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Final feliz: cobrador de ônibus poliglota vira assessor de Relações Internacionais após viralizar na internet

Petrópolis do bem

Final feliz: cobrador de ônibus poliglota vira assessor de Relações Internacionais após viralizar na internet

O uniforme branco e cinza de cobrador de ônibus mudou para azul e preto. O endereço de Petrópolis em breve mudará para o Rio de Janeiro. De um dia para o outro, a vida do petropolitano Edmilson Antonio Silva, de 44 anos, ganhou foco na mídia e viralizou na internet. Após aparecer em mais de dez canais de comunicação — Sou Petrópolis, Razões para Acreditar, Encontro com Fátima Bernardes, Domingo Espetacular, etc —, o cobrador poliglota, finalmente, conseguiu um emprego em sua área de formação, como assessor de Relações Internacionais na Secretaria de Estado de Cultura, no Rio de Janeiro. Agora o próximo passo para Edmilson é passar no consurso do Itamaraty.

Foto Acervo Pessoal Edmilson Antonio da Silva

Relembre o caso:

A história de Edmilson ganhou um holofote dia 16 de março, quando a sua amiga Barbara Costa, de 26 anos, fez um post no Facebook falando um pouco sobre os talentos dele e expondo a sua revolta em revê-lo trabalhando no ônibus. A publicação obteve mais de 10 mil reações e, depois disso, diversos canais de comunicação divulgaram sobre a garra e dedicação desse petropolitano.

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A vida de Edmilson sempre foi na base da superação e do esforço, afinal, ele veio de uma família humilde, com 16 irmãos. Aos 8 anos de idade e tendo que ajudar em casa, ele vendia mariola na rua. Com 14 anos, ele começou a entregar folhetos de propaganda na Rua Teresa, mas em nenhum momento parou de estudar. Pelo contrário, ir para escola e aprender inglês era o ponto alto do seu dia. A paixão pelos idiomas vem desde criança: “Eu sugava tudo que a minha professora de inglês podia me ensinar e ficava revoltado quando tirava menos do que 9 na prova”, ele relembra.

Com 21 anos ele já sabia bem inglês por estudar muito em casa, mas ainda não estava satisfeito, por isso começou a fazer um curso gratuito de japonês. Ele ficou encantado por esse idioma e se dedicou muito para se destacar na turma que tinha mais de 200 alunos. Em 2000, ele concluiu o curso e ganhou uma bolsa para o kumon de japonês. Um ano depois, a professora dele, percebendo o talento e a força de vontade de Edmilson, o levou para o Rio de Janeiro para participar de um tradicional concurso de oratória de língua japonesa. Resultado: medalha de prata. Mas ele viu que dava para ir mais longe e, daquele ano em diante, em todas as edições que ele participou ganhou medalha de ouro. Paralelo a isso, ele também se formou em um curso de inglês e espanhol, já trabalhando como cobrador na Petro Ita, empresa de ônibus de Petrópolis.

Medalha de ouro conquistada por Edmilson em 2017 e de prata pela sua filha, que também aprendeu japonês  / Foto Acervo Pessoal Edmilson Silva.

Em 2008, ele foi indicado a participar da fase regional do concurso, que poderia levá-lo a representar o Brasil no Japão caso ele ficasse entre os três primeiros colocados. Naquele ano ele estudou muito no próprio ônibus durante as suas viagens no trabalho, foi a São Paulo participar, andou pela primeira vez de avião, mas ficou em 4º lugar. Até então ele só tinha segundo grau, competindo ao lado de pessoas graduadas, com mestrado e com descendestes de japoneses. Apesar de estar um pouco frustrado com o resultado, ele estava feliz pela sua conquista. Mas quis o destino que a batalha de Edmilson não parasse por aí. Em abril de 2009, ele estava no ônibus quando recebeu uma ligação de São Paulo dizendo que houve uma alteração na premiação e as pessoas que ficaram em 1º e 2º lugar tinham sido desclassificadas, por terem parentesco próximo com japoneses. “Eu fico emocionado até hoje só de lembrar dessa ligação, nunca vou esquecer”, ele conta.

Edmilson compareceu ao encontro dos melhores alunos de língua japonesa do mundo e conta que ainda fez questão de levar na mala seu crachá de cobrador de ônibus. Foto Acervo Pessoal Edmilson Silva.

De zelador da universidade à graduado em Relações Internacionais

Voltando de viagem, ele conseguiu um emprego de zelador na UCP (Universidade Católica de Petrópolis). Lá dentro, novamente mostrando interesse em estudar e fazendo uma entrevista de qualificação, ele ganhou uma bolsa no curso de Relações Internacionais, tendo que conciliar as salas de aula com a limpeza dos corredores da faculdade. Mas isso não foi um empecilho para Edmilson que, além dos estudos e do trabalho, também dava aulas particulares de japonês nas horas vagas. Por fim, em 2016 ele foi o único negro a se formar no curso de Relações Internacionais da UCP e, de quebra, realizou o sonho de ser graduado.

Foto Acervo Pessoal Edmilson Silva

Nesta terça-feira (15), Edmilson anunciou em sua rede social que havia conseguido um trabalho na Secretaria de Estado de Cultura, como assessor de Relações Internacionais. A caminhada até essa oportunidade aparecer foi longa, mas em nenhum momento ele desistiu, pelo contrário, cada dia sonha mais alto: “Sabia que todo meus esforço valeria a pena. Muitíssimo obrigado a todos pela torcida, sou muito grato. Daqui para o Itamaraty, falta pouco!”, ele comenta.

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