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Vídeo de pesquisador petropolitano viraliza ao comprovar que isolamento social já teve efeitos no Brasil 

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Vídeo de pesquisador petropolitano viraliza ao comprovar que isolamento social já teve efeitos no Brasil 

O cientista de dados diz que a quarentena está ‘salvando o país’.

Há quem diga que os efeitos do isolamento social não podem ser comprovados cientificamente. Para o pesquisador petropolitano Maurício Féo, a matemática não só explica, como comprova que a quarentena já teve resultados positivos no Brasil.

Incomodado com a quantidade de desinformação sobre a pandemia da Covid-19, o pesquisador, de 30 anos, que mora em Genebra, na Suíça, resolveu fazer um vídeo explicando, didaticamente, a eficácia do isolamento social no Brasil. “Você não ficou preso em casa. Ficou a salvo em casa”, comenta o cientista de dados.

*Maurício Féo cedeu todos os direitos de uso de seus vídeos para a comunidade científica e para toda a população, independente do lado político, seguindo algumas ressalvas que podem ser vistas aqui.

O que ele não esperava era toda a repercussão que a pesquisa iria gerar. Em menos de uma semana o vídeo teve mais de meio milhão de visualizações diretas. Fora todas as outras através de republicações em redes sociais de pessoas influentes, como a do Governador de São Paulo João Dória. Em cinco dias desde a publicação do vídeo, a pesquisa de Maurício Féo estava nos principais veículos de comunicação do Brasil e até em um artigo do El País, da Espanha.

Foto Arquivo Pessoal Maurício Féo

Entrevistamos o engenheiro petropolitano, que contou sobre o trabalho que ele vem desenvolvendo na Suíça, sobre a pesquisa que vem servindo de referência aqui no Brasil e, por fim, ele deu sua opinião sobre o atual cenário de Petrópolis, comparando com Genebra, cidade onde vive hoje.

Sou Petrópolis: Qual a sua formação?

Maurício Féo: Sou engenheiro eletrônico pelo CEFET/RJ, mestre em instrumentação científica pelo Centro Brasileiro de Pesquisas Físicas (CBPF) e estou concluindo o PhD em Física de Partículas por Nikhef/CERN.

SP: Quando você decidiu sair do Brasil para estudar?

MF: Durante meu mestrado no CBPF eu trabalhei para um projeto no CERN, em uma colaboração internacional. Ao concluir meu mestrado, em 2016, um dos pesquisadores do Instituto Nacional de Pesquisa Sub-Atômica da Holanda (Nikhef), que faz parte desta colaboração, me convidou para fazer o doutorado (Ph.D.) lá.

SP: Você trabalha com o que em Genebra, na Suíça?

MF: Eu trabalho para o maior acelerador de partículas do mundo, o LHC, no CERN (Suíça). Meu experimento (LHCb) usa o acelerador para estudar as diferenças entre partículas de matéria e anti-matéria. Ao acelerar e colidir prótons, estas partículas são geradas e são “medidas” através de diversos detectores. Eu trabalho no desenvolvimento de um destes.

Foto Arquivo Pessoal Maurício Féo

SP: Qual foi a sua motivação ao fazer essa pesquisa sobre os efeitos do isolamento social no Brasil? E a qual conclusão você chegou?

MF: A motivação foi a quantidade de desinformação que vi sendo espalhada pelo país. Nós precisamos tomar uma decisão seríssima sobre o tempo das quarentenas, tendo como consequência um grande impacto na saúde e na economia. Eu não posso dar esta resposta, mas posso mostrar a informação correta para que o povo apoie uma decisão baseada em fatos e não falácias.

A conclusão da pesquisa foi que está acontecendo no Brasil como aconteceu em todo o mundo. Dias após a quarentena, a razão de crescimento exponencial diminui. Ainda estamos longe do ideal, mas já é possível ver uma diferença.

SP: Em relação a Petrópolis, você concorda com as medidas protetivas que estão sendo tomadas?

MF: A justificativa que me foi dada pelo Secretário-Chefe de Gabinete da Prefeitura foi que os bloqueios foram para impedir a circulação de visitantes de fora da cidade e a saturação do nosso sistema de saúde por pessoas de outras cidades. Eu concordo com esta visão. Genebra (aproximadamente 500 mil habitantes) é cercada por cidades da França e fechou as fronteiras da mesmíssima forma e está dando certo.

A principal diferença para Petrópolis é que Genebra tem bem mais capacidade hospitalar e muito mais recursos para testes, o que torna mais fácil controlar o contágio e saber quando as medidas devem ser aplicadas a fim de evitar a saturação do sistema de saúde.

Em Petrópolis não temos o mesmo privilégio e certamente acertar este “timing” é dificílimo. Na minha opinião, prevenir é melhor do que remediar e por isto apoiei os bloqueios. Sobre o uso obrigatório de máscaras, não há a menor dúvida. Já foi identificado que ajuda muito em reduzir a razão de contágio. Deveriam ser usadas por todos!

SP: Baseado em suas pesquisas, o que você diria para quem vem ignorando a ciência para defender o fim do isolamento social?

MF: Eu pediria que avaliassem o motivo pelo qual defendem isso. É porque você acredita que a quarentena não funciona? Em qual estudo isto é baseado? Os principais grupos de epidemiologistas do mundo são unânimes em afirmar a eficácia da quarentena. Os poucos países que evitaram muitas mortes sem a quarentena tiveram uma população disciplinada que respeitaram higiene, distanciamento social, uso de máscaras e evitar sair desnecessariamente, tudo isto com muita antecedência. Infelizmente o Brasil já perdeu este momento devido à desinformação.

Eu apoio que o dano econômico e o da saúde (que também é causado pela economia) precisam ser estudados e comparados de forma justa. A ciência não pode ser ignorada em função de algum destes.

Para ver mais pesquisas do Maurício Féo, o acompanhe nas redes sociais: https://feo.dev/

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