Você sabia que a Igreja do Rosário tem o nome original de Igreja do Rosário dos Homens Pretos?
Nome tem relação com o fato de ela ter sido construída por ex-escravos. A história da sua construção faz parte de uma galeria exposta na Igreja e que também pode ser visitada virtualmente
Inaugurada em 3 de maio de 1883, a primeira capela da Paróquia de Nossa Senhora do Rosário, em Petrópolis, foi construída por ex-escravos e, por esse motivo, seu nome original é: “Igreja do Rosário dos Homens Pretos”.
A Igreja foi uma busca da comunidade afrodescendente de preservar sua identidade e resistir às opressões da escravidão. Suas celebrações religiosas eram marcadas por elementos sincréticos, combinando elementos do catolicismo com práticas e rituais africanos.
Foto: Bruno Soares
Galeria
Atualmente, a Igreja do Rosário possui um projeto para contar toda a sua história através de uma galeria virtual, desde a sua idealização do século 19 pelos ex-escravos que compunham a devoção de Nossa Senhora do Rosário em Petrópolis até os dias atuais.
Kátia Rossi, gerente do projeto, conta que reconstituir a história da Igreja de Nossa Senhora do Rosário desde a capela original é um dever com a memória social da cidade e da sociedade brasileira.
“O projeto foi concebido com a finalidade de preservação da história social da capela e da Igreja Nossa Senhora do Rosário para a cidade, ao mesmo tempo em que resgata a intenção original de sua construção como local das etnias afrodescendentes para professar sua fé católica”, explicou.
Fotos: Bruno Soares
Rituais dos afrodescendentes
Além das atividades religiosas, a Igreja do Rosário também funcionava como centro comunitário, onde os membros podiam se reunir, discutir questões sociais e compartilhar informações sobre suas condições de vida.
Essas igrejas eram espaços onde os africanos escravizados e seus descendentes podiam praticar sua fé e expressar sua cultura de maneira mais livre, dentro das limitações impostas pela escravidão.
Luta pela liberdade
As igrejas do Rosário dos Homens Pretos também foram centros de organização e resistência contra a escravidão.
Muitos líderes e membros dessas comunidades religiosas estiveram envolvidos em movimentos abolicionistas e na luta por direitos e liberdade.
Foto: Museu Imperial/Ibram/MinC
Música e Dança
A música e a dança desempenham um papel central nas celebrações das igrejas do Rosário dos Homens Pretos. Os ritmos afro-brasileiros, como o samba, a capoeira e o maracatu, estão frequentemente presentes, trazendo alegria e expressão cultural para as cerimônias religiosas.
Elementos Afro-Brasileiros
Nas igrejas do Rosário dos Homens Pretos, é comum encontrar elementos culturais afro-brasileiros, como tambores, danças, cantos e comidas típicas.
Esses elementos ajudam a preservar e transmitir a herança africana na cultura brasileira.
Homenagem à São Benedito e Nossa Senhora do Rosário
Assim que o visitante entra na Igreja do Rosário é possível ver, no canto direito, ao fundo, as imagens de Nossa Senhora do Rosário e de São Benedito que costumavam ser cultuadas pelos ex-escravos na antiga capela. Este último oriundo, inclusive, de família pobre e descendente de africanos escravizados na Etiópia.
Foto: Divulgação
A Igreja de Nossa Senhora do Rosário fica na Praça da Inconfidência, no Centro de Petrópolis.
As missas acontecem de segunda a sexta-feira, às 7h e 12h15, aos sábados às 7h e às 17h e, aos domingos, às 7h, 9h, 11h e 18h30.
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