Infectologista esclarece dúvidas sobre atual situação da Covid-19 em Petrópolis
Luis Arnaldo Magdalena também é diretor médico do Hospital SMH- Beneficência Portuguesa. Desde o início da pandemia, município registrou 535 óbitos pela doença, sendo 105 só em janeiro deste ano.
O número de óbitos por Covid-19 em Petrópolis bateu recorde em janeiro com 105 mortos pela doença. Desses, 87 tinham mais de 60 anos e 40, mais de 80 anos. Desde o início da pandemia, 535 pessoas morreram vítimas do novo coronavírus na cidade e o número de pessoas contaminadas continua crescendo a cada dia.
Foto: Henry Kappaun
Para conter o avanço da doença, as orientações dos especialistas continuam as mesmas de um ano atrás: isolamento social quando possível, distanciamento social quando necessário, uso de máscaras e constante higienização das mãos.
De acordo com o infectologista Luis Arnaldo Magdalena, que também é diretor médico do Hospital SMH – Beneficência Portuguesa, ainda não há solução para conter o contágio que não seja evitar aglomerações e aguardar a vacinação. “Só conseguiremos voltar à vida normal quando pelo menos 70% da população estiver imunizada e estamos bem longe disso”, afirma o infectologista.
Diante do atual cenário, a preocupação continua sendo maior com a população idosa e pessoas com doenças de base – hipertensão, diabetes e insuficiência cardíaca. “A população idosa é suscetível a evoluir com as complicações da covid-19: a pneumonia grave. Por isso, é recomendável que os parentes não os visitem principalmente se tiverem com sintomas respiratórios ou apresentado febre nos últimos 14 dias. A melhor maneira de evitar a contaminação dessa população é o isolamento”, lembra Luis Arnaldo.
O especialista respondeu a dúvidas como a questão das novas cepas que estão circulando pelo país e mundo, uso de máscaras de tecido e quando fazer o exame para detectar a contaminação pela covid-19.
1) Quais medidas podem ser adotadas pelo poder público no atual momento de pandemia?
Em Petrópolis não tivemos até o momento falta de leitos dos pacientes que evoluem de forma grave. A cidade se preparou bem. Em termos de estrutura o que precisamos é da vacinação tão logo quanto possível, principalmente para as pessoas de risco – idosos e com doenças de base.
Foto: Henry Kappaun
2) E como a população deve agir?
A melhor maneira de evitar a transmissão é evitar aglomerações. Nesse contexto, vale reunião de família, aniversários… E é isso que a gente tem observado – contágio dentro da família.
A população deve estar consciente e usar sempre máscaras e fazer a higiene das mãos.
3) A máscara de tecido é eficaz na proteção?
Sim. Ela deve ser trocada a cada 4 horas e ficar bem ajustada no rosto cobrindo nariz e boca, que são as principais portas de entrada para o vírus.
4)) Como é feito o tratamento para pessoas que estão com covid-19?
Ainda não há um tratamento disponível para a doença mesmo com um ano de pandemia. Não há um medicamento que atue diretamente no vírus. Tratamos as complicações relacionadas à infecção.
Para os pacientes graves usamos corticoide, que é, atualmente, o único medicamento capaz de reduzir a mortalidade dos pacientes com covid-19. Porém, ele deve ser usado em casos específicos e somente nos pacientes que evoluem na forma grave. O corticoide não pode ser iniciado na forma inicial nem pacientes com a doença leve e 80% dos pacientes possuem a forma leve da covid-19.
5) Quando é que poderemos ter segurança para voltar à vida normal?
Como há um retardo na fabricação de vacinas até conseguirmos imunizar 70% da população a vida normal só deve voltar em 2022. Isso quer dizer que só conseguiremos voltar quando pelo menos 70% da população estiver imunizada e estamos bem longe disso. Não há vacina para todo mundo no mundo.
6) Quais são as variantes da covid-19 em circulação atualmente?
Existem três variantes da covid-19 circulando no mundo, além da cepa da China: a variante do Reino Unido, a Sul-Africana e a de Manaus. No Brasil, estamos percebendo o aumento do número de casos com a variante de Manaus e alguns poucos casos com a variante do Reino Unido.
Veja também: Saúde diz que casos confirmados da nova variante da Covid-19 não foram registrados em Petrópolis
7) A reinfecção é comum?
Sabemos que a reinfecção pode ocorrer, embora mais raramente, e ela só ocorre (quando ocorre) após 90 dias do registro da infecção. Nos primeiros meses, a pessoa ainda tem anticorpos. Depois a taxa diminui e a pessoa pode adquirir uma nova infecção.
8) A vacina pode causar reação?
Não registramos eventos adversos nas pessoas que foram vacinadas em Petrópolis. As vacinas são seguras e estão disponíveis inclusive para pessoas idosas. Porém, toda vacina pode levar o paciente a apresentar febre, dor no corpo e/ou de cabeça.
Foto Divulgação PMP
9) Ao que você atribui o aumento do número de pessoas contaminadas nessa época do ano?
Passamos pelo período de férias e feriados, como festas de fim de ano e carnaval, o que faz aumentar o contágio.
10) Quando devo fazer o teste contra covid-19?
Atualmente, são disponibilizados três tipos de testes pelo município de forma gratuita.
– O teste rápido feito com sangue – deve ser feito a partir do 8º dia dos sintomas.
– O RT-PCR – este é considerado o “padrão ouro” para o diagnóstico e deve ser feito até o 7º dia após o início dos sintomas. Vale ressaltar que ele só deve ser feito em pacientes com sintomas respiratórios.
– O teste rápido do antígeno da covid-19 – este também coleta secreção nasal e, portanto, também deve ser feito após o 7º dia de sintomas respiratórios.
11) Até quando a pessoa infectada pode transmitir a doença?
Em pessoas com quadros leves, a transmissão ocorre até o 10º dia após o início dos sintomas.
Em pessoas com casos graves – que necessitam de internação – ou que evoluem para baixa oxigenação, a transmissão pode ocorrer até o 15º dia.
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