, mas também com as pessoas. Sempre munido do topete que se tornara marca registrada sua, o adestrador de cães tinha em sua religiosidade e na maneira leve com que levava a vida outras duas de suas características marcantes. Morador do Morro da Oficina, ele e a esposa Sarah foram encontrados lado a lado após deslizamento provocado pela forte chuva do dia 15/02.
Foto: Reprodução/Instagram @clinipetveterinariapopular
Seminarista embatinado da Arquidiocese de São Sebastião do Rio de Janeiro, Bernardo se formou em Filosofia pela PUC-Rio, foi professor, adestrador de cães, filho, irmão, marido, amigo. E foi durante sua jornada no adestramento que o veterinário e adestrador Henrique Perdigão o conheceu. Admirador da metodologia e do trabalho exercido por Henrique, Bernardo foi seu aluno em cursos promovidos online, mas cujas lições transcenderam o digital.
“Virou uma mentoria de vida. Eu me via muito no Bernardo. Ele era muito apaixonado pelos cachorros e ficava feliz demais em mudar a vida das pessoas, em conseguir resolver a vida delas só com uma visita. Parecia ter, realmente, se encontrado naquilo”. Descrito como alguém religioso, educado e carinhoso, Bernardo era do tipo que estava sempre disposto a tirar as dúvidas do grupo, fosse para suporte profissional ou então para pessoal.
“Ele sempre tinha uma palavra de aconchego, de consolo. A gente conversava muito sobre fé. Aprendi com ele sobre a gratidão, o exercício da paciência e a religiosidade, que nele era muito aflorada. Era um cara muito confiante e temeroso a Deus”, descreve Henrique que, embora não tenha tido a oportunidade de conhecê-lo pessoalmente, guarda junto de si o carinho e os aprendizados recebidos por Bernardo, que se doava aos cães e aos outros.
Na internet, sua perda foi dividida pela Clínica Veterinária Popular, com que contribuiu durante um período, além de familiares, amigos e clientes. “Infelizmente, nosso amigo e adestrador Bernardo encerrou sua trajetória aqui nesse plano. (…) Bernardo, fica a nossa imensa gratidão e carinho eterno por tudo que vivenciamos juntos. Que São Francisco os tenha”, diz a postagem feita pela veterinária.
Bernardo Albuquerque e Sarah Walsh, que atuava como agente comunitária, estavam casados há cerca de um ano. Bruno, irmão de Bernardo, também compartilhou homenagens aos dois na internet. “Passamos o último Natal na casa deste casal tão lindo e querido. O brilho da vida deles sempre vai nos iluminar. Que suas pessoas estejam banhadas pela imensidão luminosa de Deus, no Jardim infinito e eterno”, descreveu na publicação.
Padre Alan Rodrigues celebrou o casamento de Sara e Bernardo, e um ano depois realizou velório e sepultamento do casal – Foto: Arquivo Pessoal
Engajados a causas religiosas e frequentemente descritos como seres iluminados, para aqueles que conheceram Bernardo e Sarah não faltam adjetivos para exaltá-los. Jovens, ele com 26 e ela com 32, suas passagens não serão esquecidas, mas lembradas como exemplos daqueles que deixaram sua marca e eternizaram suas histórias de carinho e doação aos outros.
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