Petropolitanos se destacam no Enem e conquistam vagas nos cursos mais concorridos do país
Blenda Guerra, Pedro Vaz e Valéria Sabino foram aprovados nos cursos de Medicina, Engenharia Civil e Medicina Veterinária
Mais de quatro mil estudantes de Petrópolis realizaram o Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) no ano passado, em busca de uma vaga na universidade. E para alguns petropolitanos, esse sonho se tornou realidade. Blenda Guerra, Pedro Vaz e Valéria Sabino conquistaram vagas em alguns dos cursos mais concorridos em todo o Brasil.
Foto: Valter Campanato/Agência Brasil
O sonho da medicina
Desde criança, Blenda Guerra almeja ser médica. Agora, ela dá os passos iniciais dessa caminhada. Neste ano, a jovem conseguiu uma bolsa de 100% pelo PROUNI para cursar Medicina, totalmente de graça. Esta, porém, não é a primeira aprovação da petropolitana que, há três anos, vem se preparando para o vestibular.
“Já passei em primeiro lugar para Ciências Biológicas pela UFRJ, em Medicina pelo vestibular da FMP e pelo FIES, com 60% de bolsa, e em Enfermagem na UFRJ. Mas esta última conquista tem sido a mais mágica. Assistir a alegria daqueles que me motivaram é um combustível para continuar lutando. Apesar das dificuldades, das noites mal dormidas e estudos intermináveis, poder realizar esse sonho compensa tudo. Sonhar vale a pena, e se dedicar para torná-lo realidade vale mais ainda”, declara.
Foto: Arquivo Pessoal
A busca pelo aprendizado
Blenda se preparou para o Enem através do pré-vestibular da Escola Plural, assistindo aulas, fazendo listas de exercícios e redações semanais, tudo corrigido para que ela revisasse e aprendesse com os seus erros. Com isto, ela alcançou 960 pontos na redação em 2024 e, anteriormente, já havia tirado 940 (2022) e 980 (2023).
Já nas questões de ciências, linguagens e suas tecnologias, Blenda alcançou média de 700+. Para ela, o maior desafio geralmente é a prova de linguagens, onde o TRI é mais rígido, e a de matemática, que tem as questões mais difíceis. “Mas a maturidade de compreender o mecanismo da prova, para além da simples resolução de questões, foi o que facilitou o aumento contínuo das minhas notas”, comenta.
Blenda reforça também que pesquisar questões por conta própria e tirar todas as dúvidas com os professores é essencial para um bom resultado. “Ter esse apoio foi o que me ajudou a superar os meus medos, colaborando para que eu controlasse o temido tempo de prova e conseguisse um número de acertos dentro do esperado para os concorrentes de medicina. Ainda hoje é uma surpresa perceber toda essa superação, não só minha, mas de toda a equipe de professores que me acompanhou e que me fez crescer”, finaliza.
Engenharia na Federal
Nos próximos meses, Pedro Vaz se mudará para outro estado para cursar Engenharia Civil. Com 716 pontos na nota geral e 860 na redação, o jovem passou em 10° lugar na Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF), pelo Sistema de Seleção Unificada (SiSU).
“Tava dormindo ainda quando saiu o resultado. Minha mãe e meu pai viram e me acordaram muito felizes. Minha família vem do ramo da Engenharia e, por eu gostar de exatas, sempre quis fazer o curso. Nem esperava que fosse passar pelo Enem, estava mais confiante no PISM, mas fiquei muito feliz com a conquista”, conta.
Foto: Arquivo Pessoal
Desde março do ano passado, o petropolitano vinha se preparando através do curso Mago do PISM, que o ajudou, tanto para o Enem, quanto para o vestibular da UFJF.
“Tive aulas de segunda a quinta, duas horas por dia, e fazia algumas listas de exercícios pra fixar os conteúdos. A dica que eu dou é começar cedo e sempre praticar”.
Nota alta na redação
Outra petropolitana que passará os próximos anos em Minas Gerais é Valéria Sabino. A jovem alcançou os 960 pontos na redação do Enem e a nota média de 723,7 e foi aprovada em 24° lugar no curso de Medicina Veterinária na UFJF.
“Sempre gostei do contato com os animais, cresci rodeada de bichos, desde os domésticos até alguns silvestres, e eu cogitava cursar essa área. Fiquei muito feliz com o resultado. É gratificante ver meu esforço tendo retorno. Embora meu sonho mesmo seja cursar Medicina, ter essa conquista aquece o coração e me incentiva a continuar buscando meus objetivos”, revela.
Foto: Arquivo Pessoal
Como obter um bom resultado?
A rotina de Valéria era voltada totalmente para os estudos do vestibular. Para ela, o segredo do sucesso é a constância em realizar os exercícios, simulados e as redações e, principalmente, tirar as dúvidas com os professores, desde as mais básicas até as mais complexas.
“Minha dica para quem vai tentar o próximo Enem é se dedicar ao longo do ano, fazer o básico bem feito, corrigir os erros, focar nos seus objetivos e respeitar seus limites, cada um tem uma bagagem e vai fazer um caminho diferente. E nos dias das provas ter confiança no seu processo”, aponta.
Notas altas estão mais difíceis de serem alcançadas
De acordo com o professor de física Igor Jaconi, este Enem foi um dos mais difíceis para conseguir tirar notas boas. Isso por conta do sistema de correções da prova, que são feitas com base na Teoria de Resposta ao Item, o TRI.
“O computador pega as questões que tiveram mais acertos, julgam elas como fáceis e fazem elas valerem mais pontos. Já as com menos acertos são consideradas difíceis e valem menos. Isso cria uma diferença no peso das questões e impacta no resultado daquele aluno que acabou errando uma questão fácil, porque ele perde muito ponto. Por outro lado, isso também evita que pessoas que acertaram no chute, tirem uma boa nota”, explica.
Foto: Agência Brasil
O docente relata que, a cada ano, as questões do Enem ficam mais fáceis e mais pessoas se preparam para a prova. Assim, mais perguntas são consideradas fáceis e a média abaixa.
Para se ter ideia, quem gabaritou a prova de matemática tirou apenas 962. Já para quem acertou as 45 questões de linguagens, a nota máxima foi de 796. No último ano, somente 12 redações alcançaram a nota mil, muito abaixo da média anual, que era de 20.
“Em 2023, tivemos 60 redações notas mil porque a correção foi muito facilitada. No ano passado, na tentativa de dificultar, acabaram pesando a mão. Mas a expectativa entre os professores é de que, no próximo Enem, as redações voltem ao nível anterior, com cerca de 20 notas mil e outras acima de 900”, afirma.
Já em relação às notas das provas de ciências, linguagens e tecnologias, a tendência é de médias cada vez mais baixas. “A única forma de contornar isso seria dificultando a prova. Mas, pelo que vemos dos últimos anos, isso não deve acontecer”.